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Nem juro subindo derruba rali das bolsas. O que pode mudar a direção?

Antes da metade do ano, o S&P 500 já quebrou o recorde 29 vezes, a terceira maior marca da história, apesar de ressalvas sobre ações caras ou política monetária menos estimulativa

Bolsa de Nova York tem sucessivos recordes neste ano com forte investimento de pessoas físicas | Foto: Getty Images (./Getty Images)

Bolsa de Nova York tem sucessivos recordes neste ano com forte investimento de pessoas físicas | Foto: Getty Images (./Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 19 de junho de 2021 às 08h25.

Os observadores do mercado ouviram alerta atrás de alerta: as ações estão caras, o crescimento econômico deve ficar mais lento, impostos mais altos e política monetária mais restritiva representam ameaças.

No entanto existe uma enorme força contra todas as vozes pessimistas: investidores que continuam comprando.

A demanda sobe de modo generalizado -- dos day traders obcecados com ações promovidas nas redes sociais a fundos passivos negociados em bolsa (ETFs) e até os outrora cautelosos fundos hedge, que vêm aumentando sua alavancagem para ganhar exposição.

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Há pessoas interessadas em comprar toda vez que as ações sofrem uma queda. Assim, o índice S&P 500 está há sete meses sem recuar 5%, marcando o período mais longo de sustentação desde fevereiro de 2018.

Mesmo a sinalização surpreendente do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos -- de duas altas na taxa básica de juros até o final de 2023, antecipando o aperto monetário previsto anteriormente -- não abalou seriamente o ânimo comprador na quarta-feira, 16, quando o S&P 500 se recuperou de uma queda de 1% e fechou com perda de apenas 0,5%.

Ninguém sabe até quando essa demanda continuará robusta. Enquanto isso, tal voracidade enche os bolsos de quem está disposto a vender ações no momento, como fundos de pensão e investidores de fundos mútuos.

As compras de ações por pessoas físicas, fundos hedge e ETFs superaram as vendas em US$ 361 bilhões no primeiro trimestre, a maior diferença desde pelo menos a década de 1950, de acordo com dados compilados pela Reynolds Strategy.

O resultado estendeu cinco trimestres consecutivos ingressos líquidos de capital na bolsa, período em que as compras superaram US$ 1 trilhão, ou cinco vezes mais do que o total acumulado na década anterior.

As grandes companhias dos Estados Unidos, que estavam mais reclusas durante a pandemia, agora alimentam a demanda: a recompra de ações se sobrepõe ao total de ofertas pelo segundo trimestre consecutivo.

O apetite por ações nos Estados Unidos resultou em uma resiliência do mercado que desafia os céticos. O ano está apenas na metade e o S&P 500 já registrou 29 novos recordes, caminhando para o terceiro melhor ano em termos de pontuação máxima no fechamento do pregão, segundo a Bespoke Investment Group.

“Os investidores de varejo são agora o fator dominante na valorização das ações, mas as empresas estão contraindo dívidas e criando caixa para recompras -- se a demanda dos investidores de varejo diminuir, as recompras pelas empresas ocuparão esse lugar”, disse Brian Reynolds, estrategista-chefe de mercado na firma que leva seu nome. “É por isso que esse otimismo no mercado é mais durável, além de potente.”

O S&P 500 subiu 90% desde o ponto mínimo atingido em março de 2020, marcando o melhor início de um período de altas no mercado em nove décadas. Quer saber antecipar as tendências de mercado? Saiba como com a Jornada do Investidor Independente, com Bruno Lima, head do BTG Pactual digital Equity Research 

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