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Novos leilões de dólar, avanço do pacote fiscal e PCE dos EUA: o que move o mercado

Investidores também repercutem a manutenção da taxa de juros pelo Banco do Povo da China (PBoC)

Radar: pacote fiscal será o centro das atenções do mercado nesta sexta-feira, 20 (Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Radar: pacote fiscal será o centro das atenções do mercado nesta sexta-feira, 20 (Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 20 de dezembro de 2024 às 08h06.

Os mercados seguem acompanhando a flutuação do dólar nesta sexta-feira, 20. Depois de dias consecutivos de recorde, o dólar cedeu na tarde desta última quinta-feira, 19, com o avanço do pacote fiscal no Congresso e as intervenções do Banco Central (BC). Antes do humor mudar, a moeda chegou à casa dos R$ 6,30, mas passou a cair fechando em -2,32% aos R$ 6,122.

Ontem, para tentar conter a forte oscilação da divisa americana, o BC realizou das 9h15 às 9h20, um leilão de venda de dólares à vista no valor de US$ 3 bilhões, com diferencial de corte de 0,000300.

Entretanto, assim como as outras, a intervenção da autoridade monetária não surtiu tanto efeito e a moeda seguiu valorizando. Em uma nova tentativa, o BC realizou um novo leilão à vista de até US$ 5 bilhões entre 10h35 e 10h40. Esse segundo movimento, por sua vez, ajudou o real a apreciar-se.

Nesta sexta-feira, 20, o Banco Central realizará dois novos leilões no mercado de câmbio. Serão oferecidos até US$ 7 bilhões, sendo cerca de US$ 3 bilhões em leilão à vista (9h15) e US$ 4 bilhões em linha, divididos em duas operações (10h20 e 10h40).

Com estas injeções adicionais, o BC promete fazer a maior intervenção da história, em um total de US$ 27,760 bilhões em dezembro desde o dia 12 de dezembro. O recorde até agora era de US$ 23,354 bilhões em março de 2020, início da pandemia de Covid-19.

Os leilões do BC até então foram:

  • 12 de dezembro: dois leilões de linha, totalizando US$ 4 bilhões
  • 13 de dezembro: venda de US$ 845 milhões no mercado à vista
  • 16 de dezembro: intervenção de US$ 4,627 bilhões, sendo US$ 3 bilhões em leilões de linha e US$ 1,627 bilhão à vista
  • 17 de dezembro: venda de US$ 3,287 bilhões à vista
  • 19 de dezembro: operação de US$ 8 bilhões no mercado à vista, sendo divididos em dois leilões, um de US$ 3 bilhões e outro de US$ bilhões
  • 20 de dezembro: expectativa para novos dois leilões, sendo cerca de US$ 3 bilhões em leilão à vista (9h15) e US$ 4 bilhões em linha, divididos em duas operações (10h20 e 10h40)

Avanço no pacote fiscal

O Senado Federal aprovou na noite de quinta-feira, 19, por 72 votos favoráveis e um contra, a primeira proposta do pacote de corte de gastos do governo, já aprovada pela Câmara dos Deputados. A nova lei complementar proíbe a concessão de novos benefícios fiscais em caso de déficit nos cofres públicos. Os senadores ainda analisam destaques que podem alterar a proposta.

Na sequência, o Senado aprovou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelece novas diretrizes para o abono salarial e renova a desvinculação de receitas da União. A medida, também parte do pacote fiscal proposto pelo Ministério da Fazenda, foi aprovada com 53 votos a favor e 21 contrários.

O texto aprovado no Senado é praticamente idêntico ao que já havia sido aprovado na Câmara dos Deputados.

Entre as mudanças, estão as novas regras para o abono salarial (PIS/Pasep), que tornam o acesso ao benefício mais restrito. A PEC também amplia a possibilidade de uso de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), buscando reduzir os encargos financeiros da União, estados e municípios com despesas educacionais.

Dividida em três partes, o Senado vota nesta sexta-feira, 20, o último projeto de lei que finaliza o pacote de corte de gastos do governo. A proposta prevê mudanças nas regras de reajuste do salário mínimo, além de ampliar a fiscalização para o recebimento do Benefício de Prestação Continuada (BPC).

O avanço do pacote fiscal dá um fôlego ao mercado. No entanto, a desidratação do pacote, em que 19 trechos já foram alterados, como a medida contra os supersalários na administração pública, que saiu enfraquecida do Congresso. Ou seja, a tentativa de impor um dispositivo para extinguir brechas que permitem os altos salários fracassou.

Na entrega do plano para corte de gastos, o governo estimou uma economia de R$ 71,9 bilhões em dois anos. Com as mudanças, agora estima-se R$ 70 bilhões. Entretanto, projeções do mercado apontam que o cálculo deva ser muito menor, em torno de R$ 40 a R$ 50 bilhões, o que colabora para a manutenção do temor fiscal.

PCE dos EUA

Ontem, na terceira e última leitura, o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no terceiro trimestre foi revisado de alta anualizada de 2,8% – que também era a expectativa – para 3,1%. No segundo trimestre, o crescimento foi de 3%.

Hoje, o destaque é para o Índice de Preço de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês), que será divulgado às 10h30. A Genial Investimentos estima que a renda pessoal de novembro registre uma alta de 0,4%, ante os +0,6% de outubro. Já o gasto pessoal deverá vir em +0,5%, frente aos +0,4% registrados no mês anterior.

China mantém juros

Ainda de olho no exterior, o Banco do Povo da China (PBoC) optou por manter inalteradas as taxas de referência para empréstimos, com a LPR de um ano fixada em 3,1% e a de cinco anos em 3,6%. A decisão chamou a atenção dos investidores, em meio a sinais de que o país segue implementando uma política monetária mais flexível, embora de forma gradual.

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