ANDRÉ ESTEVES: ele dedicou-se, pessoalmente, a disparar telefonemas para deputados pedindo o fim da comissão / Germano Luders
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2016 às 06h16.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h27.
O banqueiro André Esteves, ex-controlador do BTG Pactual, voltou a pisar na sede do banco nesta segunda-feira, cinco meses após ter sido preso num desdobramento da Operação Lava-Jato. Esteves foi solto após o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, revogar restrições e permitir que ele saia da prisão domiciliar e possa voltar ao trabalho.
Nesta terça-feira deve começar um longo caminho de volta. Esteves ainda não foi inocentado. Para isso, depende de uma decisão final do Supremo – que está com outras preocupações no radar. Enquanto isso não acontece, é pouco provável que volte formalmente à gestão do banco.
Mesmo se ele terminar inocentado, o retorno tende a ser lento – o mercado financeiro, afinal, vive de credibilidade. Prova disso é que, desde a prisão, o BTG viu seus clientes sacarem ou pedirem o resgate de 60 bilhões de reais em fundos geridos ou administrados pelo banco – cerca de 25% do patrimônio. O banco também perdeu 38% do valor de mercado, ou cerca de 10 bilhões de reais.
O patrimônio de Esteves – que já foi calculado em 9 bilhões de reais –encolheu na mesma proporção, já que nos dias seguintes à prisão suas ações foram trocadas por papéis sem poder de voto e listados em bolsa. Nos últimos cinco meses, a gestão do BTG é tocada por um grupo de sete sócios, com Persio Arida como presidente do conselho de administração.
De qualquer forma, é inegável que a maré está virando para o BTG. No início do mês, uma investigação do escritório de advocacia Quinn Emanuel Urquhart & Sillilvan, Willian Burck, contratado pelo banco, concluiu que não há indícios de que atos ilícitos no BTG. Se for inocentado, caberá a Esteves mostrar isso a seus clientes. Não seria a primeira reviravolta de sua carreira.