O efeito do dólar mais caro sobre 30 ações na Bovespa
Fator Corretora, Itaú BBA, Bank of America Merrill Lynch, Citi, HSBC, Brasil Plural e BTG Pactual opinam sobre quem ganha ou perde com a desvalorização do real
Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2013 às 18h47.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h34.
A fabricante de autopeças Autometal (AUTM3) não deve sofrer e nem se beneficiar muito da desvalorização do real sobre o dólar. Nas operações brasileiras o impacto é neutro, mas as subsidiárias no exterior o efeito é positivo. “Como a moeda funcional das subsidiarias externas é o dólar, há um impacto positivo na consolidação do resultado externo nas demonstrações financeiras brasileiras”, explica a Fator Corretora. Cerca de 37% da receita líquida provém das suas subsidiárias localizadas no México.
Em análise, o Itaú BBA afirma que apesar de uma reação inicial negativa por conta da forte elevação na dívida líquida, a Braskem (BRKM5) é a principal beneficiária entre as empresas cobertas pelo banco. “Quando simulamos o impacto de um BRL mais fraco na linha do EBITDA até 2014, o benefício mais do que compensa o aumento na dívida líquida”, explica o banco. Os analistas ressaltam que a empresa pode ser uma alternativa atrativa para quem acredita em um real mais fraco no médio prazo.
O Itaú BBA ressalta que o real mais fraco ajuda nas receitas com as exportações de açúcar, mas que o mercado pode se ajustar a isso considerando que o Brasil representa um marcador de preços para o açúcar. Além disso, a desvalorização afeta o lucro líquido ao impactar a dívida líquida em dólar da Cosan (CSAN3), que chega a 37% do total.
Para as siderúrgicas CSN (CSNA3), Usiminas (USIM3; USIM5) e Gerdau (GGBR4), os analistas do Bank of America Merrill Lynch avaliam que o efeito da desvalorização do real é positiva. Ainda assim, Felipe Hirai, Thiago Lofiego e Karel Luketic ressaltam que a volatilidade tem sido elevada e que ainda não existe um movimento sustentável. Por isso, segundo eles, essa não é ainda a hora certa para adicionar posições. Outro motivo é o risco de queda nos preços internacionais do aço e uma demanda mais fraca no Brasil. Com margens operacionais menores, a Gerdau e a Usiminas são as mais sensíveis, argumenta o banco. Para cada 10 centavos em desvalorização do real frente ao dólar, o Ebitda estimado para 2014 varia 18% a mais para a Gerdau e 15% para a Usiminas.
Segundo o BTG Pactual, a fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3) e o programa de fidelidade Multiplus (MPLU3) estão entre as empresas mais beneficiadas pela desvalorização do real. Os analistas ressaltam que boa parte das receitas e apenas uma pequena parte dos custos estão em dólar. A Multiplus, por exemplo, não tem custos em dólar.
A outra fabricante de autopeças que ganha com a desvalorização do real é a Fras-Le (FRAS4). A receita líquida vinda do mercado externo chegou a 43% em 2012. “Além das contas a receber originadas por exportações no Brasil e dos investimentos no exterior que se constituem em hedge natural a Companhia avalia constantemente sua exposição cambial e, quando necessário, contrata hedge com a finalidade única de proteção”, ressaltam os analistas da Fator Corretora.
Segundo a equipe do Brasil Plural, a desenvolvedora de outlets premium General Shopping (GSHP3) tem um elevado endividamento, principalmente em dólar. “Isso se torna uma preocupação ainda maior agora que os riscos cambiais estão mais direcionados para cima”, explicam os analistas em um relatório sobre o setor imobiliário comercial.
Assumindo que o dólar continue cotado a 2,13 reais durante 2013, o Bank of America Merrill Lynch calcula que a margem Ebitda da GOL (GOLL4) poderia recuar em cerca de 110 pontos-base (de 2,9% para 1,8%) e o resultado passar de um prejuízo líquido de 161 milhões de reais para 387 milhões de reais.
