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Mundo vive "anarquia cambial", diz Ricupero

Rubens Ricupero criticou ainda a ausência de mecanismos legais para coibir excessivas volatilidades cambiais no mundo

Chefe da Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento entre 1995-2004, Rubens Ricupero: "a situação na América Latina parece um sonho comparado com o que era há 20 anos" (Pornchai Kittiwongsakul/AFP)

Chefe da Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento entre 1995-2004, Rubens Ricupero: "a situação na América Latina parece um sonho comparado com o que era há 20 anos" (Pornchai Kittiwongsakul/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2011 às 19h05.

Rio - O mundo vive hoje em um cenário de "anarquia cambial" onde cada país "faz o que bem entende" com suas moedas. A crítica é do embaixador e diretor da Faculdade de Economia da Faap, Rubens Ricupero. Ele fez o comentário durante sessão especial do Fórum Nacional, promovido pelo ex-ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis Velloso hoje, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), no Rio de Janeiro.

Ricupero criticou ainda a ausência de mecanismos legais para coibir excessivas volatilidades cambiais no mundo, e apontou a concorrência com importados como causa do fraco desempenho da indústria brasileira nos últimos anos, mesmo em um mercado interno aquecido como o do Brasil. "Hoje, não há nenhum mecanismo, nenhuma medida legal nos âmbitos da OMC (Organização Mundial do Comércio) para coibir isso", avaliou.

Para o especialista, a recente decisão da Suíça de fixar o câmbio mostra a gravidade do cenário cambial no mundo. "Morei durante anos na Suíça, um país cauteloso. E estou dizendo que, para a Suíça ter decidido fixar câmbio, é porque a situação está preta", afirmou. "O que nós precisamos não é cenário de incerteza e volatilidade. Precisamos de solução para este problema do câmbio no mundo, porque vivemos hoje em um cenário de anarquia cambial", afirmou.

Na análise do diretor-geral do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida, efeitos negativos originados do câmbio "dilaceram qualquer setor produtivo da economia". Para ele, o Brasil poderia tentar equilibrar o impacto negativo do câmbio na atividade industrial voltando-se mais para desenvolver melhor sua economia de serviços. Mas para isso, defendeu uma participação maior do Estado, no sentido de prover estímulos para este desenvolvimento.

Em sua palestra, o ex-ministro do Planejamento defendeu maior investimentos em educação no País. Para ele, isso na prática conduz a um desenvolvimento maior do capital humano no Brasil. Na análise de Velloso,um País com criação de oportunidades para todos exige um modelo de desenvolvimento com grande geração de emprego - e, neste contexto, investimentos em educação seriam essenciais.

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