Nvidia: as margens da empresa estarão sob os holofotes. Os custos ligados ao desenvolvimento da Blackwell podem pressionar as margens brutas (Mandel Ngan/Getty Images)
Editora de Finanças
Publicado em 25 de fevereiro de 2025 às 11h46.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2025 às 14h35.
A Nvidia (NVDA) encerra a temporada de balanços das "7 Magníficas" na quarta-feira, 26, após o fechamento do mercado nos Estados Unidos. A expectativa é alta, pois a companhia quase dobrou sua receita no último trimestre.
A Nvidia deve encerrar um dos anos mais marcantes de sua história com um crescimento expressivo. Analistas consultados pela FactSet projetam que a empresa registre US$ 38 bilhões em receita no trimestre encerrado em janeiro, o que representaria um avanço de 72% na comparação anual.
Caso a previsão se confirme, será o segundo ano consecutivo em que as vendas da Nvidia mais do que dobram. O crescimento acelerado reflete a forte demanda por suas unidades de processamento gráfico (GPUs) voltadas para data centers, essenciais para o desenvolvimento e a operação de sistemas de inteligência artificial, como o ChatGPT, da OpenAI.
Nos últimos dois anos, as ações da empresa valorizaram 478%, tornando a Nvidia a companhia de maior valor de mercado dos Estados Unidos em alguns momentos. O valor da empresa chegou a ultrapassar US$ 3 trilhões, colocando-a entre as gigantes da tecnologia que mais se beneficiam da revolução da inteligência artificial.
A recente queda no preço das ações da Nvidia foi impulsionada pelo avanço da DeepSeek, que desenvolveu um modelo de inteligência artificial menos dependente de GPUs avançadas. No entanto, especialistas sugerem que essa preocupação pode ser exagerada. O analista Matt Britzman, da Hargreaves Lansdown, aponta que a redução nos custos de computação pode, na verdade, ampliar a adoção de IA e, consequentemente, a demanda pelos produtos da Nvidia.
A ascensão da DeepSeek também movimentou as ações de tecnologia. O Hang Seng Tech Index, que reúne as 30 maiores empresas de tecnologia de Hong Kong, subiu quase 33% desde janeiro. O avanço da China no setor de IA tem atraído interesse global, impulsionado por um esforço interno para reduzir a dependência de chips da Nvidia.
Os controles de exportação dos EUA sobre semicondutores avançados aceleraram esse movimento. Empresas como Huawei, Alibaba e SMIC estão desenvolvendo alternativas domésticas para GPUs de alto desempenho. O apoio do governo chinês a empresas privadas também fortaleceu o setor, com o presidente Xi Jinping incentivando diretamente gigantes como Alibaba e Tencent.
Os investidores estarão atentos ao lançamento da nova geração de chips da Nvidia, a linha Blackwell. A companhia já enfrentou restrições de fornecimento no último trimestre, e qualquer sinal de dificuldades pode afetar suas margens de lucro.
Além disso, as margens da empresa estarão sob os holofotes. Os custos ligados ao desenvolvimento da Blackwell podem pressionar as margens brutas, e qualquer valor abaixo dos 73,5% projetados pode gerar reações negativas do mercado.
*Com agências internacionais