A Guararapes (GUAR3), dona da rede Riachuelo, também é uma varejista de vestuário que pode sofrer com um efeito negativo vindo do efeito da variação do dólar sobre o algodão. “Não temos a quebra do montante de custo referente à importação de mercadorias, porém em 2012 verificamos participação de aproximadamente 17% de matéria-prima em relação ao CPV consolidado (notadamente algodão, cujo preço é indexado à variação do dólar)”, explicam os analistas. Eles lembram, contudo, que assim como a Lojas Marisa e a Hering, a empresa pode utilizar matérias-primas alternativas e uma menor quantidade de matéria-prima na criação de novas coleções para mitigar os efeitos do dólar mais caro.
O efeito sobre a Hering(HGTX3) deve ser negativo, avalia a Fator Corretora. “Em 2012, aproximadamente 20% do CPV [Custo sobre o produto vendido] consolidado referiu-se à importação de mercadorias e do total restante (produção interna, terceirizada em alguns processos e também outsourcing mercado interno) estimamos em 40% a participação de algodão (matéria-prima cujo preço é indexado à variação do $)”, explicam os analistas.
A Fator Corretora avalia como negativo o impacto da desvalorização do real para a IMC (IMCH3). Eles lembram que a empresa tem uma dívida em dólar equivalente a 76,2 milhões de reais, que corresponde a aproximadamente 35% da dívida total IMC e sem qualquer hedge financeiro. “Contudo 15% (cerca de R$ 10,8 milhões) dos recebíveis da companhia ao fim do 1T13 são em dólar, suavizando o efeito de desvalorização cambial”, argumentam os analistas.
A M Dias Branco (MDIA3) pode sofrer um impacto negativo da desvalorização do real porque não tem exportações e 66,5% dos seus insumos são cotados em dólar, destaca a Fator Corretora. Cerca de 26,5% da dívida total da empresa estava indexada ao dólar em 31 de março, mas que já está com hedge.
O efeito sobre o Magazine Luiza (MGLU3) deve ser negativo, avalia a Fator Corretora. Os analistas explicam que a empresa não exportações, mas possui participação considerável na composição do custo consolidado com produtos importados, como na linha branca, marrom e eletroeletrônicos.
A fabricante de autopeças Mahle (LEVE3) deve ter um efeito positivo, argumenta a Fator Corretora. “Cerca de 30% da receita líquida provém de exportações e a desvalorização cambial é positiva para a Mahle, que possui exposição líquida positiva de U$ 6,1 milhões”, explica a corretora.
A equipe da Fator Corretora vê um impacto negativo sobre as ações da Lojas Marisa (AMAR3). Os analistas estimam que 40% dos custos da produção, que é terceirizada, sejam de algodão. A matéria-prima é indexada à variação do dólar. “No entanto, o repasse não ocorre em sua totalidade e a tendência é que os produtores absorvam a maior parte da alta. Existe também a hipótese de utilização de matérias-primas alternativas e inclusive a utilização de menor quantidade de matéria-prima na elaboração de novas coleções como forma de mitigar a elevação de custo”, ponderam os analistas.
A empresa que trabalha com a prestação de serviços para a construção civil Mills (MILS3) pode ter um impacto negativo da variação do dólar. A maior parte dos equipamentos da divisão “Rental” é de importados. “Apesar de as variações futuras não impactarem nas aquisições já realizadas (uma vez que as taxas são fixadas no ato do contrato), oscilações mais fortes prejudicam a compras posteriores, sobretudo se considerarmos que se trata de um dos segmentos em que a empresa mais enxerga potencial de expansão”, ressaltam os analistas da Fator Corretora.
