Mercados

No México, investidores apostam em criptomoeda picante

Empresários mexicanos criaram uma moeda digital ligada diretamente à produção de chiles habaneros

Chile habanero: uma unidade da moeda corresponde a um metro quadrado da produção da pimenta (FotoCuisinette/Thinkstock)

Chile habanero: uma unidade da moeda corresponde a um metro quadrado da produção da pimenta (FotoCuisinette/Thinkstock)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 10 de fevereiro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 10 de fevereiro de 2018 às 06h01.

São Paulo -- Empresários do setor agrícola do México estão aproveitando a onda das moedas digitais para produzir pimentas. Desde agosto do ano passado, a empresa Amar Hidroponia passou a oferecer a agrocoin, uma criptomoeda ligada diretamente à produção de chiles habaneros.

Funciona assim: ao adquirir uma unidade da moedinha, o investidor se torna "dono" de um metro quadrado da plantação. A cada três meses, ele recebe dividendos sobre a produção e, após um ano, o restante de sua parte nos lucros.

Ao site El Economista, Arteaga Vega, diretor da Amar Hidroponia, disse que o plano da empresa era conseguir pulverizar os investimentos, atraindo mais pessoas.

"Vimos no blockchain, que é a tecnologia que utilizam as criptomoedas, uma oportunidade para oferecer pequenas participações em nossa produção", afirmou ele.

Para o diretor, a agrocoin deve ser encarada pelos investidores mais como uma forma de investimento do que como um instrumento de especulação, "como acontece com outras moedas, como a bitcoin".

A meta da empresa é emitir 1 milhão de agrocoins, equivalentes à área de 100 hectares. "Até agora, apenas cinco hectares foram garantidos, mas ganhamos, em média, 30 novos investidores por dia", disse Rodrigo Domenzain, presidente da empresa.

Segundo as informações disponíveis na plataforma da agrocoin, a compra mínima é de 10 unidades. Inicialmente, cada unidade tem o preço fixo de 500 pesos mexicanos (que equivalem a quase 88 REAIS).

Por enquanto, não há um mercado secundário da moeda, o que não permite que os investidores se desfaçam de suas posições no curto prazo.

A empresa estabeleceu um período de restrição à venda (lock-up) para aqueles que comprarem as moedas na fase inicial do projeto. Após um ano da oferta, assegura a empresa em seu site, será lançada uma plataforma para que os investidores negociem as moedas entre eles. 

ICO

Financiar um projeto com a criação de criptomoedas não é exclusividade da Amar Hidroponia. Os chamados ICOs (sigla em inglês para oferta inicial de moedas) viraram febre no exterior, movimentando, só no ano passado, mais de 3,3 bilhões de dólares ao redor do mundo.

A operação é parecida com um IPO, que é quando uma companhia vende suas ações ao público pela primeira vez. Só que no caso do ICO, as empresas continuam com o capital fechado.  No lugar dos papéis, elas oferecem aos investidores a oportunidade de comprar uma moeda digital. O rendimento e a forma de remuneração variam de operação para operação.

Acompanhe tudo sobre:CriptomoedasMéxico

Mais de Mercados

B3: estrangeiros retiram na Super Quarta metade do valor sacado no mês

Iene em alta e dólar em queda: por que a desvalorização da moeda americana deve se acelerar

Do campo à Faria Lima, dívida da Agrogalaxy passa de R$ 4,5 bilhões

"Emergentes podem voltar a ser os queridinhos do mercado", diz Luiz Fernando Araujo, da Finacap