IBOVESPA: parece que a pessoa física está mais animada com as “oportunidades” do que com medo (Germano Lüders/Exame)
Felipe Giacomelli
Publicado em 1 de abril de 2020 às 09h26.
Última atualização em 1 de abril de 2020 às 15h02.
Para quem achava que a pessoa física estava (só) assustada e em pânico com o pior mês no mercado de ações em décadas, uma planilha curtinha de oito linhas e cinco colunas no site da B3 pode mudar essa percepção.
O investidor individual fez um investimento líquido no mercado de ações de 2 a 26 de março, auge do estresse, de 15 bilhões de reais. O “pequeno” aplicador foi responsável por 7,17% das vendas nesse intervalo, mas por 8,27% das compras.
Foi, disparado, o maior comprador líquido do período.
O saldo supera o dobro da captação líquida de fundos de ações nesse período e já deixou o mercado de queixo caído por ter sido positiva. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) apontam que, até o dia 26, as carteiras de ações atraíram 7 bilhões de reais em novos aportes, enquanto as carteiras de renda fixa tiveram saída de 23 bilhões de reais.
Pelo relatório da B3, os institucionais nacionais assumiram 15,81% das vendas e 16,06% das compras, o que dá um saldo positivo de 3,5 bilhões. Esse número impressiona por estar no azul, mas é tímido perto da disposição dos investidores individuais com suas aplicações diretas.
Parece que para a pessoa física as “oportunidades” superam o medo. Cerca de 1,2 milhão de brasileiros, vale lembrar, passaram a investir na bolsa nos últimos quatro anos, e tem agora seu batismo de fogo. Mas não é possível saber por quanto tempo essa disposição vai predominar.
O estrangeiro, que já vinha batendo em retirada antes de a pandemia da covid-19 chacoalhar o mercado brasileiro, foi o grande vendedor líquido da bolsa. Tirou mais 21 bilhões de reais do país de 2 a 26 de março. O estrangeiro já tinha retirado quase 45 bilhões da B3 no começo do ano, até 6 de março – mais do que todo ano de 2019.