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Carrefour dispara 13% na bolsa com a compra do BIG: ainda vale entrar?

Aquisição de R$ 7,5 bilhões foi divulgada nesta madrugada; negócio cria a maior companhia de varejo alimentar do Brasil e deve gerar R$ 1,7 bi a mais de Ebitda ao ano

Loja do Carrefour nos Jardins, em São Paulo: rede ganha força com a compra do Grupo BIG (Germano Lüders/Exame)

Loja do Carrefour nos Jardins, em São Paulo: rede ganha força com a compra do Grupo BIG (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 24 de março de 2021 às 09h09.

Última atualização em 1 de abril de 2021 às 14h29.

As ações do Carrefour Brasil (CRFB3) dispararam 12,77% nesta quarta-feira, 24, após o anúncio da aquisição do Grupo BIG por 7,5 bilhões de reais. O BIG (antigo Walmart Brasil) é dono de marcas como BIG, Super Bompreço, Maxxi Atacado, Walmart e Sam's Club no Brasil. A estimativa é que a combinação crie um negócio com vendas brutas de cerca de 100 bilhões de reais. 

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O Carrefour estima que a aquisição do BIG deve gerar uma contribuição adicional líquida ao Ebitda de 1,7 bilhão de reais anualmente, três anos após a conclusão da operação. 

“Com o negócio, a companhia será a maior do segmento de varejo alimentar no Brasil. O papel é muito atrativo, negocia a um múltiplo de preço/lucro [P/L] de 15x para 2021. Vale a pena ficar de olho”, afirmou Bruno Lima, head de renda variável da Exame Invest Pro, na live Abertura de Mercado nesta manhã de quarta-feira (veja o programa).

O banco UBS também destacou que o múltiplo entre o valor da empresa e o Ebitda (EV/Ebitda) deve ficar posicionado em 3,6x após a aquisição, o que colocaria o Carrefour como claro líder do setor.

"O negócio é feito em um múltiplo atraente, com altas sinergias e que fortalece significativamente a competitividade do Carrefour", dizem os analistas em nota.

Já o Banco BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) prevê dificuldades para os concorrentes do setor. "A operação combina os varejistas de alimentos número 1 e 3 no Brasil. Isso significa mais competição para Assaí, GPA e Grupo Mateus (GMAT3) em diferentes mercados", comentam os analistas em relatório.

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As ações do Carrefour, a propósito, acumulam alta de cerca de 13% em 2021, enquanto os papéis de seu maior concorrente, o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), têm queda em torno de 61% no mesmo período. O GPA promoveu em fevereiro a cisão da área que mais cresce no segmento, a do "atacarejo", por meio da separação da bandeira Assaí, agora negociada separadamente sob o ticker (ASAI3). 

O atacarejo combina propriedades dos supermercados de varejo com as lojas de atacado. Com a aquisição do BIG, o Carrefour poderá ampliar o número de lojas nesse formato. Para isso, o Carrefour pretende converter as unidades Maxxi para a bandeira Atacadão e parte das lojas BIG e BIG Bompreço para as bandeiras Atacadão e Sam's Club.

As demais lojas do Grupo BIG devem ser convertidas para a bandeira de hipermercados Carrefour. Outra prioridade é o avanço dos canais digitais, um dos principais ganhos do Carrefour durante a pandemia da covid-19.

Quanto à digitalização, os analistas da Guide Investimentos lembram que o Carrefour terá acesso a base de clientes do BIG, aumentando o mercado potencial do e-commerce e do crédito do Banco Carrefour, que atua no financiamento ao consumo. "No geral, vemos a aquisição como positiva para o grupo, e acreditamos que ela deve impulsionar seu crescimento, que já vem acelerado em meio a pandemia", afirmam.

Vale lembrar que o negócio também aumenta a presença do Carrefour em outras regiões do Brasil. Isso porque o BIG tem grande atuação nas regiões Nordeste e Sul, onde o Carrefour ainda tem baixa penetração -- a rede tem força concentrada no Sudeste.

“As duas empresas possuem baixa sobreposição geográfica, o que deve ajudar na aprovação [por parte do Cade]”, apontam analistas da Ativa Investimentos em nota. A transação ainda deve passar pela aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), como órgão regulador, e dos acionistas do Carrefour.

O pagamento da aquisição será realizado 70% em dinheiro e 30% por meio de emissão de novas ações do Carrefour. O acordo fechado inclui um adiantamento de 900 milhões de reais ao grupo BIG e um pagamento adicional condicionado à valorização das ações do Carrefour Brasil. 

Concluída a operação, o Grupo Carrefour terá 67,7% de participação no Grupo Carrefour Brasil (ante 71,6% de hoje) e a Península Participações terá 7,2%, enquanto Advent e Walmart terão juntos 5,6%.

A conclusão da aquisição está prevista para 2022.

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