Latam: companhia surpreende com resultados do segundo trimestre de 2025
Repórter de finanças
Publicado em 29 de julho de 2025 às 12h46.
Nada de turbulência para a Latam (NYSE: LTM). Em meio às recuperações judiciais de suas concorrentes brasileiras, Azul (AZUL4) e Gol (GOLL54), o forte desempenho do primeiro semestre deste ano levou a companhia a revisar seu guidance de 2025 para cima, em todas as frentes (receita e EBITDA).
Na linha das receitas, a companhia elevou o piso do guidance, antes em US$ 13,8 bilhões para US$ 14 bilhões. O teto foi mantido em US$ 14,2 bilhões. Para a margem Ebitda, as projeções subiram da faixa de 24,5% a 25,5% pra o intervalo entre 26% e 27%. O fluxo de caixa livre também foi revisado para US$ 1,3 bilhão (ante US$ 1,2 bilhão).
Para o Itaú BBA e o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) o balanço do segundo trimestre de 2025, mais uma vez, surpreendeu positivamente, com receitas em linha com o consenso, mas com custos abaixo do esperado. Com isso, o EBITDA ficou 10% acima do previsto e um lucro líquido quase 20% superior ao consenso.
O grupo registrou um lucro líquido de US$ 242 milhões no segundo trimestre de 2025, avanço de 66% na comparação com o mesmo período de 2024 – e 52% acima das expectativas do BTG. Segundo a Latam, o resultado foi impulsionado por um aumento de 7,6% no volume de passageiros transportados, que chegou a 20,6 milhões no trimestre.
As receitas líquidas, por sua vez, totalizaram R$ 3,3 bilhões, um aumento de 8,2% em comparação com o mesmo trimestre de 2024. As receitas de passageiros elevaram-se para US$ 2,82 bilhões, um aumento de 8,5% ano a ano, enquanto o negócio de carga também decolou, com faturamento de US$ 419 milhões, 10,2% a mais que no segundo trimestre do ano passado.
“A lucratividade foi novamente um recorde para o trimestre, refletindo o vento favorável da queda nos preços de combustível e a capacidade da companhia de reduzir custos”, comenta o Itaú BBA.
Já o EBITDA ajustado veio em US$ 850 milhões no período, 11% acima do consenso, 6% acima da estimativa do BBA e 16% acima da expectativa do BTG, com margem de 25,9% (aumento de 5,5 pontos percentuais na comparação anual) e margem operacional ajustada de 12,9% – o melhor desempenho da história da companhia para um segundo trimestre.
“Considerando os números do primeiro semestre de 2025 e a sazonalidade mais favorável no terceiro trimestre de 2025 e quarto trimestre de 2025, acreditamos que a companhia pode continuar entregando surpresas positivas”, analisa Gabriel Rezende e equipe do Itaú BBA, reiterando recomendação de compra para a empresa.
A alavancagem da Latam subiu, mas segue com uma razão dívida líquida/EBITIDA saudável, segundo o BTG. A dívida bruta (incluindo arrendamentos) foi de US$ 7,5 bilhões, acima dos US$ 7,1 bilhões do trimestre anterior, enquanto o caixa subiu para US$ 2,1 bilhões, permanecendo estável na comparação trimestral. A dívida líquida ficou em US$ 5,4 bilhões, frente a US$ 4,9 bilhões no trimestre anterior.
NA SUA CESTA: A Latam descolou da concorrência e agora mira expansão regionalA Latam fechou o trimestre com uma razão dívida líquida/EBITDA ajustada de 1,6x, levemente acima do período anterior de 1,5x. No fim de junho, a companhia refinanciou parte de sua dívida ao emitir US$ 800 milhões em títulos com vencimento em 2031 e usou os recursos para quitar antecipadamente papéis mais caros. A troca deve gerar uma economia anual de US$ 33 milhões em juros e fortalecer sua estrutura de capital.
No segundo trimestre, a Latam distribuiu US$ 445 milhões aos acionistas, sendo US$ 293 milhões em dividendos e US$ 152 milhões por meio de recompra de ações. A companhia também aprovou um novo programa de buyback, com potencial para adquirir até 3,4% das ações em circulação. Em meio a um cenário macroeconômico desafiador, os resultados robustos e a boa execução operacional, para o BTG, reforçam a tese de investimento, com o papel negociando a 5 vezes o EV/EBITDA projetado para 2025.
“A Latam continua apresentando liquidez significativamente superior a de seus pares regionais, especialmente os operadores brasileiros”, afirma o banco, que tem recomendação de compra e reafirma a companhia como principal escolha no setor aéreo, com preço-alvo de US$ 56 para o ADR nos próximos 12 meses, um upside de 35,3% frente ao preço do último fechamento de R$ 41,38.