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Na rota da privatização, Sabesp atinge maior valor de mercado de sua história e vale R$ 58 bilhões

Ações da companhia de saneamento fecharam a R$ 84 ontem; gestoras estão ampliando posição na empresa

Sabesp: privatização é defendida pelo governador Tarcísio de Freitas (Victor Moriyama/Bloomberg/Getty Images)

Sabesp: privatização é defendida pelo governador Tarcísio de Freitas (Victor Moriyama/Bloomberg/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 10 de abril de 2024 às 15h35.

Última atualização em 10 de abril de 2024 às 17h00.

Em meio às discussões para a venda da maior parte das ações do governo de São Paulo, a Sabesp atingiu seu maior valor de mercado: R$ 58,07 bilhões, no fechamento de ontem, quando as ações encerraram o pregão negociadas a R$ 84,96, segundo levantamento da consultoria Elos Ayta.

Analistas consultados pelo O Globo atribuem a alta dos papéis da Sabesp a um consenso do mercado de que a privatização vai avançar, o que faz gestoras buscarem ações da companhia de saneamento.

"As principais gestoras começaram a montar posições em Sabesp já que há quase um consenso de mercado de que a companhia de saneamento vai mesmo ser privatizada", disse Daniel Teles Barbosa, analista da Valor Investimentos.

Em 2023, ano em que o governador Tarcísio de Freitas assumiu o governo de São Paulo, a Sabesp iniciou valendo R$ 36,5 bilhões. Com a aprovação da privatização pela Assembleia paulista, no final do ano passado, a companhia começou 2024 com valor de mercado de R$ 51,5 bilhões, até atingir R$ 58 bilhões na última quarta-feira. O governador pretende que a venda das ações ocorra até junho.

Nesta quarta, os papéis da Sabesp estão sendo negociados a R$ 83,88, durante a tarde, baixa de 1,08%.

Atualmente, o governo é dono de 50,3% das ações. Outros 37,6% são negociados na B3, em São Paulo, e 12,1% são ofertados na NYSE, a bolsa de valores americana. O modelo de privatização proposto prevê que São Paulo reduza sua participação em até 30%, patamar limite estabelecido pela lei aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo. Mesmo se vender os 30%, o governo ainda manteria o poder de vetar decisões sobre a empresa.

Barbosa afirmou que o governo deve oferecer ações num montante que dilua sua participação na empresa, assim como aconteceu com a Eletrobras. A expectativa é que o governo de São Paulo anuncie nos próximos dias qual percentual de ações deverá oferecer ao mercado.

A privatização prevê um modelo que contemple um investidor de referência, preferencialmente uma “operadora" do setor, com muita expertise, e que compre pelo menos 15% das ações. Além disso, deve assumir compromisso de não vender a participação por um prazo mínimo de cinco anos, conforme previsão do contrato.

Para Luiz Gronau, sócio-diretor da A&M Infra, ainda não é possível estimar quanto a venda das ações da Sabesp vai movimentar, mas sua expectativa é que o montante chegue a "uma dezena de bilhão".

"É difícil estimar porque ainda está em processo de definição do formato e fechamento da modelagem. Mas pelo tamanho da companhia e da operação, espera-se um montante elevado, em dezena de bilhão", diz Gronau.

Ele observa que os investidores buscam ativos que tenham boas perspectivas de performance além de projeções consistentes de aumento de eficiência. Também levam em consideração governança e segurança jurídica e regulatória.

Aumento de tarifa

Analistas também atribuem o 'rali' das ações da Sabesp esta semana à autorização da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) para que a companhia faça um reajuste de 6,44% a partir do próximo dia 10 de maio. O governo de São paulo garante que a tarifa cobrada dos consumidores vai cair após a privatização.

Analistas do banco Itaú BBA consideraram o reajuste positivo, já que o regulador foi capaz de reconhecer algumas das distorções do passado.

"Vemos espaço para ganhos substanciais de eficiência no futuro, embora reconheçamos que a magnitude e a velocidade das mudanças dependerão da governança futura da empresa", escreveram os analistas Marcelo Sá, Luiza Candiota, Fillipe Vitor e Victor Cunha.

Com a privatização, o governo paulista prevê ampliação dos investimentos para R$ 68 bilhões até 2029 e até R$ 260 bilhões até 2060, um aumento significativo em relação ao previsto atualmente: R$ 26,2 bilhões até 2027. A empresa é responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos a 375 municípios paulistas.

A companhia é considerada uma das maiores empresas de saneamento do mundo em população atendida com 28,4 milhões de pessoas abastecidas com água e 25,2 milhões com coleta de esgotos. Do total dos domicílios atendidos, 98% já possuem água tratada, e 83% têm seu esgoto coletado e tratado.

No dia 15 de março, terminou a consulta pública que o governo realizou para que fossem apresentadas sugestões pela sociedade para aperfeiçoar o projeto. Através do site, foram feitas 976 propostas e algumas foram incorporadas à minuta de privatização. O elevado número de opiniões na consulta mostra o grande o interesse no processo, que deve atrair grandes investidores, mas também operadoras do setor.

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