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O primeiro IPO de trilhões? A OpenAI, do ChatGPT, pode estar a caminho do recorde

A companhia, que é privada, está atualmente avaliada em US$ 324 bilhões, segundo os dados mais recentes da fintech Forge Global

Publicado em 24 de setembro de 2025 às 10h15.

A OpenAI, dona do ChatGPT, pode ser a primeira na história dos mercados a fazer uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) de mais de US$ 1 trilhão.

A companhia, que é privada, está atualmente avaliada em US$ 324 bilhões, segundo os dados mais recentes da fintech Forge Global. Agora, a empresa liderada por Sam Altman pode estar prestes a desbravar um novo horizonte além do Vale do Silício. E, dessa vez, o destino pode ser Wall Street.

A recente parceria estratégica com a Nvidia, que anunciou investir até US$ 100 bilhões em infraestrutura de IA, coloca ainda mais força sobre uma possível entrada no mercado de ações, com analistas acreditando que o IPO pode ultrapassar a marca do trilhão de dólares.

Para Sarah Friar, CFO da OpenAI, o crescimento da empresa deve continuar no médio prazo, com apostas de uma alta de receita três vezes maior em 2025, alcançando aproximadamente US$ 13 bilhões, em comparação com os US$ 4 bilhões do ano passado. Segundo ela, a empresa passa por um "ritmo extraordinário" e irá iniciar uma nova era para a inteligência artificial.

Dan Dees, co-chefe do Goldman Sachs Global Banking & Markets, acredita que a infraestrutura necessária para sustentar o crescimento da IA precisa ser desenvolvida rapidamente. Para ele, é importante priorizar investimento em data centers e a formação de pessoal para lidar com a demanda crescente.

Animados para o IPO?

Para Dan Ives, analista da Wedbush, Altman é visto como o "filho pródigo" da revolução da IA, além de ser "a chave para o sucesso da OpenAI e do ChatGPT". Segundo ele, em entrevista à CNBC, as empresas de IA apenas começaram a revelar seu potencial investidores subestimam o impacto delas.

"Nos próximos dois ou três anos teremos um mercado de alta em tecnologia, e acho que a revolução da IA, o impacto real no médio e longo prazo, está sendo subestimado", disse Ives.

Um dos bancos que poderiam fazer parte de um provável IPO da OpenAI é o Goldman Sachs. Segundo informações do Business Insider de outubro do ano passado, o banco estaria envolvido no processo de avaliação e reestruturação corporativa da OpenAI e deve ajudar a preparar a empresa.

Brad Gerstner, da Altimeter Capital, por sua vez, destacou a importância de tornar o IPO da OpenAI acessível a investidores de varejo para que um número maior de pessoas participe dos ganhos gerados pela IA — um passo vital diante das profundas transformações sociais provocadas pela tecnologia.

O Morgan Stanley também está confiante na estreia da OpenAI no mercado de ações. Andy Saperstein, co-presidente do banco, afirmou que a empresa revoluciona a forma como o setor financeiro utiliza tecnologias de IA. Para ele, a tecnologia está proporcionando um valor diferenciado para gestores de ativos, tanto públicos quanto privados, e para corporações, "elevando a proposta de valor do banco a um nível sem precedentes em seus 34 anos de história".

O Deutsche Bank estimou que a valorização da OpenAI poderá atingir US$ 500 bilhões em uma eventual venda secundária de ações de funcionários, mas advertiu que o modelo de expansão da IA enfrentará pressão com a aproximação dos concorrentes, o que torna sua vantagem competitiva mais frágil.

Apesar das boas notícias

Os analistas do JPMorgan também enxergam um potencial IPO da OpenAI com bons olhos, com projeções de que a empresa poderá alcançar um mercado superior a US$ 700 bilhões até 2030, impulsionado por sua forte marca e foco no consumidor.

Embora a OpenAI não deve apresentar lucro antes de 2029, eles acreditam que, mesmo com um consumo de caixa de até US$ 46 bilhões nos próximos quatro anos, a empresa tem viabilidade financeira devido ao sucesso que obteve ao levantar US$ 57 bilhões nos últimos dois anos e meio.

Os 10 anos da OpenAI

Há 10 anos, quando Sam Altman, Elon Musk, Ilya Sutskever, Greg Brockman e outros líderes do setor de tecnologia fundaram a OpenAI, a empresa não tinha fins lucrativos.

Criada em dezembro de 2015, a missão inicial da OpenAI era desenvolver inteligência geral artificial (AGI) de forma que "beneficiasse toda a humanidade", em vez de ser direcionada a interesses comerciais restritos.

A ideia era construir uma empresa que, ao mesmo tempo em que avançasse nas fronteiras da IA, mantivesse um compromisso com o bem público, compartilhando suas descobertas e tecnologias com o maior número de pessoas possível.

A OpenAI começou com um funding inicial de US$ 1 bilhão, com Musk contribuindo com uma parte significativa. A organização operava sob o modelo de pesquisa aberta, sem as pressões de gerar lucros, o que permitia aos pesquisadores focarem totalmente em inovações e descobertas tecnológicas.

No entanto, com o tempo, ficou claro que o desenvolvimento de IA exigiria recursos financeiros muito maiores.

Em 2019, a OpenAI fez uma transição significativa ao criar a OpenAI Global LLC, uma entidade híbrida com fins lucrativos, mas ainda controlada pela organização sem fins lucrativos. Essa mudança permitiu que a empresa atraísse investimentos de empresas como a Microsoft, o que garantiu o financiamento necessário para escalar suas operações e continuar desenvolvendo suas tecnologias de IA.

A transição, no entanto, gerou conflitos internos, especialmente com a saída de Musk, que expressou publicamente suas reservas sobre a mudança do modelo de negócios e a falta de alinhamento com a missão original da OpenAI.

A mudança de estrutura não impediu, porém, a ascensão da OpenAI como uma das empresas mais inovadoras do setor — e uma das mais valiosas.

Os maiores IPOs do mundo (até agora)

Quando se fala de ofertas públicas iniciais, poucas são tão comentadas quanto a Saudi Aramco.

A Aramco abriu mercado em dezembro de 2019, e fez história ao levantar US$ 25,6 bilhões, tornando-se a maior IPO já registrada no mercado global.

A empresa, gigante do setor de energia, vendeu 3 bilhões de ações, com o valor total aumentando para US$ 29,4 bilhões após a venda de 450 milhões de ações adicionais, o que a levou ao recorde de companhia com maior valor de mercado a fazer um IPO, avaliada em US$ 1,88 trilhão à época.

O IPO não só superou o Alibaba, que detinha o recorde anterior de US$ 21,8 bilhões desde 2014, como também desafiou as expectativas do mercado, ao se tornar um marco no setor de petróleo e gás.

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