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Nos EUA, a nova fronteira do lítio que pode mudar a dinâmica da transição energética

País anunciou uma megarreserva do componente crucial de baterias de veículos elétricos em Arkansas; coleta depende ainda da capacidade das empresas de ampliar novos métodos de extração

Hoje, a salmoura é colocada em grandes lagoas até que o líquido tenha evaporado, o que aumenta a concentração de lítio (zambezi/envato)

Hoje, a salmoura é colocada em grandes lagoas até que o líquido tenha evaporado, o que aumenta a concentração de lítio (zambezi/envato)

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Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 23 de outubro de 2024 às 11h02.

Última atualização em 23 de outubro de 2024 às 11h38.

Pesquisadores do Serviço Geológico dos Estados Unidos e do governo do Arkansas anunciaram na segunda-feira que encontraram um verdadeiro "tesouro" de lítio, uma matéria-prima essencial para baterias de veículos elétricos, em um reservatório subterrâneo no estado do sul do país.

De acordo com reportagem do The New York Times, com a ajuda de testes de água e machine learning, os pesquisadores determinaram que pode haver de 5 milhões a 19 milhões de toneladas de lítio — mais do que o suficiente para atender a toda a demanda mundial pelo metal — em uma área geológica conhecida como Formação Smackover. Várias empresas, incluindo a Exxon Mobil, estão desenvolvendo projetos no Arkansas para produzir lítio.

“Estimamos que há lítio o suficiente na região para substituir as importações dos Estados Unidos e mais", disse Katherine Knierim, principal pesquisadora responsável pelo estudo. 

Se a coleta de lítio irá se consolidar na região vai depender da capacidade dessas empresas de ampliar novos métodos de extração. A técnica de processamento que a Exxon e outras companhias estão buscando no Arkansas, conhecida como extração direta de lítio, geralmente custa mais do que os métodos mais convencionais, de acordo com a empresa de consultoria Wood Mackenzie.

As empresas de energia e mineração há muito produzem petróleo, gás e outros recursos naturais no Smackover, que se estende do Texas à Flórida. E os pesquisadores federais e estaduais disseram que o lítio poderia ser extraído do fluxo de resíduos das salmouras das quais as empresas extraíam outras formas de energia, segundo o NYT.

Incentivo para a indústria

A indústria de energia, com o incentivo do governo Biden, tem trabalhado cada vez mais para produzir as matérias-primas necessárias para as baterias de íons de lítio nos Estados Unidos. Alguns projetos começaram recentemente, e muitos outros estão em vários estágios de estudo e desenvolvimento em todo o país.

A maior parte do lítio do mundo é produzida na Austrália e na América do Sul. A maioria é então processada na China, que também domina a fabricação de baterias de veículos elétricos.

O lítio já é extraído da salmoura no Chile, um dos maiores produtores mundiais do metal. As empresas que operam lá normalmente colocam a salmoura em grandes lagoas até que o líquido tenha evaporado, o que aumenta a concentração de lítio, mas também deixa para trás vários minerais. Esse processo é relativamente barato, mas leva tempo e pode afetar o suprimento de água doce.

Várias empresas esperam que a extração direta de lítio permita que elas removam o metal da salmoura de forma mais eficiente com a ajuda de filtros e outras ferramentas. Essa abordagem usaria menos terra e poderia ter um impacto ambiental menor do que as lagoas de evaporação. Mas pode levar anos para que as empresas de mineração e energia aperfeiçoem a tecnologia e a apliquem em larga escala.

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