Joe Biden, presidente eleito dos Estados Unidos (Damir Sagolj/Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 9 de novembro de 2020 às 12h01.
A semana começa com a reação positiva de investidores à confirmação da vitória Joe Biden nas eleições americanas. O anúncio no sábado, 7, de que o democrata obteve com alguma folga o número de delegados necessários para vencer a disputa com o republicano Donald Trump no colégio eleitoral é, sem dúvida, o grande acontecimento que vai ditar os mercados nesta segunda-feira, 9.
Os índices futuros ligados às bolsas americanas operam em alta nas primeiras horas desta segunda-feira -- o índice Dow Jones avançava 300 pontos e o S&P 500 subia mais de 100 pontos às 7h de Brasília. O dólar, por sua vez, perdia valor em relação a outras moedas. As bolsas asiáticas fecharam em alta -- Tóquio subiu 2,12% -- e os índices europeus também começaram a semana no azul -- o Stoxx 600 avançava 1,5% às 7h de Brasília.
Para o Goldman Sachs, em relatório distribuído a clientes no fim de semana, "os resultados das eleições aumentaram as probabilidades de aprovação de (um novo pacote de) estímulos fiscais em dezembro".
Há dois cenários considerados mais prováveis pelo banco de investimentos, em análise assinada pelo chefe de análises politico-econômicas nos Estados Unidos, Alec Phillips: um deles prevê a aprovação de um pacote mais brando no mês que vem, alinhando interesses de democratas e republicanos em temas como o programa que ajuda pequenas empresas a pagar seus funcionários, e o adiamento de medidas mais robustas para o início de 2021.
O outro cenário, considerado ligeiramente mais provável, prevê a aprovação de um pacote mais abrangente já em dezembro. Phillips aponta três razões principais para sustentar sua visão, entre as quais o entendimento de que nenhum dos dois partidos terá a ganhar com o adiamento diante das perspectivas de que o Senado deve continuar como está, ou seja, com controle republicano.
Trump e seu comitê de campanha entraram com diferentes ações para contestar os resultados em alguns estados, mas especialistas em legislação eleitoral americana e análise política dizem que as probabilidades de sucesso em reverter a vitória de Biden são reduzidas. Eles citam que as alegações em si de irregularidades não devem encontrar respaldo na justiça dadas as decisões anteriores e que, mesmo isso aconteça em um ou outro estado, seria insuficiente para mudar o quadro no colégio eleitoral.
É a visão de Phillips, do Goldman Sachs. Ele pondera que ainda que haja incertezas sobre pontos legais e recontagens de votos em alguns estados, "nenhuma dessas questões parece mudar o resultado geral, uma vez que Biden lidera em estados que podem lhe render (uma vitória com) 306 votos no colégio eleitoral". São necessários 270 para ganhar a disputa.
No Brasil, as atenções de investidores estarão voltadas às reações do mercado à eleição de Biden mas também a notícias corporativas. Logo pela manhã, às 10h, o e-commerce de produtos usados Enjoei faz a sua estreia no pregão da B3. A oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) da companhia movimentou cerca de 1,1 bilhão de reais, segundo dados revelados na sexta-feira. A operação sinaliza que há apetite de grandes investidores por startups que tenham um modelo de negócios considerado consistente, com desempenho e dados de crescimento que sinalizem perspectiva de valorização da companhia.
No fim do dia, depois do fechamento do mercado, serão divulgados os resultados trimestrais do Magazine Luiza, da Linx e da Itaúsa -- são três companhias que estão se destacando no noticiário nas últimas semanas ou dias.
O Magazine Luiza é uma das empresas que mais cresceram no ano em meio à pandemia, tomando proveito do forte crescimento do comércio online. As suas ações subiram quase 130% desde o fim do ano passado. A Linx, por sua vez, é alvo da disputa empresarial do ano, para que seja adquirida ou pela Stone ou pela Totvs. Já a Itaúsa pode ser tornar indiretamente a maior acionista da XP Inc., caso os planos revelados pelo Itaú Unibanco de segregar a sua fatia na holding de investimentos a partir de 2021 sejam concretizados.