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O preço da incerteza dos mercados é uma nova recessão, diz economista

Nicholas Bloom não se entusiasma com a recente queda da volatilidade e continua a temer uma nova recessão

"Apesar de a volatilidade do mercado de ações ter caído um pouco, ela continua alta", diz (Getty Images)

"Apesar de a volatilidade do mercado de ações ter caído um pouco, ela continua alta", diz (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2011 às 17h03.

São Paulo – O recente alívio dos mercados financeiros e a consequente queda da volatilidade ainda não são suficientes o bastante para remover a grande incerteza que foi criada pela explosiva combinação dos problemas com a dívida europeia, sistemas bancários vulneráveis e uma paralisia política na Europa e nos EUA.

Essa é a opinião do economista da Universidade de Stanford (EUA), Nicholas Bloom. O pesquisador publicou em agosto deste ano um artigo no qual alerta para os efeitos que a grande volatilidade do mercado poderia ter sobre a economia. O resultado? Para Bloom, a resposta é uma nova recessão, ou seja, o temido “double-dip”.

Para chegar nessa conclusão, Bloom analisou o impacto médio dos últimos 16 choques de incerteza no mercado americano, como a crise dos mísseis em Cuba e o assassinato de John F. Kennedy. “A única certeza sobre isso é que os choques levam para períodos de recessões de curto prazo. Quando as pessoas estão incertas sobre o futuro, elas esperam e não fazem nada”, aponta o estudo.

Desde aquele momento, contudo, os mercados financeiros chegaram a apresentar – mais recentemente, é verdade – um período de mais águas calmas. O VIX – índice do medo -amplamente analisado como uma medida de volatilidade do mercado, recuou 28% nos últimos 6 dias. O índice Dow Jones, um dos mais acompanhados nos EUA, acumula uma valorização de 4,6% apenas nesta semana. Bloom contou para EXAME.com o que pensa desse último rali:

EXAME.com - O Sr. argumentou recentemente que o preço a ser pago pela incerteza do mercado é um segundo mergulho da economia. Os recentes desenvolvimentos, como o plano de recapitalização dos bancos, podem ajudar a reduzir as incertezas e ajudar os mercados de ações? A queda do VIX é uma indicação de um crescimento da confiança entre os investidores?

Nicholas Bloom - As notícias da última semana têm sido positivas, mas nos últimos três meses elas geraram tantas incertezas que euainda me preocupo com uma recessão até o final do ano. Uma vez que as contratações e os projetos de investimentos foram postergados é bastante difícil uma retomada rápida. Além disso, apesar de a volatilidade do mercado de ações ter caído um pouco, ela continua alta. Isso é direcionado por uma grande incerteza sobre as políticas econômicas, que continuam extremamente elevadas.


EXAME.com - Um corte na taxa de juro na zona do euro pode ajudar na previsibilidade dos mercados?

Bloom - Sim. As menores taxas de juros irão estimular o crescimento, mas a maior parte da incerteza na Europa recai sobre os problemas de solvência dos países chamados de PIGS (Portugal, Itália, Grécia e Espanha) e a resposta do resto do continente. Até que esses países estejam seguros continuaremos a ver a continuidade das incertezas sobre um possível calote soberano.

EXAME.com - O Sr. continua a projetar uma nova recessão (e qual é a sua definição de recessão) para a zona do euro e os EUA?

Bloom - Acho que o crescimento desacelerou para perto de zero nos EUA e na Europa agora irá continuar baixo até, no mínimo, o final de 2011 , se não até o início de 2012. Tecnicamente uma recessão nos EUA exige uma contração de dois trimestres. Não sei ao certo se isso irá acontecer, mas com certeza a recuperação tem tropeçado e o crescimento está agora oscilando perto de zero.

Confira abaixo o recente estudo "Medindo a incerteza da política econômica" produzido por Bloom, em parceria com Scott R. Baker e Steven J. Davis:

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