Invest

Nos EUA, aumento nas emissões de Treasuries acende sinal de alerta em Wall Street

Mercado do Tesouro cresceu mais de 60%, para US$ 27 bilhões, desde o fim de 2019

 (Jake Wyman/Getty Images)

(Jake Wyman/Getty Images)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 25 de março de 2024 às 18h23.

Última atualização em 25 de março de 2024 às 18h46.

A emissão anual de títulos do Tesouro dos Estados Unidos tem aumentado expressivamente, quase duplicando desde o início da pandemia, deixando Wall Street em alerta.

O governo vendeu um valor recorde de US$ 23 bilhões em títulos em 2023. Poucas pessoas pensam que essa onda vai abrandar em breve, dada a expectativa generalizada de que os gastos do governo continuarão aumentando, independentemente de quem vencer as eleições de novembro.

O mercado do Tesouro cresceu mais de 60%, para US$ 27 bilhões, desde o fim de 2019. É cerca de seis vezes maior do que antes da crise financeira de 2008 e 2009. O Gabinete Orçamental do Congresso prevê que os gastos do governo continuarão aumentando nos próximos anos, com o envelhecimento da população elevando os custos de programas como a Segurança Social e o sistema de saúde. O aumento dos custos com juros também poderá impulsionar as emissões.

O crescimento do mercado não é a única coisa que preocupa os investidores: alguns também temem as novas regras que estão mudando a forma como as negociações funcionam. Isso poderia ajudar a aliviar as tensões, mas também criar consequências imprevistas, como a escassez de dinheiro em 2019 e 2020, que complicou as negociações e aumentou as taxas de juro. "Nenhuma dessas regulamentações resolve a pilha crescente de dívidas do Tesouro", disse o diretor associado de pesquisa do Programa de Estabilidade Financeira de Yale, Steven Kelly.

Um mercado em mudança

O aumento das vendas de títulos provocou turbulência no mercado no outono local passado, levando o Tesouro a passar a vender mais dívida de curto prazo. O montante das letras — aquelas com vencimentos de um ano ou menos — aumentou para 22,4% da dívida pendente, acima do limite recomendado de 20% estabelecido pelo comitê que aconselha o governo.

Desde então, a procura tem sido mais do que adequada. Os investidores ainda não exigem compensação extra para deter títulos do Tesouro de longo prazo. O chamado prêmio de prazo é, na verdade, negativo.

Uma das razões pelas quais a procura por títulos do Tesouro permanece sólida é que menos alternativas. Muitas empresas emitiram títulos de longo prazo quando a pandemia fez com que as taxas de juro se aproximassem de zero, e depois abrandaram os empréstimos quando a Fed começou a aumentá-los. O mercado de títulos garantidos por hipotecas (MBS, na sigla em inglês) está quase congelado, com poucos americanos se movimentando no mercado imobiliário.

Compradores diferentes

Os bancos reduziram a compra de títulos do Tesouro nos últimos anos, limitados pelas regulamentações pós-crise que estão prestes se tornar ainda mais restritivas. Os fundos de hedge, os fundos do mercado monetário e os investidores estrangeiros são agora os principais financiadores de dívidas dos EUA.

Os fundos do mercado monetário estão desfrutando de entradas recorde, adquirindo Treasuries de curto prazo em massa. Mas eles são obrigados a investir apenas em contas.

Os fundos de hedge — agrupados com as famílias nos dados do Fed — preencheram principalmente a lacuna deixada pelo banco central que está reduzindo suas participações em títulos acumulados, como um de seus esforços para apoiar a economia. Mas pelo menos uma negociação popular envolvendo Treasuries e futuros de Treasuries deixou os reguladores nervosos. As novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (SEC) poderão reduzir a sua rentabilidade.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)Fed – Federal Reserve System

Mais de Invest

Renda fixa ou dividendos? Analista prefere ações mesmo com Selic a 11,25%

Graças a recado de Lula, ‘gatilho’ para o rali da bolsa pode ser acionado nas próximas semanas

Quanto devo investir aos 30 anos para juntar R$ 1 milhão na aposentadoria?

CEO da Exxon defende que Trump mantenha EUA no Acordo de Paris