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Nike planeja realocar produção e subir preços nos EUA para driblar tarifas; ações sobem 13%

Com impacto bilionário nas importações, empresa quer reduzir dependência da China e vê ações dispararem após divulgação de resultados

Nike: empresa vai diminuir a dependência da produção chinesa para abastecer o mercado americano (Cheng Xin/Getty Images)

Nike: empresa vai diminuir a dependência da produção chinesa para abastecer o mercado americano (Cheng Xin/Getty Images)

Publicado em 27 de junho de 2025 às 14h57.

Última atualização em 27 de junho de 2025 às 15h38.

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A Nike anunciou que pretende diminuir a dependência da produção chinesa para abastecer o mercado americano, como forma de mitigar os impactos das tarifas impostas pelo governo de Donald Trump.

A decisão foi informada na última quinta-feira, 26, após a divulgação dos resultados do quarto trimestre fiscal, que superaram as expectativas do mercado e fizeram as ações da empresa subirem 13% no after-market.

As tarifas sobre importações impostas por Trump podem adicionar cerca de US$ 1 bilhão aos custos da Nike, segundo executivos da companhia. Hoje, cerca de 16% dos calçados vendidos pela marca nos EUA são importados da China. Com a realocação da produção para outros países, a meta é reduzir esse número para um patamar abaixo de 10% até o fim de maio de 2026.

"Vamos otimizar nossa cadeia de fornecimento e redistribuir a produção entre os países para amenizar essa nova pressão de custos nos Estados Unidos", afirmou o diretor financeiro Matthew Friend durante teleconferência com investidores. O executivo também disse que a empresa está avaliando cortes de custos corporativos e já aplicou aumentos de preços em alguns produtos vendidos nos EUA.

Participação de mercado reduzida?

Apesar do impacto significativo das tarifas, analistas avaliam que a Nike não deve perder muita participação de mercado. "Espero que outras empresas do setor esportivo também aumentem os preços, o que pode equilibrar o cenário", disse David Swartz, analista da Morningstar Research, à Reuters.

A estratégia do CEO Elliott Hill de priorizar inovação em produtos e em marketing esportivo começou a dar resultados. Após um período de fraqueza, a categoria de corrida voltou a crescer no quarto trimestre. A Nike investiu em modelos como Pegasus e Vomero, enquanto reduziu a produção de tênis tradicionais como o Air Force 1.

Segundo a analista Monique Pollard, do Citi, os lançamentos de tênis de corrida e roupas esportivas devem compensar a queda nas vendas dos modelos clássicos em varejistas parceiros. No trimestre, os gastos com marketing aumentaram 15% em relação ao ano anterior.

No próximo trimestre, a Nike projeta uma queda de receita na faixa de um dígito médio, desempenho um pouco melhor que a expectativa dos analistas, que preveem retração de 7,3%.

Apesar da queda de 12% nas vendas no quarto trimestre, o resultado veio acima do esperado pelo mercado, que projetava uma baixa de 14,9%. A China continua sendo um ponto de pressão, e a empresa reconhece que a recuperação no país deve levar tempo, diante do cenário econômico desafiador e da maior concorrência.

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