São Paulo – O setor elétrico sempre foi lembrado pelo mercado como uma opção quase óbvia na construção de uma carteira de ações pelo seu perfil defensivo e bom pagador de dividendos. Mas em setembro do ano passado essa afirmação deixou de ser verdade e analisar as ações do setor deixou de ser uma tarefa possível para se tornar um trabalho desafiador. A Medida Provisória 579 forçou as empresas a cortar as tarifas para os consumidores, mas as contrapartidas para o setor foram muito questionadas. As indenizações para quem não aceitou os novos termos e as renovações das concessões foram entendidas como quebra de contrato e um sinal de insegurança jurídica. Naquele mês, por exemplo, as ações da Cesp (CESP6) recuaram 40%. A pedido de EXAME.com, o analista-chefe da Ativa Corretora, Ricardo Corrêa, analisou 5 ações do setor. Confira:
A Equatorial Energia (EQTL3), que opera principalmente nos estados do Pará e Maranhão, é a preferida da Ativa. Para Ricardo Corrêa, as ações da empresa foram penalizadas demais pelo mercado um resultado fraco no primeiro trimestre, impactados pelos números da Celpa e pelo preço elevado energia por conta do aumento na utilização de usinas térmicas. “Vale lembrar que a Celpa é uma aquisição recente da Equatorial, por isso, não houve tempo hábil para o turnaround operacional da distribuidora paraense. A empresa continua como uma das mais eficientes do setor elétrico e é nossa top pick para o setor”, ressalta a corretora. Apesar da queda de 2,5% em maio, a Equatorial tem uma alta de 11% em 2013.
A Tractebel (TBLE3), maior geradora privada do país, apresentou no primeiro trimestre de 2013 um resultado visto como “sólido” pela corretora. A estratégia de maior alocação de energia no período funcionou e reforçou a visão de eficiência da administração. “Além disso, ela possui tanto usinas hidrelétricas quanto termelétricas, estando numa boa posição em uma situação em que os reservatórios das usinas se encontram baixos e o acionamento das térmicas é obrigatório, o que encarece o preço da energia. Por isso, acreditamos que a os papéis da companhia deve seguir performando positivamente, repercutindo seus ótimos fundamentos e mais um resultado robusto”, ressalta a Ativa. As ações têm alta de 15% no ano.
A Cemig (CMIG4), empresa de energia elétrica do governo do estado de Minas Gerais, também conseguiu um bom desempenho no primeiro trimestre do ano, avalia a Ativa. Outro destaque para a empresa é a posição pública contrária à MP 579 e a luta na Justiça para renovar as concessões pelas regras anteriores. “Por isso, acreditamos que possa ser um driver para impulsionar os papéis da mineira”, diz Corrêa. As ações da Cemig têm alta de 21% em 2013.
A situação da AES Eletropaulo (ELPL4) é um pouco diferente. “Apesar de uma ligeira melhora no resultado, acreditamos que a Eletropaulo deve seguir sendo a empresa negativa das elétricas na bolsa, uma vez que ela vem sofrendo com os efeitos da revisão tarifária”, pondera Ricardo Corrêa. O analista ressalta ainda que a empresa corre o risco de atingir os seus covenants (cláusulas nos contratos de títulos de dívida com promessas da empresa sobre determinados níveis de endividamento), o que coloca um nível de incerteza sobre os papéis da companhia. As ações preferenciais da Eletropaulo têm queda de 50% em 2013.
A carioca Light (LIGT3) teve um resultado fraco e abaixo do esperado pelo mercado. Os números foram impactados por gastos com energia, mas repassados ao consumidor no reajuste tarifário e também por aumento nas despesas gerenciáveis, afirma a Ativa. “Além disso, a melhora no indicador de perdas não-técnicas da Light, que sempre vinha sendo o ponto negativo, pode colocar um viés positivo sobre o papel, mas que em nossa visão precisa mostrar melhora mais vezes para recuperar a confiança do mercado. Por isso, acreditamos que a Light não deve apresentar um bom desempenho no período”, destaca Ricardo Corrêa. No ano, as ações da empresa têm alta de 21%.
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