Mercados

O que acontece na Bolsa com Temer no poder

Analistas ouvidos por EXAME.com acreditam em "ressaca" pós impeachment; BM&F Bovespa aposta em cenário positivo.


	Michel Temer: desafio agora é tirar do papel as reformas prometidas
 (Ueslei Marcelino / Reuters)

Michel Temer: desafio agora é tirar do papel as reformas prometidas (Ueslei Marcelino / Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2016 às 19h15.

São Paulo — Depois de nove meses de processo, Dilma Rousseff deixou a Presidência do país nesta quarta-feira (31). A notícia aguardada pelo mercado há alguns meses não refletiu na Bolsa, que fechou o dia em queda de 1,15%.

Por volta das 13h35, quando os senadores selaram o destino de Dilma, o Ibovespa chegou a reduzir um pouco as perdas, mas a euforia durou pouco e logo o principal índice da Bolsa se aproximou da mínima do dia.

O afastamento definitivo da petista foi avaliado como positivo pelo presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto. Em nota, ele disse que espera “a retomada das operações no mercado de capitais e um ‘choque de capitalismo’ no Brasil” nos próximos dois anos, uma vez que a economia sairá “de uma situação de espera, que impedia a tomada de decisões e o avanço”.

Em curto prazo, analistas consultados por EXAME.com acreditam que o mercado deve viver um período de “ressaca”, enquanto espera novos sinais do agora presidente Michel Temer. O que não é unanimidade entre eles é em quantas semanas a Bolsa ganhará um novo fôlego.

Para Alexandre Wolwacz, sócio diretor da consultoria de investimentos L&S, o mercado deve viver duas ou três semanas de perdas depois de um "momento raro" com dez semanas consecutivas de alta.

“Depois de uma grande euforia, o mercado volta agora para a realidade e a Bolsa deve operar, nas próximas semanas na casa dos 54.000 pontos”, acrescentou. Hoje, o Ibovespa fechou em 57.901 pontos.

Para Wolwacz, o comportamento dependerá, em um primeiro momento, da capacidade de Temer e de sua equipe econômica de implementar com rapidez as medidas necessárias para a retomada da economia.

“O que não se sabe é se o governo terá peito suficiente para consertar o cenário econômico ou se irá chover no molhado em busca do apoio popular”, avaliou Wolwacz.

Já Lenon Borges, da Ativa Investimentos, acredita que esse período de “ressaca” poderá ser ainda maior e acabar somente após as eleições municipais, que serão realizadas em outubro.

“Agora, as negociações políticas ficarão em torno das eleições. Somente após outubro, o Congresso votará a PEC do ajuste fiscal o que voltará a impactar na Bolsa”, disse Borges. 

Ele ressalta que mesmo se a PEC for aprovada com poucas mudanças — o que faria com que o ajuste fosse colocado logo em prática — é improvável que o Ibovespa suba ainda mais. “Desde fevereiro, a Bolsa vem de um rali com alta de mais de 30%. É muito difícil que se mantenha neste ritmo. ”

Pesa, também, no futuro da Bolsa o desempenho das commodities e o aumento dos juros norte-americanos, o que, segundo Lopes, deve ser anunciado em dezembro. Como o mercado norte-americano é considerado o mais seguro, qualquer alta nas taxas por lá faz com que investimentos mais arriscados se tornem menos atrativos.

Acompanhe tudo sobre:B3bolsas-de-valoresDilma RousseffEmpresasEmpresas abertasImpeachmentMDB – Movimento Democrático BrasileiroMichel TemerPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadoresservicos-financeiros

Mais de Mercados

BTG vê "ventos favoráveis" e volta recomendar compra da Klabin; ações sobem

Ibovespa fecha em queda e dólar bate R$ 5,81 após cancelamento de reunião sobre pacote fiscal

Donald Trump Jr. aposta na economia conservadora com novo fundo de investimento

Unilever desiste de vender divisão de sorvetes para fundos e aposta em spin-off