Após dois anos desde os ataques do grupo armado palestino Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, que desencadearam um conflito sem precedentes na Faixa de Gaza, a guerra finalmente para parece caminhar para o seu fim. Israel e o Hamas concordaram nesta quinta-feira (9) com a primeira fase de um plano para encerrar as hostilidades, reduzindo o que o mercado chama de "prêmio de risco geopolítico" do petróleo. O preço do barril do BRENT fechou em baixa de 1,55%, a US$ 65,22.
Israelenses e palestinos assinaram um acordo para cessar-fogo e de libertação de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos, na primeira fase da iniciativa do presidente dos EUA, Donald Trump, para acabar com a guerra em Gaza, que já resultou na morte de mais de 67 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. O conflito gerou conflitos pelo Oriente Médio, fonte de um terço do petróleo bruto do mundo.
Termos do cessar-fogo em Gaza
Pelo acordo, os combates cessarão, Israel se retirará parcialmente do território. O Hamas libertará cerca de 20 reféns israelenses que seguem vivos e entregará os restos mortais das outras pessoas que foram capturadas. Em troca, 250 palestinos que cumprem prisão perpétua em Israel serão libertados, além de outros 1.700 que foram presos pelo exército israelense.
O negociador-chefe do grupo palestino Hamas afirmou ter recebido garantias suficientes dos Estados Unidos e de seus aliados, decretando o fim da guerra guerra com Israel.
"Recebemos garantias dos mediadores e do governo americano, que nos confirmaram que a guerra está completamente terminada", disse Khalil al-Hayya, segundo a rede Al-Jazeera.
Ao mesmo tempo, o gabinete de ministros do premiê Benjamim Netanyahu, que comanda as ações militares em Gaza, começou a discutir o tema no começo da noite desta quinta em Israel, começo da tarde no Brasil.
Após a aprovação pelo gabinete de Israel, o cessar-fogo deverá entrar em vigor em 24 horas e a troca de reféns e prisioneiros será feita em até 72 horas. O cronograma exato ainda não foi divulgado, mas essas eram as previsões feitas no plano de paz.
Confronto sustentou os preços do petróleo
A guerra vinha sustentando os preços do petróleo, à medida que os investidores avaliavam o risco de que o conflito se ampliasse para outros países do Oriente Médio, afetando o fornecimento global da commodity.
“O acordo de paz representa um avanço histórico e pode ter implicações amplas para o mercado de petróleo — desde uma possível queda nos ataques no Mar Vermelho até maior probabilidade de um acordo nuclear com o Irã”, afirmou Claudio Galimberti, economista-chefe da Rystad Energy, em nota publicada pela Reuters.
Ainda assim, Galimberti lembra que tentativas anteriores de cessar-fogo fracassaram, e a situação no Oriente Médio continua volátil.
Estoques elevados nos EUA e produção da OPEP
Além do alívio geopolítico, os preços também refletem os números mais recentes de estoques dos Estados Unidos, que subiram pela segunda semana consecutiva, enviando sinais negativos sobre a demanda no maior consumidor de petróleo do mundo.
Em meio a isso, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e alidos (OPEP+) aprovou no último domingo (5) um novo aumento da produção de petróleo bruto para novembro, de 137 mil barris diários, no oitavo aumento mensal consecutivo.
Os preços da commodity acumulam queda de cerca de 10% no ano, em meio ao temor de um possível excesso de oferta que continua pesando sobre o sentimento do mercado.
Diversos bancos de Wall Street e outros agentes do mercado, incluindo a Agência Internacional de Energia (AIE), estimam que o mercado enfrentará um grande superávit nos próximos meses. O Goldman Sachs, por exemplo, prevê que o Brent atingirá uma média de US$ 56 no próximo ano, com a produção global superando a demanda.
Analistas do Citi afirmaram que o sentimento permanece “claramente baixista”, com alguns duvidando que um piso de US$ 60 por barril para o Brent seja suficiente para manter o equilíbrio do mercado. Outros esperam uma correção mais moderada, com o aumento dos estoques fora dos principais polos de armazenamento devendo impedir quedas acentuadas nos preços.
Guerra na Ucrânia
Com o cessar-fogo em Gaza e a redução do prêmio de risco geopolítico, o mercado de petróleo tende a voltar o foco para fundamentos econômicos, como oferta e demanda globais. No entanto, há um outro conflito regional que tem mexido com as cotações da commodity.
A falta de progresso no acordo de paz com a Ucrânia deve levar à manutenção das sanções contra o petróleo russo. Um diplomata russo disse à Reuters que o ímpeto para chegar a um cessar-fogo com a Ucrânia estava praticamente esgotado. Analistas afirmam que um eventual acordo de paz provavelmente permitiria que mais petróleo russo fluísse para os mercados globais.
A Rússia era o segundo maior produtor de petróleo bruto do mundo, depois dos EUA, em 2024, conforme dados de energia dos EUA. Mesmo com as sanções, os russos vêm elevando gradualmente a produção e estiveram perto de atingir sua cota de produção da OPEP+ no mês passado, disse o vice-primeiro-ministro Alexander Novak na quarta-feira, informou a agência de notícias Interfax.