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O que é o 'Bull Market in Politics' de Dilma - e por que ele é ruim para a bolsa

Gestor do Credit Suisse Hedging-Griffo relança termo e avalia que medidas do governo são a marca de uma nova era no mercado financeiro

Operadores na Bovespa (Germano Lüders/EXAME.com)

Operadores na Bovespa (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 11 de maio de 2012 às 10h29.

São Paulo – A influência da política sobre o mercado financeiro no Brasil chegou a um novo patamar com as recentes ações do governo Dilma Rousseff sobre os bancos e o juro básico da economia com a mudança nas regras da poupança. O momento foi chamado pelo Credit Suisse de “Bull Market in Politics”, mostra o último relatório de desempenho assinado pela gestão do fundo CSHG Verde FIC FIM, chefiado por Luis Stuhlberger.

No mercado financeiro, o termo touro (bull), representa o risco de uma tendência de alta pelo fato do animal atacar projetando a cabeça para cima. O contrário é o urso (bear), que ilustra a tendência de queda porque o urso ataca com as patas dianteiras em um movimento para baixo.

“A ideia é que existem ciclos políticos assim como existem ciclos econômicos. Os Estados Unidos passaram praticamente vinte e cinco anos (até 2008) em um longo bear market in politics, e naquele momento, dados os desafios que o país tinha pela frente (lembrem-se de que isso se deu antes da quebra do Lehman), estaria se iniciando um período de bull market in politics”, explica o texto.

Depois disso, lembra o gestor, as intervenções governamentais só cresceram, tanto nos EUA quanto na Europa. “Via de regra, períodos de bull market in politics se caracterizam por uma maior intervenção do Estado na vida das pessoas. É quando a disputa por influência política sobre questões financeiras, sociais, e até mesmo de guerra e paz, se torna a variável chave. Alguns países da América Latina vivem longos períodos deste bull market, como a Venezuela de Chávez e a Argentina peronista”, ressalta.

A primeira vez que o termo foi utilizado, lembra o texto, foi em fevereiro de 2008 em uma carta do hedge fund americano Clarium Capital, fundado pelo investidor Peter Thiel, cofundador do Paypal e um dos primeiros investidores do Facebook.

O início

As últimas atitudes de Dilma deixaram bem claro para os investidores, economistas e para o Brasil inteiro que um dos principais objetivos de sua administração é baixar os juros. Se alguém ainda desconfiava disso, o discurso da presidente na véspera do último feriado nacional foi emblemático. Nele, a presidente pede abertamente que os bancos privados baixem os juros. A medida mais recente foi a mudança na remuneração da poupança.


O CSHG lembra, contudo, que a deflagração do novo momento começou na decisão de política monetária do Banco Central no último dia 31 de agosto. Naquele dia, o BC pegou o mercado de surpresa com um corte de 0,5 ponto percentual na Selic, levando-a para 12% ao ano. A decisão quebrou o “paradigma operacional anterior”, diz o texto.

“Desde então, temos visto uma ação concertada do governo brasileiro no sentido de reduzir os juros, desvalorizar o câmbio, dar incentivos a determinados setores industriais ao mesmo tempo em que força setores vistos como “ganhadores” a aumentarem seus investimentos. O ponto mais recente é a ação pela redução do spread bancário”, explica o gestor.

Certo ou errado?

A gestora não quer dar a resposta, mas ressalta que a evidência histórica mostra que os mercados acionários passam por quedas estruturais dos múltiplos em períodos de bull market in politics, “e essa é uma das razões por que mantemos uma posição menor neste mercado”. Segundo eles, haverá ganhadores (alguns setores industriais) e perdedores (bancos e setores cíclicos com baixo retorno sobre o capital).

“Ao mesmo tempo, a história brasileira tem um viés inflacionário e as decisões atuais parecem reforçar tal viés, por isso estamos comprados em inflação implícita. E no câmbio, continuamos comprados em dólar”, avaliam.

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