O Pollux aposta na realocação de R$ 350 bi para a bolsa no país (Gustavo Kahil/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 16 de janeiro de 2013 às 16h55.
São Paulo – A gestora Pollux Capital, que tem 1,6 bilhão de reais sob gestão, avalia que os preços das ações na bolsa brasileira não estão baratos, mas “também não os vemos como caros”, mostra o texto de uma carta trimestral aos cotistas divulgada ao mercado nesta semana. A gestora tem como sócio fundador Paulo Lemann, que também é sócio e integrante do conselho de investimento do 3G Capital e membro do conselho de administração da Lojas Americanas.
“Em geral, não achamos que os atuais preços das ações estejam baratos, porém também não os vemos como caros. Nossa carteira apresenta um potencial de valorização de 28%, levemente abaixo de nossa média histórica. Esse potencial já considera o baixo nível atual das taxas de juro, cuja assimetria hoje está menos favorável que no passado. Nesse contexto, estamos com uma exposição líquida de 80% no fundo”, mostra um trecho da carta.
Intervenções estatais
A empresa, que tem sede no Rio de Janeiro, disse que diminuiu um pouco a sua preocupação com os riscos de intervenção governamental nas empresas. Eles citam a decisão do governo de aceitar remunerar os ativos de transmissão iniciados antes de 2000 e os investimentos realizados nas concessões vincendas, e também o fim dos rumores de novas regras para as credenciadoras de cartões e na BR Distribuidora.
“Nossas reuniões com funcionários do governo sinalizaram que existem limites para as áreas potenciais de intervenções. Parece também que o governo percebeu que precisa tratar o ambiente de investimento com mais carinho, se quiser retomar o crescimento da economia”, ressalta o fundo.
Taxa de juro
O Pollux aposta na iminência de uma realocação de recursos no país como resultado da queda da taxa de juros, hoje em 7,25% ao ano. “Investimentos em ações representam atualmente apenas 14% dos ativos detidos por fundos de investimento no Brasil. Se esse percentual se elevar para um potencial de 30%, haverá um fluxo de cerca de R$350 bilhões para a bolsa, o que representa cerca de 30% do valor total das ações em circulação”, estima o fundo.
A gestora acredita que o movimento pode beneficiar o preço das ações no curto prazo e ajudar a acomodar novas aberturas de capital (IPOs). “Uma eventual retomada de IPOs só nos ajudaria nesse processo ao aumentar o universo de potenciais investimentos a serem explorados”, ressalta.
2012
Em 2012, as principais apostas do fundo estiveram nas seguintes ações: Estácio (ESTC3), Brasil Foods (BRFS3), M Dias Branco (MDIA3), Brazil Pharma (BPHA3) , Cosan (CSAN3), Sanepar (SAPR4), Itaú (ITUB3; ITUB4) e Cesp (CESP6). O fundo terminou o ano com uma valorização de 40,7%, ante 7,4% do Ibovespa.
“O mercado acionário brasileiro enfrentou um ano com drivers antagônicos. Por um lado, as ações brasileiras sofreram pressão de baixa pela contínua decepção no crescimento da economia. Apesar de fortes estímulos monetários e fiscais, o PIB manteve taxas de crescimento anuais abaixo de 1% no ano”, analisa o fundo.
Além de Lemann, o fundo também tem como sócios Rodrigo Fonseca, Sergio Campos, Felipe De Luca, Marcelo Bahia e Guilherme Caldas.