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O ano do ouro: metal bate novo recorde e desafia papel do dólar como ativo de confiança

Com inflação em alta e Fed pressionado, metal ganha força como proteção contra juros e instabilidade

Dólar: moeda pode perder espaço para metal precioso (Deagreez/Getty Images)

Dólar: moeda pode perder espaço para metal precioso (Deagreez/Getty Images)

Publicado em 8 de outubro de 2025 às 06h10.

O dólar parece ter encontrado seu oponente mais forte nos últimos meses: o ouro. Na madrugada desta quarta-feira, 8, o metal precioso bateu outro recorde e superou os US$ 4 mil por onça pela primeira vez na história.

Para analistas, o bom resultado foi impulsionado pela busca global por ativos de proteção diante da instabilidade econômica, em especial com a paralisação do governo dos Estados Unidos, inflação elevada e tensões geopolíticas, em seu melhor desempenho desde a década de 1970. No ano, o ouro tem alta acumulada de 53,52%. 

Já o dólar, por sua vez, acumula queda de 7,5% no ano até outubro, segundo dados do Bloomberg Dollar Spot Index.

O movimento recorde do ouro ocorre em um momento de descrença crescente no dólar.

Para Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates e considerado guru de Wall Street, o ouro é “certamente” mais seguro do que a moeda norte-americana. Durante o Greenwich Economic Forum, em Connecticut, Dalio afirmou que o metal é um excelente diversificador de portfólio e recomendou uma alocação de cerca de 15% em ouro na carteira de investimentos.

O bilionário Ken Griffin, da Citadel, também atribuiu o avanço do metal à crescente desconfiança em relação à moeda norte-americana. Em paralelo ao ouro, o dólar, enfraquecido contra todas as principais moedas neste ano, enfrenta sua maior queda também desde os anos 1970.

O cenário remete ao período em que o ouro disparou 15 vezes após a quebra do lastro em ouro e pressões políticas sobre o Fed. Agora, com críticas públicas do presidente Donald Trump à atuação do banco central — incluindo ataques ao presidente Jerome Powell e tentativas de remover a diretora Lisa Cook — a autonomia da autoridade monetária volta a ser colocada à prova.

Compras institucionais impulsionam nova fase do rali

Para analistas, o movimento de alta é sustentado por compras consistentes de bancos centrais, que se tornaram compradores líquidos após a crise financeira de 2008. A aquisição se intensificou após o congelamento das reservas russas em 2022, levando diversos países a reavaliar sua exposição ao dólar.

Somente em setembro, os fundos de índice (ETFs) lastreados em ouro tiveram o maior volume de entradas em mais de três anos. "A quebra da barreira dos US$ 4.000 não se trata apenas de medo, mas de realocação de capital", afirmou Charu Chanana, estrategista da Saxo Capital Markets, em entrevista à Bloomberg.

Projeções para o metal continuam em alta

Com o ouro consolidando um novo patamar, bancos como Goldman Sachs e UBS elevaram suas projeções. A Goldman espera que o metal atinja US$ 4.900 até dezembro de 2026.

Além do ouro, outros metais preciosos também registram valorização. A prata subiu 2,3% e atingiu US$ 48,93 por onça, o maior valor desde 2011. Platina e paládio também avançaram. Para Wall Street, em um sinal claro do apetite do mercado por ativos tangíveis.

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