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Um "super CEO" pode salvar as ações da Oi na bolsa?

A redução ou até o cancelamento da distribuição de dividendos é uma das medidas ventiladas pelo mercado

Zeinal Bava, presidente da Portugal Telecom: acusação de chantagem contra a Telefônica (Germano Lüders/EXAME.com)

Zeinal Bava, presidente da Portugal Telecom: acusação de chantagem contra a Telefônica (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2013 às 11h12.

São Paulo – As ações da Oi (OIBR3; OIBR4) viveram um dia de euforia na terça-feira após a empresa anunciar um novo comandante para a empresa. Zeinal Bava, CEO da Portugal Telecom, substitui José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha, que irá agora retornar ao posto de presidente do Conselho de Administração – posto que tinha deixado depois da saída inesperada do ex-CEO Francisco Valim, em fevereiro.

E a expectativa do mercado sobre um novo começo na Oi é exatamente a mesma da Portugal Telecom ao indicar a sua “prata da casa” para comandar as operações da empresa brasileira. Em uma entrevista à Reuters, o presidente do Conselho de Administração da Portugal Telecom, Henrique Granadeiro, disse que “é crítico acelerar o programa de 'turnaround' (recuperação) da Oi”.

Bava é um dos executivos mais respeitados no setor de telecomunicações. Além de comandar a maior empresa europeia do setor, foi também eleito o melhor executivo da região pela Institutional Investor por quatro anos consecutivos. “De forma geral, é tido como um líder carismático e um excelente comunicador com os mercados financeiros”, comentam os analistas Richard Dineen, Sean Glickenhaus e Luigi Minerva, do HSBC.

Interesses

"Ele continuará a realizar intervenções em Portugal em projetos estratégicos, de inovação e nos trabalhos conjuntos Oi/PT, fator decisivo para permitir a otimização das sinergias entre os Grupos Oi e PT", mostra uma nota distribuída pelos controladores da Oi - La Fonte, Andrade Gutierrez, BNDES, Previ, Funcef, Petros, Fundação Atlântico e Bratel Brasil (Portugal Telecom).

O analista José Cataldo da Ágora, corretora do Bradesco, vê certa ambiguidade no anúncio. “Por um lado, a PT demonstra maior interesse na Oi, desejando aumentar sua presença na mesma. Por outro lado, um possível aumento de participação societária efetiva da PT na Oi faria mais sentido antes da nomeação”, ressalta em um relatório.


“A companhia também tem de lidar com um trilema impossível: como controlar simultaneamente alavancagem, capex [investimentos] e distribuição de dividendos, todos altos? Isso em um ambiente de pressão regulatória por melhora na qualidade dos serviços, ou seja, na iminência de maior capex”, explica Roberto Altenhofen, analista da Empiricus, em um post no blog Mercado em 5 Minutos, de EXAME.com.

Dividendos

A distribuição de dividendos pode ser um dos primeiros alvos de Bava, indicam os analistas do HSBC. “Acreditamos que o mercado pode estar prevendo um corte ou até mesmo um cancelamento da distribuição de dividendos, marcada para setembro de 2013”, avaliam. O valor estimado para o pagamento é de 1 bilhão de reais.

Após a saída de Valim, a venda de ativos fora da atividade principal entrou no radar para reduzir o alto endividamento da empresa e ficar abaixo do índice dívida líquida/EBITDA de 3 vezes (hoje em 3,05 vezes), fator que serve de base para a política de dividendos.

“Entretanto, parece cada vez mais improvável, a nosso ver, que ela receba todas as aprovações regulatórias necessárias para contabilizar os ganhos associados [das vendas dos ativos] antes do final do trimestre em curso. Sem isso, cremos haver um risco significativo de que a distribuição de dividendos programada para o terceiro trimestre possa ser substancialmente reduzida ou até mesmo cancelada”, explica o HSBC.

A estrategista do Itaú BBA, Julia Alba, ainda não vê a Oi como um bom investimento de longo prazo. “A companhia está passando por um difícil turnaround operacional interno, envolvendo um forte ciclo de investimento em infraestrutura (capex), comprometendo-se ao mesmo tempo com um alto pagamento de dividendos”, disse ela em um chat com clientes.

“Vemos essa notícia como positiva, mas isso ainda não muda nossa visão de que a estrutura da companhia continua frágil e não sustentável no longo prazo, uma vez que a Oi possui um alto endividamento para possibilitar o pagamento de altos dividendos”, indica Julia. Mesmo com a alta expressiva na bolsa ontem, as ações da Oi ainda têm uma queda de 35% em 2013. Bava precisa agora usar toda a confiança que tem junto aos controladores para de fato tomar atitudes duras que revertam a situação da companhia.

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