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O que chamou atenção na divulgação de resultados da Petrobras, segundo o BTG Pactual

O balanço da Petrobras foi impactado por dois fatores: variação cambial e um acordo tributário com a União anunciado em junho

Petrobras: teve prejuízo de R$ 2,605 bilhões no segundo trimestre deste ano (Illustration by Budrul Chukrut/SOPA Images/LightRocket via/Getty Images)

Petrobras: teve prejuízo de R$ 2,605 bilhões no segundo trimestre deste ano (Illustration by Budrul Chukrut/SOPA Images/LightRocket via/Getty Images)

Karla Mamona
Karla Mamona

Editora de Finanças

Publicado em 9 de agosto de 2024 às 12h37.

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A Petrobras (PETR3;PETR4) divulgou na noite de quinta-feira, 8, que teve prejuízo de R$ 2,605 bilhões no segundo trimestre deste ano, revertendo o lucro de R$ 28,7 bilhões registrado no mesmo período do ano anterior. Foi o primeiro resultado negativo desde 2020.

O balanço foi impactado por dois fatores: variação cambial e um acordo tributário com a União anunciado em junho. A disputa dizia respeito a tributos, entre eles Cide e PIS/Cofins, que, segundo a União, deveriam ter sido pagos entre os anos 2008 e 2013.

Para os analistas do BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME), os resultados do segundo trimestre da Petrobras provavelmente ficarão em segundo plano, com os dividendos e a revisão do capex roubando a atenção.

Dividendos

Sobre os dividendos, a Petrobras anunciou dividendos de US$ 2,5 bilhões no segundo trimestre, em linha com sua política de distribuição. Isto representa um yield de quase 3%. Segundo os analistas, o valor está abaixo da previsão de US$ 2,9 bilhões (-7%), principalmente devido a maiores pagamentos pontuais de impostos após o acordo de assinado com o CARF em junho. A equipe do banco espera que os valores sejam parcialmente compensados por deduções de pagamentos de impostos no primeiro semestre de 2025.

O acordo do CARF e as provisões de planos de saúde levaram a um prejuízo líquido de US$ 344 milhões no resultado do segundo trimestre.  Como o resultado acumulado do primeiro semestre foi inferior ao valor exigido para distribuição pela fórmula “45% do fluxo de caixa operacional menos capex”, a empresa optou por utilizar US$ 1,2 bilhão de sua reserva de capital para evitar quaisquer impedimentos legais à distribuição ordinária de dividendos deste trimestre.

Os analistas disseram ainda que durante teleconferência após a publicação dos resultados, a equipe de CFO e RI da Petrobras enfatizou que a decisão de utilizar a reserva de capital não exclui a distribuição de dividendos especiais. Segundo a estatal, qualquer potencial distribuição extraordinária dependerá exclusivamente da avaliação da administração sobre a capacidade da empresa de financiar seus planos de curto e médio prazo, sem intenção de manter uma estrutura de capital abaixo do ideal acumulando excesso de caixa.

Uma decisão mais definitiva sobre pagamentos extraordinários e necessidades de caixa será provavelmente tomada assim que a revisão do novo plano estratégico for concluída, o que é esperado para novembro. “Em um cenário alternativo em que a reserva não tenha sido utilizada, acreditamos que os dividendos ordinários poderiam ter sido temporariamente suspensos devido a restrições legais, o que poderia ter levantado preocupações ainda mais significativas sobre a estratégia de alocação de capital da empresa.”

Redução de investimentos

A Petrobras reduziu em 24% a estimativa de investimentos para 2024, mas a meta de produção segue intacta.  A Petrobras também revisou significativamente sua perspectiva de investimento (excluindo fusões e aquisições) para este ano, reduzindo-a de US$ 18,5 bilhões para US$ 13,5bi/14,5 bilhões, principalmente devido à redução dos desembolsos de Exploração e Produção.

“Estamos antecipando essa possibilidade há algum tempo, e o fato de a empresa não ter revisado sua meta de produção de 2,2 mb/d para 2024 ressalta ainda que o investimento por barril incorporado em seu plano estratégico foi realmente superestimado”, dizem os analistas em relatório.

A nova faixa está abaixo da estimativa de investimento de US$ 14,8 bilhões do BTG Pactual. “Nossa visão de que a geração de fluxo de caixa pode continuar a surpreender positivamente, abrindo caminho para dividendos especiais no futuro.”

O BTG Pactual recomenda compra de ação da Petrobras e estima preço-alvo de R$ 49.“Embora reconheçamos que os desenvolvimentos políticos e as novidades de fusões e aquisições podem ocasionalmente impactar o desempenho das ações, a empresa ainda oferece uma combinação atraente de valor e crescimento (muito lucrativo).”

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