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No Fed, maioria prevê mais dois cortes de juros até o final do ano

Nas projeções anteriores, o colegiado do Banco Central dos Estados Unidos apontavam para apenas dois cortes em 2025

 (Samuel Corum/Bloomberg)

(Samuel Corum/Bloomberg)

Publicado em 17 de setembro de 2025 às 15h28.

Última atualização em 17 de setembro de 2025 às 16h07.

Junto com a decisão que reduziu os juros básicos da economia americana em 0,25 ponto percentual, o Federal Reserve também divulgou seu "gráfico de pontos", no qual traz projeções para importantes indicadores da economia.

Nove dirigentes da autoridade monetária projetam que os juros estejam na faixa entre 3,5% e 3,75%. Como a taxa agora está entre 4% e 4,25%, a projeção presume uma redução de mais 0,50 ponto percentual, que pode ser diluída em dois cortes nas duas próximas reuniões que o Fed vai realizar este ano.

"É um upgrade, uma mudança no sentido do que o mercado queria ver. Em junho o Fed estava prevendo apenas dois cortes", lembra Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

“O comitê julgou que o principal risco que precisa ser manejado no momento está no emprego, sinalizando mais dois cortes ainda neste ano. Acreditamos em mais um terceiro corte no início próximo ano. Isso sinaliza ao mercado que a política monetária vai agir para evitar o risco de desaceleração mais abrupta no mercado de trabalho. O Fed reconhece que a inflação está subindo e deve continuar elevada, mas, dado o balanço de riscos, o órgão preferiu focar no emprego”, explica Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, sobre a decisão.

Seis dirigentes projetam juros entre 4,00% e 4,25% no fim deste ano e apenas 1 acredita que não haverá novos cortes.

Para o ano que vem, as projeções de juros estão um pouco mais divididas. Seis dirigentes projetam juros entre 3,50% e 3,75% no fim de 2026. Dois projetam taxa entre 3,75% e 4,00%. Outros dois, preveem juros entre 3,25% e 3,5%. E quatro dirigentes apostam na taxa entre 3% e 3,25%.

Primeiro corte do ano

Após muita expectativa e pressões políticas intensas, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) decidiu cortar a taxa básica de juros pela primeira vez em nove meses. O corte, de 0,25 ponto percentual, reduz o intervalo dos juros de 4,25% e 4,5% para 4% e 4,25%.

O movimento já era amplamente aguardado, e as recentes quedas no mercado de trabalho e os dados de crescimento fraco nos EUA criaram espaço para a decisão.

A ferramenta FedWatch, do CME Group, tinha 93% das apostas prevendo queda de 0,25 ponto percentual.

A decisão não foi unânime. Stephen Miran, diretor indicado por Donald Trump e que acabou de assumir um assento no colegiado, votou por uma redução ainda maior dos juros, em 0,50 ponto percentual.

Dados econômicos mais fracos abriram espaço para a decisão

"Indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade econômica moderou-se na primeira metade do ano. Os ganhos de emprego desaceleraram, e a taxa de desemprego subiu ligeiramente, mas continua baixa", diz o comunicado que acompanha a decisão

O desemprego nos Estados Unidos subiu para os níveis mais altos desde 2021, e a criação de empregos em agosto foi muito abaixo das expectativas, com apenas 22 mil postos de trabalho adicionados à economia.

Além disso, uma revisão dos dados de mercado de trabalho revelou que, entre março de 2023 e março de 2024, a economia dos EUA perdeu 911 mil empregos, reforçando as preocupações com uma desaceleração econômica.

Por outro lado, a inflação ainda continua sendo uma pedra no sapato do Fed, com o CPI subindo em agosto e ficando acima da meta. "A inflação aumentou e permanece um pouco elevada", reconhece.

"O Comitê busca alcançar o pleno emprego e uma inflação de 2% ao longo do tempo. A incerteza sobre as perspectivas econômicas continua alta. O Comitê está atento aos riscos em ambas as frentes de seu mandato duplo e considera que os riscos para o emprego aumentaram", continua o texto.

O presidente Donald Trump vinha pressionando o Fed para reduzir as taxas de juros. O republicano tem sido um crítico constante do Fed, acusando a instituição de não cortar os juros de forma agressiva o suficiente, o que, segundo ele, poderia ajudar a impulsionar o crescimento econômico.

Analistas alertam que o Fed vai precisar equilibrar essa pressão política com suas responsabilidades de controlar a inflação e estimular o emprego.

"Comitê estará preparado para ajustar a postura da política monetária conforme necessário, caso surjam riscos que possam impedir a obtenção dos objetivos do Comitê", conclui o comunicado do Fed.

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