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Quem ganha e quem perde com o novo Ibovespa

Para Roberto Altenhofen, da Empiricus, IBrX 100 é índice “muito mais sensato” e sua observação permite antever quem ganha e quem perde com mudanças no IBovespa


	Bovespa: nova metodologia – misturada à antiga – será utilizada na definição da carteira entre janeiro e abril de 2014. Ela entrará em vigor integralmente a partir de maio de 2014
 (Paulo Fridman/Bloomberg News)

Bovespa: nova metodologia – misturada à antiga – será utilizada na definição da carteira entre janeiro e abril de 2014. Ela entrará em vigor integralmente a partir de maio de 2014 (Paulo Fridman/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2013 às 17h50.

São Paulo – Uma forma simples de ver quais papeis ganham e quais perdem com as mudanças anunciadas para o Ibovespa é comparar com o IBrX 100, segundo o analista da Empiricus Roberto Altenhofen. “É um índice muito mais sensato e tem mais ações”, afirmou. Altenhofen exemplificou que o peso da Ambev (AMBV4) nesse índice é de cerca de 6% enquanto no Ibovespa é de cerca de 1,5%. Tendo a Ambev o maior valor de mercado da bolsa. Enquanto isso, pelas regras atuais, a OGX tem peso de 5,5% no Ibovespa e de 0,05% no IBrX 100.

Entre as empresas que podem sair do Ibovespa pelos novos critérios está a OGX – que teria motivado a mudança na opinião de alguns analistas, apesar da hipótese ser negada pela Bolsa. Com as ações valendo centavos, a empresa ficaria fora pelo critério de que “o papel com valor inferior a 1 real cada será excluído, a não ser que a companhia realize um grupamento de ações”. No caso de realizar um grupamento de ações, a empresa perderia giro.

Para Altenhofen, tendo como base o IBrX 100, ganhariam com a mudança, além da Ambev, os papeis da BRF (BRFS3), de bancos, como Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC3) e da Ultrapar (UGPA3). Para o Bank of America Merrill Lynch, Tractebel (TBLE3), Estácio (ESTC3), Vale (VALE3) e também Bradesco (BBDC3) e Ultrapar (UGPA3) seriam as ganhadoras com a mudança.

Em relatório, Felipe Hirai e Marina Valle, do BofA, listam Usiminas (USIM3), Eletrobrás (ELET3), Oi (OIBR3), Eletropaulo (ELPL4) e Brookfield (BISA3) como papeis que possivelmente vão perder com a mudança. Para o cálculo, os analistas simularam o novo Ibovespa e calcularam o impacto nas ações, baseado na composição atual – com a ressalva de que ainda há algumas questões sobre alguns pontos da metodologia, o que poderia mudar levemente a composição.

“O novo índice vai aumentar o peso das large caps, mas vai reduzir distorções”, afirmam os analistas em relatório do BofA que prevê o peso da OGX declinando para 2% em janeiro e 0,06% em maio. Isso se a empresa não pedir recuperação judicial – hoje o diretor de Operações da Bolsa, André Demarco, ressaltou que, pela nova metodologia, empresas que estão em situação especial não poderão entrar ou permanecer no índice.

A nova metodologia – misturada à antiga – será utilizada na definição da carteira entre janeiro e abril de 2014. Ela entrará em vigor integralmente a partir de maio de 2014. “A gente entende que a bolsa tentou suavizar, mas seria melhor de uma vez”, disse Altenhofen sobre a adoção da mudança em duas estapas. Para o analista, seria melhor adotar a nova metodologia de uma vez, pois o mercado vai antecipar a mudança e incorporar isso nos preços, além de que, uma mudança mais imediata permitiria que os fundos que seguem o Ibovespa ficassem livres da volatilidade da OGX.


Mesmo assim, Altenhofen vê como positiva a mudança, assim como o mercado, em geral. A mudança no critério de formação do Ibovespa era um pedido que os agentes do mercado faziam por conta das distorções causadas pelas empresas X. “O Ibovespa mostra uma das maiores quedas entre os índices de seus pares internacionais e se estas ações não estivessem na composição da carteira teórica a queda seria substancialmente menor”, afirmou Pedro Galdi, estrategista-chefe da SLW Corretora. Para Altenhofen, o índice estava “completamente distorcido”.

Qualquer variação de preço do papel da OGX, por exemplo, gera uma significativa oscilação percentual e, com isso, as ações da petrolífera têm distorcido consideravelmente o desempenho do Ibovespa, já que os ativos da empresa representam 4,26% do índice. Além disso, a crise da petrolífera freou o desempenho do Ibovespa nos últimos meses. Em julho, o Ibovespa avançou 1,64%. Sem a participação da OGX, o desempenho teria sido de 2,11%, conforme mostra um levantamento da Economatica. Já em agosto, o avanço do Ibovespa seria ainda maior que os 3,68%, não fosse a derrocada de 53% dos papéis da OGX durante o período. Desconsiderando a petrolífera, o Ibovespa teria avançado 4,93%.

As ações que compõe o Ibovespa seguirão sendo escolhidas com base no índice de negociabilidade (IN), mas o cálculo dele passará a considerar 1/3 da participação no número de negócios e 2/3 da participação de volume financeiro. Para o BofA, a mudança da ponderação para o free float é positiva e deve corrigir a maior parte das distorções. 

Os papeis de companhias pré-operacionais também podem passar por mudanças. Para o analista da Gradual Investimentos Flávio Conde, uma possível solução para as pré-operacionais seria relacioná-las a seu valor de mercado – logo, conforme esse valor caísse, a participação da empresa também diminuiria. No caso da OGX, por exemplo, conforme o valor de mercado caísse, a participação da companhia no índice diminuiria e não o contrário, como aconteceu.

Para Conde, o mais louvável da mudança é, pela primeira vez, o Ibovespa ter ajustes na forma como é calculado, pela primeira vez desde 1968, quando foi criado. “Esse ajuste deve ocorrer de tempos em tempos, sempre que houver alguma coisa nova que estiver distorcendo. O índice Bovespa precisa ter adaptações ao longo do tempo. Não pode ficar estático”.

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