Mercados

Ninguém mais sabe quanto vale a Vale

Nova leva de revelações e de interrupções reforçam as incertezas sobre as consequências do desastre de Brumadinho para o futuro da empresa

VALE: mineradora acumula 24% de queda na bolsa desde o rompimento da barragem de Brumadinho  / REUTERS/Adriano Machado (Adriano Machado/Reuters)

VALE: mineradora acumula 24% de queda na bolsa desde o rompimento da barragem de Brumadinho / REUTERS/Adriano Machado (Adriano Machado/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2019 às 06h21.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2019 às 09h02.

Afinal, quanto vale a Vale? A pergunta voltou a dominar as mesas de negociação na tarde de ontem após a mineradora envolvida em dois rompimentos de barragem voltar a cair com força na bolsa nesta quarta-feira. Os papéis caíam desde a abertura do mercado, mas intensificaram a baixa durante a tarde com a notícia de que a mineradora está impedida de operar a barragem de Laranjeiras.

A decisão foi tomada pela SEMAD (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável), que cancelou a autorização provisória da companhia para operar a barragem. Em nota, a Vale informou também que foi determinada pela SEMAD a suspensão imediata da mina de Jangada por entender que a licença de operação da mina está unificada à licença de operação da mina Córrego de Feijão, a despeito das minas terem atos autorizativos distintos.

As ações da Vale fecharam o pregão com baixa de 4,63%, cotadas a 42,46 reais cada uma. A negociação dos papéis chegou a ser suspensa pela B3 entre 17h26 e 17h46 (de Brasília). Desde o estouro da barragem em Brumadinho, as ações acumulam perda de 24,4%.

A notícia da proibição de operar mais duas barragens voltou a mostrar a investidores que as consequências do rompimento da barragem de Brumadinho ainda são incalculáveis. Elas vêm em duas frentes: de imagem e operacional.

No lado da imagem, a informação revelada ontem de que inspetores da companhia alemã Tüv Süd alertaram a mineradora de problemas nos sensores da barragem pelo menos dois dias antes do rompimento ganharam destaque em veículos internacionais como o Wall Street Journal, ontem. Segundo os depoimentos, o engenheiro que atestou a estabilidade da barragem diz ter sido pressionado pela Vale.

Segundo operadores ouvidos por EXAME, o maior volume de vendas de ações da Vale nos dias seguintes ao rompimento foi realizado por acionistas estrangeiros, que detêm 48% dos papéis da empresa. Muitos desses são fundos de pensão que seguem rígidas regras de governança que os impedem de fazer aplicações em empresas de imagem negativa. Fundos como o soberando da Noruega e o sueco AP Funds sinalizaram que pretendiam recomendar a retirada da Vale de suas carteiras.

Do lado operacional, as sucessões de multas, interrupções e indenizações tiram capacidade operacional da mineradora, mas também encarecem o acesso à crédito e comprometem o planejamento da companhia. Após o rompimento da barragem da Samarco, há três anos, as ações da Vale, co-controladora da mineradora, chegaram a cair 45%. Desta vez, a resposta mais rápida da mineradora, se prontificando a descomissionar 10 barragens semelhantes à de Brumadinho, acalmou os mercados por um tempo, mas a nova leva de notícias abre novas frentes de incerteza.

Desde 2010, quando uma plataforma de petróleo explodiu no golfo do México, a britânica BP teve que desembolsar um total de 67 bilhões de dólares em pedidos de indenização e outras contingências. A Vale já teve 12 bilhões de reais bloqueados, e é alvo de processos na Justiça americana e de incalculáveis despesas no Brasil.

Questionado sobre quanto vale a mineradora, um operador diz que tudo que pode responder é que a quinta-feira deve ser mais um dia difícil na bolsa. Para a Vale, as análises, agora, são dia a dia.

Acompanhe tudo sobre:ValeMortesExame HojeBrumadinho (MG)

Mais de Mercados

Depois de Nvidia, Intel agora sonda Apple para parceria, diz agência

Assaí aciona Justiça para se proteger de dívidas tributárias do GPA

Oracle prevê levantar US$ 15 bilhões com emissão de títulos corporativos

Ibovespa fecha em ligeira alta e garante novo recorde de fechamento