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O que os balanços das big techs revelam sobre os impactos das tarifas de Trump

Meta e Alphabet podem sofrer com a desaceleração dos gastos de publicidade, enquanto software e IA seguem como áreas mais protegidas

Big techs  (JUSTIN TALLIS/AFP/Getty Images)

Big techs (JUSTIN TALLIS/AFP/Getty Images)

Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 5 de maio de 2025 às 14h20.

A temporada de balanços das grandes empresas de tecnologia deixou investidores atentos, buscando respostas sobre os impactos das tarifas impostas pelo governo de Donald Trump. Seis das sete big techs já divulgaram seus números e forneceram várias pistas sobre como estão lidando com a evolução da política comercial global, mas também deixando algumas questões sem resposta.

Tesla, Alphabet, Meta, Microsoft, Amazon e Apple já divulgaram seus resultados, enquanto a Nvidia ainda irá publicar os seus no dia 28 de maio.

O temor de que as tarifas, especialmente sobre os produtos da China, aumentassem os custos e reduzissem os gastos de consumidores e empresas, alimentou especulações sobre uma possível recessão.

Uma desaceleração econômica não ficou tão clara, já que boa parte dos resultados surpreendeu positivamente. Mas é possível elencar três pontos das divulgações feitas até agora:

  • Há pouquíssima clareza sobre como as tarifas afetarão as empresas;
  • Os gastos com publicidade mostraram desaceleração; e
  • A área de softwares continua bem, com uma forte demanda por iniciativas de inteligência artificial

No entanto, o que se observa até agora é uma confusão generalizada entre as empresas. "A maioria delas está tendo dificuldades em entender como as tarifas as afetarão, em parte porque é um alvo em movimento", explicou Steve Sosnick, estrategista-chefe da Interactive Brokers, à Barron’s. As companhias, segundo ele, ainda não sabem como o cenário vai evoluir.

Dentre as grandes, a Apple foi a que trouxe as informações mais claras. Em uma teleconferência sobre os resultados, o CEO Tim Cook revelou que a empresa espera perder US$ 900 milhões com as tarifas no próximo trimestre. Esse impacto está relacionado com o aumento dos custos de produção e a necessidade de ajustes nos preços.

A Amazon também se mostrou atenta aos efeitos das tarifas. Em sua comunicação, a empresa ressaltou que está fazendo todo o possível para manter os preços baixos para seus consumidores, adotando uma abordagem que "faça sentido economicamente", mas sem revelar detalhes sobre ajustes futuros.

Já a Tesla optou por não fornecer previsões para o segundo trimestre, citando a necessidade de entender melhor os impactos das mudanças nas políticas comerciais globais, especialmente nos setores de automóveis e energia.

Uma tendência observada nas divulgações foi a desaceleração nos gastos com publicidade.

Alphabet e Meta começaram a perceber que anunciantes da Ásia, especialmente empresas chinesas como Shein e Temu, estão reduzindo seus orçamentos devido à retirada da isenção de tarifas para importações de baixo custo. A mudança, que afeta especialmente o setor de consumo, pode pressionar ainda mais os custos de marketing.

Por outro lado, o setor de software permanece relativamente imune aos impactos das tarifas. Com o aumento do gasto corporativo em soluções baseadas em inteligência artificial, as empresas continuam a investir em softwares como serviço (SaaS), que são menos vulneráveis às tarifas impostas sobre bens tangíveis.

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