As ações do frigorífico Minerva (BEEF3) podem se beneficiar de uma desvalorização do real em função da pequena representatividade dos custos em dólar, calcula a Fator Corretora. Ainda assim, os analistas ressaltam a possibilidade de um impacto no resultado financeiro líquido. Cerca de 82% da dívida total estava indexada ao dólar em 31 de março, sem qualquer contrapartida em aplicações financeiras, mas com hedge em parcela da dívida. “No entanto, apesar do referido efeito positivo na geração de caixa decorrente da alta participação das exportações na composição do faturamento, o histórico de resultados da empresa em situações onde observamos desvalorizações cambiais T/T semelhantes à atual é de forte impacto na linha financeira e prejuízo considerável na linha final, com reação negativa do mercado”, ressalta a Fator Corretora.
A Fator Corretora avalia que o efeito sobre a Marcopolo (POMO4) é positivo. “A companhia mantém proteção contra riscos de flutuações cambiais sobre os ativos e passivos denominados em dólares norte-americanos, por meio de operações de forward”, explica a corretora. A receita líquida proveniente do mercado externo chegou a 35,9% no ano passado.
A Fator Corretora explica que o efeito sobre a Randon (RAPT4) também é positivo. “Cerca de 14,3% das receitas da Randon são de clientes estrangeiros. Insumos, custos e despesas representativos não estão atrelados à variação cambial real x dólar”, afirma a corretora.
A indústria Romi (ROMI3) não deve sofrer e nem ganhar com a desvalorização do real. A Fator Corretora ressalta que cerca de 30% da receita líquida veio do mercado externo em 2012, mas cerca de 12% dos custos dos produtos vendidos (CPV) nacionais são sensíveis ao câmbio e 17% do CPV é importado.
A equipe da Fator Corretora argumenta que o efeito sobre a Saraiva (SLED4) pode ser negativo. Como a empresa trabalha de forma integrada na produção de livros, os analistas estimam em aproximadamente 20% de participação de papel 15% de participação (porém não divulgada pela companhia) referente a diversos produtos importados no segmento de eletroeletrônicos, além de 3% referentes aos fretes e embalagens, dizem.
Entre as empresas de serviços públicos, a Sabesp (SBSP3) é a mais exposta aos efeitos de uma desvalorização do real, avalia o JP Morgan. O principal motivo para essa avaliação vem do grande estoque de dívida em dólar, explica o analista Gabriel Salas, em relatório. “A empresa acumulou esse estoque de dívida sem proteção [sem hedge] com um racional similar ao de operações em dólar carry trade – emitindo dívida barata em dólar e, de modo crescente, em ienes para investir em ativos com maiores rendimentos ligados aos juros em reais”, explica o analista. Cerca de 27% da dívida é denominada em dólar e 10% em iene. A recomendação do JP Morgan é de alocação abaixo da média (underweight).
Segundo a Fator Corretora, a desvalorização do real tende a ser positiva para a São Martinho (SMTO3). “A participação do mercado externo na receita líquida da companhia no acumulado dos últimos quatro trimestres disponíveis foi superior a 60%, chegando a R$ 903 milhões. Além disso a companhia possui uma posição de caixa em dólares correspondente a cerca de USD 73 milhões”, mostra a corretora. Como pontos negativos, a Fator lembra de um hedge correspondente a cerca de 50% da receita do mercado externo contra valorização do real e aponta que cerca de metade da dívida bruta em dezembro de 2012 (R$ 1,7 bilhão) é denominada em dólares.
A Tereos (TERI3) tem boa parte da receita e operações fora do Brasil, aponta a Fator Corretora. “Cerca de metade da receita de açúcar produzido no brasil é exportada, tendo assim um a desvalorização do real um efeito positivo no resultado da empresa”, diz a corretora.
A fabricante de autopeças Tupy (TUPY3) também ganha com o real mais fraco. “63,2% da receita líquida da Tupy provém de clientes estrangeiros. Insumos, custos e despesas representativos não estão atrelados à variação cambial real x dólar”, afirma a Fator Corretora.
Sem um valor relevante da dívida líquida em dólar, a variação do dólar afeta pouco a Ultrapar (UGPA3). Um efeito do dólar pode ser na divisão Oxiteno, que precisará repassar a alteração cambial nos preços. O Itaú BBA acredita que a variação poderá ser repassada integralmente por conta da característica de especialidade de seus produtos.
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