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O dia em que robôs viraram Wall Street de cabeça para baixo

Ataque ao twitter da AP com uma notícia falsa consumiu bilhões de dólares


	Software de leitura de notícias é apontado como um dos amplificadores do tuíte falso
 (REUTERS/Brendan McDermid)

Software de leitura de notícias é apontado como um dos amplificadores do tuíte falso (REUTERS/Brendan McDermid)

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Da Redação

Publicado em 24 de abril de 2013 às 09h38.

São Paulo – Quase como em um roteiro de filme de Hollywood, o mercado financeiro americano levou um duro golpe da sua crescente dependência da tecnologia nesta terça-feira.

Um texto falso publicado no perfil do Twitter da agência americana de notícias AP (Associated Press) trouxe pânico para o mercado financeiro durante três intermináveis minutos.

Às 13h07, horário de Nova York (12h07 pelo horário de Brasília), uma pessoa conseguiu acesso ao perfil e publicou o seguinte texto: “Duas explosões na Casa Branca e Barack Obama está ferido”.

A AP suspendeu a sua conta principal e secundárias no Twitter após o ocorrido e o serviço ainda não foi reestabelecido. Segundo uma nota divulgada no site da agência, foi iniciada uma investigação da falha em conjunto com o Twitter.

Reação do mercado

Logo após a divulgação do texto falso, os principais índices das bolsas americanas - e de quebra todas as bolsas abertas naquele momento – despencaram.

O índice Dow Jones cedeu 143 pontos, de 14.697 pontos para 14.554 pontos, uma baixa de 1%. O S&P 500 caiu dos 1.578 pontos para os 1.563 pontos, mas logo que a notícia foi desmentida voltou ao normal.

Gráfico com o desempenho do índice Dow Jones nesta terça-feira

No Brasil, o principal efeito foi visto no dólar que, ao longo do dia, subiu a 2,031 reais. Foi o maior nível intradiário desde 28 de janeiro. O Ibovespa caiu 0,5% após a notícia.

Revolta dos robôs

Considerando apenas o S&P 500, um mercado de 18 trilhões de dólares, a baixa naqueles três minutos representou uma perda de 136 bilhões de dólares.


O que chama atenção neste acontecimento é que ele foi protagonizado, principalmente, pelos robôs que dominam boa parte deste mercado trilionário.

Isso acontece porque os algoritmos que programam essas máquinas agem sempre que as condições de mercado indicam que o preço futuro de uma ação seguirá determinada tendência.

Ou seja, basta alguém iniciar essa tendência para que os computadores disparem ordens de compra e venda desses papéis automaticamente. Existem filtros para driblar possíveis erros de outros robôs que passem a indicar uma tendência falsa, mas neste caso a tendência de fato existiu.

E a reação dos robôs é muito rápida, algumas estão perto da velocidade da luz. A empresa americana Burstream anunciou ter desenvolvido recentemente um produto que garante o processamento de ordens a uma velocidade inferior a 1 microssegundo, perto dos 600 nanossegundos.

Bola de neve

A automatização do mercado é tanta que alguns softwares já são programados para ler as notícias enviadas pelas agências. Esse tipo de programa é um dos principais suspeitos por desencadear o pânico que foi amplificado pelos demais robôs investidores.

 

Os investidores humanos identificaram o erro seguido pelos robôs e resolveram a bagunça. O evento de hoje, aliado ao “Flash Crash” de 6 de maio de 2010, irá aumentar o debate sobre o quanto devemos entregar à inteligência artificial. 

Afinal, ninguém deseja ver um “Robopocalypse”, como no livro de Daniel H. Wilson (que está em pré-produção para o cinema com a direção de Steven Spielberg) em que os robôs se unem contra os humanos e, num momento chamado de “Hora Zero”, comandam em poucos minutos todos os equipamentos eletrônicos do mundo em uma “Guerra Robô” que dizima a humanidade. 

Isso, claro, é um exagero. Mas sumir 136 bilhões de dólares em três minutos também é. Desta vez os humanos venceram.

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