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Nota da Petrobras na Moody's supera a da S&P e Fitch

Apesar da diferença, as três instituições são unânimes ao alertar sobre nível do endividamento da Petrobras diante do ambicioso plano de investimento da estatal


	Plataforma da Petrobras: a Moody's alerta para a ingerência do governo federal sobre a companhia
 (Germano Luders/EXAME)

Plataforma da Petrobras: a Moody's alerta para a ingerência do governo federal sobre a companhia (Germano Luders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2013 às 17h23.

São Paulo - Mesmo com o rebaixamento da nota de classificação de risco da Petrobras anunciado na noite da quinta-feira, 03, a Moody's ainda atribui à estatal um rating melhor que o dado pelas agências Standard & Poor's (S&P) e Fitch Ratings.

Apesar da diferença, as três instituições são unânimes ao alertar sobre o nível do endividamento da Petrobras diante do ambicioso plano de investimento da estatal para os próximos anos - principal motivo citado pela Moody's para piorar a avaliação da companhia petrolífera.

A Moody's rebaixou o rating da dívida de longo prazo em moeda local e estrangeira de "A3" para "Baa1" com perspectiva negativa. Com isso, a estatal petrolífera passa a contar com a oitava melhor nota na escala da agência, um patamar acima do rating brasileiro que é "Baa2".

Nas demais grandes classificadoras de risco, a Petrobras conta com nota "BBB" na Standard & Poor's e "BBB+" na Fitch. Nos dois casos, a nota é a nona melhor e está no mesmo patamar da avaliação soberana brasileira. Ou seja, a nota da Moody's é melhor do que da S&P e Fitch.

"Vemos a alavancagem da Petrobras em níveis próximos ao pico em 2013 e 2014, significativamente mais altos do que aqueles de seus pares da indústria, e provavelmente apenas vai declinar de 2015 em diante", disse Thomas Coleman, vice-presidente da Moody's ao explicar o rebaixamento. O problema da estatal, porém, não se limita à dívida.

A Moody's alerta para a ingerência do governo federal sobre a companhia. O relatório cita "ligações crescentes entre a Petrobras e o rating soberano".

Isso acontece porque o "governo está desempenhando um papel maior de supervisão na direção estratégica da Petrobras, no desenvolvimento dos campos de petróleo e na promoção de políticas de conteúdo local".

A agência também destaca "fortes laços com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que também está envolvido de perto como acionista da Sete Brasil, nova entidade encarregada de supervisionar a evolução das sondas de perfuração".


Os analistas da Moody's advertem também que a permanência da perspectiva negativa para a nota da empresa significa que o rating da Petrobras pode ser rebaixado no futuro "como resultado de progresso limitado no ajuste e flexibilidade no programa de investimento, se a alavancagem financeira aumentar e for mantida com a relação dívida/Ebitda acima de 4 ou se o crescimento da produção ficar abaixo das metas".

"Relações crescentes com o governo também poderiam pressionar os ratings", completa o documento.

O tom da Moody's é mais forte que o observado recentemente nas demais agências de classificação de risco. Por enquanto, S&P e Fitch não têm uma programação de curto prazo para a nota da Petrobras. Na Fitch, a mais recente revisão da nota da companhia foi em março de 2013.

Na S&P, a revisão é ainda mais recente: 30 de agosto. Não existe um calendário fixo para as próximas análises, mas as companhias são monitoradas permanentemente pelas agências e revisões mais aprofundadas podem ser feitas anualmente ou sempre quando há mudanças significativas na situação da companhia.

Mas isso não quer dizer que alertas já não tenham sido emitidos e a dívida parece ser o tema mais preocupante. Para a S&P, "em decorrência do considerável plano de investimentos da Petrobras, de US$ 236 bilhões para o período entre 2013 e 2017, esperamos que a empresa apresente fluxo de caixa operacional livre negativo até 2015". Como resultado, a estatal deve registrar aumento da dívida anual em torno de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões, previu a agência em agosto.

Em março, a Fitch também emitiu uma avaliação negativa sobre a dívida, mas em tom um pouco menos preocupante. "A Fitch acredita que a companhia registrará fluxo de caixa livre negativo nos próximos cinco anos e maior alavancagem à medida que continua realizando grandes investimentos. A política de preços domésticos dos produtos refinados, atualmente abaixo dos preços internacionais, também deve influenciar o tamanho do déficit de fluxo de caixa", avaliou a agência em março. Para a Fitch, "a necessidade de empréstimos da Petrobras será superior aos US$ 12 bilhões por ano" nos próximos anos.

Apesar dessa avaliação negativa, S&P e Fitch demonstraram, nas revisões mais recentes, expectativa positiva para o futuro de mais longo prazo da companhia estatal - tom mais otimista que o da Moody's. "As perspectivas positivas de negócios para a Petrobras em sua divisão de exploração e produção, o acesso provado ao mercado e a flexibilidade financeira muito boa, incrementados por ter o governo como controlador, mitigam os fatores negativos", diz a S&P. A Fitch também considera a perspectiva de longo prazo com viés positivo. "As métricas deverão se recuperar à medida que a companhia monetize cada vez mais suas grandes reservas de petróleo e que os preços locais dos produtos refinados se alinhem aos preços internacionais", avalia a Fitch.

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