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O desmonte das apostas na alta do dólar

O momento vivido hoje é o início do desmonte das posições formadas pelo mercado nos dois últimos anos, especialmente após o início do segundo mandato de Dilma


	Notas de dólar: com os leilões do BC, o dólar se estabilizou pouco acima de R$ 3,50
 (Adam Gault/Thinkstock)

Notas de dólar: com os leilões do BC, o dólar se estabilizou pouco acima de R$ 3,50 (Adam Gault/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2016 às 21h26.

Pelo segundo dia seguido, o Banco Central atua pesadamente com leilões de swap cambial reverso, que equivalem à compra de dólar futuro.

Nesses dois últimos dias, após a Comissão da Câmara aprovar o relatório de impeachment, o BC comprou o equivalente a US$ 11,14 bilhões.

Desde início de março, quando o mercado passou a ficar mais otimista com a mudança de governo e o dólar entrou em tendência de queda, o BC já reduziu sua posição em swaps em US$ 20 bilhões.

Com os leilões do BC, o dólar se estabilizou pouco acima de R$ 3,50, após cair mais de 5% na sexta e na segunda com as apostas em impeachment da presidente. Mantido o entusiasmo com a mudança política, o BC ainda poderá ter de comprar muito.

O momento vivido hoje é o início do desmonte das posições formadas pelo mercado nos dois últimos anos, especialmente após o início do segundo mandato de Dilma.

Com receio de que a deterioração econômica, agravada pela crise política, levasse o dólar a subir ainda mais, os investidores buscaram proteção comprando grandes quantidades de dólar.

Agora, com os votos a favor do impeachment ganhando força nas sondagens publicadas por jornais e a perspectiva de surgimento de um novo governo pró-reformas, os investidores passam a devolver estas posições, vendendo dólar no mercado futuro, em quantidade proporcional ao que compraram nos anos anteriores.

É muito difícil mensurar o tamanho da posição em câmbio do mercado, pois isso envolve vários segmentos. Um investidor comprado em dólar no mercado à vista, por exemplo, pode estar vendido em volume equivalente no futuro, estando zerado na média. No caso dos swaps, segundo o economista Alfredo Barbutti, da corretora BGC Liquidez, a referência é a posição do BC.

Esta posição soma US$ 89 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg até as 11:00 de hoje, e representam o montante de dólar futuro vendido pelo BC e, portanto, comprado pelo mercado nos últimos anos de crise. Agora, os investidores estão invertendo a mão para a venda, enquanto o BC passa a atuar na ponta compradora por meio de swaps reversos.

Embora a posição em swaps do BC ainda seja elevada, sua redução vai depender do ritmo dos leilões diários, acelerado pelo BC nos dois últimos dias, com colocação de US$ 8 bilhões ontem e mais US$ 3,14 bi hoje até 15:00. Mantido este ritmo, observa Barbutti, até o final do mês a posição do BC estaria praticamente zerada.

O fato de o BC estar fazendo leilões pesados de swap e, mesmo assim, o dólar continuar perto de R$ 3,50 é uma evidência de que a pressão vendedora do mercado é grande, diz Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset Wealth Management. “O desdobramento do quadro político tem sido positivo para o mercado”, diz o diretor.

Enquanto alguns analistas não descartam a queda do dólar para até R$ 3,00 no caso de o impeachment ser aprovado, a bolsa brasileira vive a esperança do primeiro ano de alta desde 2012. O Morgan Stanley disse que o Ibovespa, hoje acima de 53.000 pontos, pode chegar aos 65.000 em um cenário positivo que contemple uma mudança de governo.

Barbutti, da BGC Liquidez, observa que o otimismo do mercado deve-se não apenas à especulação sobre impeachment.

Os fundamentos econômicos, com a recuperação da balança, também melhoraram e, no exterior, pontos de preocupação como a queda do petróleo também foram amenizados. O economista, contudo, chama a atenção para os riscos ainda presentes no cenário. ”A trajetória do dólar é de baixa. Mas e se o impeachment não passa no domingo?”

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