Wandinha: série deve ser destaque no balanço da Netflix (Netflix/Reprodução)
Repórter
Publicado em 21 de outubro de 2025 às 07h12.
A Netflix (NFLX) sobe ao ringue nesta terça-feira, 21, para divulgar seus resultados do terceiro trimestre — e o mercado está com os olhos bem abertos. Com as ações acumulando alta de 40% no ano e analistas esperando lucros robustos, o desafio agora é mostrar que o ritmo de crescimento pode continuar.
Segundo o consenso da Bloomberg, a expectativa é de um lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) de US$ 6,94 e receita de US$ 11,52 bilhões, um avanço de cerca de 29% e 17%, respectivamente, em comparação com o mesmo período de 2024.
A empresa não divulga mais números de assinantes, mas os sinais de mercado apontam para estabilidade no crescimento, mesmo após aumentos de preços e a política contra o compartilhamento de senhas.
O foco de Wall Street agora é outro: a publicidade. A receita com anúncios deve dobrar em 2025, saltando de US$ 1,4 bilhão para US$ 2,9 bilhões, segundo estimativas do JPMorgan — e crescer mais 45% em 2026, chegando a US$ 4,2 bilhões.
Esse avanço será impulsionado pela recém-lançada Netflix Ads Suite e por uma integração com a Amazon DSP, que facilita a compra de inventário publicitário em 11 mercados.
Enquanto isso, o conteúdo da plataforma segue com força. O evento ao vivo Canelo x Crawford atraiu mais de 41 milhões de visualizações, tornando-se a luta de boxe masculino mais assistida do século.
Já o filme animado KPop Demon Hunters superou 325 milhões de views e se tornou o título mais assistido da história da Netflix.
Também se destacaram as novas temporadas de Squid Game e Wednesday, além da estreia de um novo modelo de lançamento em partes, com direito a participação especial de Lady Gaga — uma tática para prolongar o engajamento.
A empresa ainda anunciou parceria com o Spotify para trazer video podcasts exclusivos à plataforma a partir de 2026, incluindo títulos como The Bill Simmons Podcast e Serial Killers.
Apesar do otimismo, o valuation elevado da Netflix preocupa: a ação é negociada a cerca de 45 vezes os lucros futuros, acima da média do setor e do mercado em geral.
Tanto o JPMorgan quanto o Citi alertam que parte do entusiasmo com a publicidade e engajamento já está refletida no preço atual.
A competição no streaming também segue intensa.
O YouTube, da Alphabet, ainda lidera o tempo de exibição global, e possíveis fusões entre concorrentes — como um eventual acordo entre Paramount e Warner Bros. — podem mexer no jogo.
Há também riscos de longo prazo ligados ao avanço de plataformas baseadas em inteligência artificial, que podem alterar completamente os modelos de distribuição e produção de conteúdo. “É raro que líderes de um ciclo mantenham sua posição no ciclo seguinte”, escreveu Ben Swinburne, do Morgan Stanley, segundo o Yahoo Finance.
Os investidores vão observar com lupa os comentários da direção sobre engajamento, preços, publicidade e as perspectivas para o último trimestre do ano. O mercado de opções precifica uma oscilação de até 8% nas ações após a divulgação dos resultados — sinal de que as expectativas são grandes, mas o espaço para decepção também.
Com crescimento de receita, expansão de margens e novas fontes de monetização, a Netflix parece bem posicionada — mas agora precisa provar que ainda é protagonista da própria narrativa.