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O brasileiro que está criando uma criptomoeda

O programador Bruno Alano, 22 anos, se juntou a outros nove programadores espalhados pelo mundo para desenvolver a ECC, que hoje vale 149 milhões de reais

Criptomoeda: hoje vale 46,1 milhões de dólares (149 milhões de reais)

Criptomoeda: hoje vale 46,1 milhões de dólares (149 milhões de reais)

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Letícia Toledo

Publicado em 28 de fevereiro de 2018 às 11h36.

Última atualização em 28 de fevereiro de 2018 às 17h27.

O programador e pesquisador em inteligência artificial Bruno Alano estava apenas procurando uma forma de investir seu dinheiro quando começou a pesquisar sobre moedas virtuais, no fim do ano passado.

Mas gostou tanto da ideia que acabou se tornando o desenvolvedor de uma moeda, a ECC, que hoje vale 46,1 milhões de dólares (149 milhões de reais).

Criada em 2014, a moeda seguia a passos lentos quando Alano se juntou a um grupo de nove pessoas mundo afora para resgatar o projeto e transformaram a ECC num negócio promissor. “Eu entrei na comunidade da ECC para investir, mas decidi fazer parte da equipe porque acredito na moeda”, afirma Alano.

Em um universo com mais de 1.500 moedas criptografadas, a ECC está na posição 223 de mais valiosa, mas o plano é subir. “Estamos em um estágio de profissionalização e em breve vamos ter tudo pronto”, afirma Alano.

Durante o dia, ele se dedica à startup de inteligência artificial Neurologic, da qual é sócio, enquanto noites e fins de semanas são concentrados em desenvolver projetos da ECC, como criar uma carteira da moeda para o sistema MAC e melhorar a performance de utilização da moeda.

Alano é o exemplo extremo de um mercado que cresce cada vez mais no país e tem um ecossistema que abriga desde corretoras de moedas virtuais até uma bolsa de valores para negociá-las, que será lançada em breve.

As três maiores casas brasileiras de câmbio de bitcoin — a moeda mais conhecida e valiosa — tinham mais de 1,4 milhões de pessoas cadastradas no fim do ano passado, mais do que o dobro de pessoas registradas na bolsa brasileira, a B3.

O grande frenesi fez com que a Comissão de Valores Mobiliários proibisse, em janeiro, gestores e administradores de fundos de investirem em criptomoedas.

O Banco Central também tem feito alertas constantes sobre os riscos dessas moedas e seu comportamento “típico de bolha e pirâmide”.

No universo de tantas moedas, cada uma tem uma proposta diferente. O bitcoin tem como objetivo ser uma espécie de moeda que permite que pagamentos sejam enviados diretamente de uma parte para outra sem passar por uma instituição financeira.

A Etherium, por outro lado, foi criada com a proposta de permitir a criação de contratos inteligentes, armazenando todos os arquivos em uma base criptografada.

Na ECC o objetivo é ter múltiplas funcionalidades, com uma plataforma que permitiria desde o armazenamento de dados até a troca de mensagens.

Isso é possível porque, enquanto outras moedas possuem apenas um banco de dados para armazenar as informações, a ECC tem múltiplos banco de dados, que conseguem armazenar diferentes tipos de informação em diferentes locais.

“É como se fosse uma árvore com suas ramificações e cada uma delas com uma função. Isso resolve um problema que as outras moedas têm que é salvar tudo no mesmo banco de dados e com o tempo, se torna impossível encontrar qualquer coisa”, explica Alano.

A moeda foi criada em 2014, mas permaneceu como um projeto abandonado até meados de 2016 quando Griffith, um dos criadores da moeda Bitcoin Cash — a terceira criptomoeda mais valiosa — resgatou o projeto. Griffith é o pseudônimo de um desconhecido americano, assim como o do famoso Satoshi Nakamoto, criador do Bitcoin.

Os pseudônimos, constantemente usados, fazem parte da própria filosofia das criptomoedas como bitcoin, de construir um sistema descentralizado e sem um dono definido.

Além disso, pseudônimos tornam mais fácil lidar com o complicado sistema financeiro, tirando os riscos e a responsabilidade de uma pessoa.

Alano faz parte SOCML, um comitê composto por 100 pessoas ao redor do mundo para discutir inteligência artificial. O comitê realiza uma conferência todos os anos que é financiada por empresas como o Google e o instituto Open AI, instituto do criador da Tesla Elon Musk. O programador brasileiro acredita que seu envolvimento em projetos de inteligência artificial ajudaram a tornar a ECC mais popular.

Atualmente a equipe que trabalha no projeto da ECC conta pessoas de nacionalidades como Estados Unidos, Espanha e Portugal.

Todos se conheceram em fóruns sobre moedas virtuais e acabaram se envolvendo com o projeto em variadas funções como negociação para a entrada da moeda em corretoras e o marketing e a comunicação da ECC.

No total, a comunidade de pessoas que investe, negocia e ajuda de alguma forma a promover a ECC conta com 7.000 pessoas. A moeda, ainda em desenvolvimento, é negociada em poucas corretoras de moeda virtuais.

“Ainda estamos finalizando os produtos da moeda e o objetivo é começar a divulgá-la no terceiro bimestre deste ano”, afirma Alano.

O trabalho de Alano, assim como dos outros, é voluntário. Ao mesmo tempo, ele pode comprar quantas ECCs quiser. Em um universo de tantas moedas, o desenvolvedor sabe que não há espaço para todas, mas aposta na ECC como uma das vencedoras.

O caminho ainda é longo, mas se Alano conseguir sucesso poderá colocar não só a criação da moeda em seu currículo, como também muitas ECCs em sua carteira. Virtual, é claro.

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