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Natura: venda da Avon Internacional nos próximos 12 meses é 'altamente provável'

Ativo, em recuperação judicial, é considerado "pedra no sapato" da companhia pelo mercado

João Paulo Ferreira, CEO da Natura (Germano Lüders/Exame)

João Paulo Ferreira, CEO da Natura (Germano Lüders/Exame)

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Repórter de negócios e finanças

Publicado em 12 de agosto de 2025 às 11h12.

Última atualização em 12 de agosto de 2025 às 12h48.

O CEO da Natura (NATU3), João Paulo Ferreira, iniciou a coletiva de imprensa sobre os resultados da companhia no segundo trimestre chamando atenção para um ativo considerado problemático pelo mercado. No balanço divulgado na noite de ontem, a Avon Internacional aparece pela primeira vez classificada como “operação descontinuada mantida para a venda”.

“Isso significa que há uma alta probabilidade desses ativos serem vendidos dentro dos próximos 12 meses”, disse o executivo. "É uma absoluta prioridade para nós".

A Avon América Central e Republica Dominicana (CARD) também foi reclassificada como "ativo à venda". A companhia explicou que essas operações serão vendidas porque a marca Natura não é comercializada nessas regiões, ao contrário do que ocorre no México e na Argentina.

Silvia Vilas Boa, CFO da Natura, afirmou que a companhia "avalia toda as alternativas para o processo de venda, que pode ter formatos variados", ao ser questionada se os ativos seriam vendidos juntos ou separados.

Ao reclassificar a Avon Internacional como ativo mantido para venda, a posição de caixa consolidada da Natura sofreu um baque de R$ 750 milhões. A reestruturação desse ativo também contribuiu com o consumo de caixa da ordem de R$ 1 bilhão no semestre, junto à sazonalidade típica e efeitos cambiais desfavoráveis.  

"Excluindo esse movimento, consideramos estar com uma estrutura de capital ótima, com foco ainda maior no nosso core", disse Silvia.

Os resultados da Natura no 2º trimestre

A Natura reportou lucro líquido consolidado de R$ 195,1 milhões no segundo trimestre de 2025. Assim, a companhia reverteu o prejuízo de R$ 122,7 milhões, registrado no mesmo período do ano passado. O número considera as operações da Avon fora da América Latina, classificados no balanço como "mantida para a venda".

Contando somente as operações continuadas na América Latina, o lucro foi de R$ 445 milhões, contra um prejuízo de R$ 872,8 milhões um ano antes.

O EBITDA reportado foi de R$ 675,1 milhões ante a cifra negativa de R$ 6,9 milhões de um ano antes. O recorrente, que desconsidera efeitos pontuais do período, fechou em R$ 795,6 bilhões.

A receita líquida da companhia foi de R$ 5,7 bilhões, o que representa uma queda anual de 1,7%. De acordo com a companhia, a estabilidade reflete o crescimento de dois dígitos da Natura Brasil (10,3%)  e o avanço da receita da marca Natura na Hispana (17,8%). Os avanços compensaram o  desempenho ainda fraco da marca Avon no Brasil (-12,9%) e a volatilidade prevista das operações da Avon e de Casa & Estilo na Hispana, em função da Onda 2 da integração das operações no México e dos preparativos na Argentina.

"Ainda há muito a fazer nesse segundo semestre do ano. O projeto Onda 2 se aproxima de sua conclusão, restando apenas as simplificações finais de sistemas para migrar a marca Avon para a estrutura de TI da Natura e finalizar a transferência da fábrica de Interlagos para Cajamar", diz mensagem da administração, que acompanha os resultados.

A margem bruta ficou levemente acima da registrada no segundo trimestre do ano passado, indo a 66,4% - menor, porém, que os 67,4% do primeiro trimestre deste ano. A linha foi impactada por um aumento de mais de 4% no custo de mercadoria vendida, que totalizou R$ 3,6 bilhões. O total de despesas operacionais da Natura, por sua vez, ficou praticamente estável (+0,2%) no segundo trimestre de 2025.

A dívida líquida foi de R$ 4 bilhões no trimestre e a alavancagem (medida pela relação dívida líquida e Ebitda) ficou em 2,18 vezes.

O fluxo de caixa livre das operações continuadas ficou negativo em  R$ 9 milhões no primeiro semestre do ano, em comparação com a cifra no vermelho de R$ 1,2 bilhão registrada um ano antes.

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