Na licitação, a BP se comprometeu a oferecer à União 5,9% do "óleo-lucro" — o excedente de petróleo da produção do campo (Divulgação)
Repórter de mercados
Publicado em 4 de agosto de 2025 às 16h01.
Última atualização em 4 de agosto de 2025 às 17h15.
Maior reservatório de petróleo e gás descoberto pela BP nos últimos 25 anos, o bloco de Bumerangue foi ignorado pelo restante do mercado no leilão realizado pela Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP), em dezembro de 2022.
A petroleira britânica não enfrentou concorrência e foi a única a apresentar proposta pela área, oferecendo à União 5,9% do "óleo-lucro" — o excedente de petróleo da produção do campo. Esse percentual ficou ligeiramente acima do mínimo exigido pelo edital, de 5,66%.
O "óleo-lucro" refere-se à parte da produção de petróleo que será dividida entre a União e a empresa vencedora do leilão.
Essa fatia é calculada após a dedução dos royalties, custos operacionais e investimentos necessários para a exploração do campo. Além da participação na produção futura do bloco, a BP pagou à União um bônus pré-fixado de R$ 8,8 milhões no momento da assinatura do contrato.
O bloco Bumerangue foi um dos 11 leiloados na licitação, a primeira sob o modelo de Oferta Permanente de Partilha, em que os contratos preveem divisão da produção entre as empresas e a União. Apesar da presença de 13 empresas habilitadas — entre elas gigantes como Equinor, Chevron, Shell, Petronas, TotalEnergies e CNOOC — sete dos 11 blocos não receberam nenhuma oferta.
Os blocos que mais atraíram a atenção foram Norte de Brava e Água-Marinha, ambos na Bacia de Campos.
O primeiro foi arrematado integralmente pela Petrobras, que ofereceu 61,75% de excedente em óleo, quase três vezes o mínimo exigido. Já Água-Marinha foi disputado por múltiplos consórcios e ficou com uma aliança liderada pela Petrobras, ao lado de TotalEnergies, Petronas e QatarEnergy, por 42,4% do excedente em óleo, acima do mínimo exigido por 13,23%
O quarto bloco arrematado foi o Sudoeste de Sagitário, também na Bacia de Santos, entregue a um consórcio entre Petrobras (60%) e Shell (40%), igualmente sem disputa. O excedente de óleo foi de 25%, ante o lance mínimo de 21,3%.
Esses valores mostram quanto a BP pagou "barato" pelo ativo – quanto pode extrair valor caso suas descobertas de fato se convertam em produção de petróleo com viabilidade econômica.