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Muito além da carne e de concorrentes, Beyond Meat sobe 690% na bolsa

Alta está atrelada aos resultados do primeiro trimestre, mas a fabricante de hambúrgueres de origem vegetal ainda precisa apresentar lucro e reduzir custos

Beyond Meat: fabricante deve responder por 15% da indústria de carnes feitas de vegetal que deve alcançar 100 bilhões de dólares, segundo JP Morgan (© 2019 Bloomberg L.P/Bloomberg)

Beyond Meat: fabricante deve responder por 15% da indústria de carnes feitas de vegetal que deve alcançar 100 bilhões de dólares, segundo JP Morgan (© 2019 Bloomberg L.P/Bloomberg)

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Natália Flach

Publicado em 10 de junho de 2019 às 13h02.

Última atualização em 11 de julho de 2019 às 17h07.

São Paulo - A tendência de reduzir o consumo de carnes continua em alta, assim como as ações da fabricante de hambúrgueres veganos Beyond Meat. Até as 12h45 de segunda-feira (10), os papéis da empresa americana subiam 34%, para 172,87 dólares, elevando seus ganhos na bolsa para além dos 690%.

Esse desempenho astronômico se deu em pouco mais de um mês, desde que a companhia abriu capital, no dia 1º de maio, a 25 dólares a ação. Na operação, a fabricante captou 252 milhões de dólares.

O movimento de alta mais recente é reflexo dos resultados apresentados na quinta-feira (6) à noite, quando a Beyond Meat divulgou que sua receita triplicou no primeiro trimestre do ano, em relação ao mesmo período de 2018. A expectativa é que, ao longo de 2019, o faturamento mais que dobre.

A empresa é uma das principais expoentes da indústria de carnes feitas de vegetal que deve alcançar 100 bilhões de dólares nos próximos 15 anos, de acordo com cálculos feitos por Ken Goldman e James Allen, analistas do JP Morgan. Deste total, a Beyond Meat deve responder por uma fatia de 15 bilhões de dólares.

O JP Morgan, aliás, revisou para cima o preço-alvo dos papéis, na sexta-feira (7), passando de 97 para 120 dólares. Talvez, a casa tenha de revisar novamente, dado o salto das ações na segunda-feira (10).

Apesar do entusiasmo dos investidores, a fabricante precisa resolver questões comuns a muitas empresas iniciantes chamadas de fintechs. A principal delas é o momento em que a companhia passará de prejuízo para lucro. A Beyond Meat, que teve prejuízo de 6,6 milhões no primeiro trimestre, não dá projeções nessa linha do balanço, mas estima um faturamento de 210 milhões de dólares em 2019.

Outra dúvida se refere ao preço da carne vegana. Atualmente, o custo para fabricá-la é maior do que o da cadeia de frigorífico, o que torna a carne vegetal mais cara do que a de origem animal. Será que em algum momento os dois produtos terão preços similares? Para a Beyond Meat, o desenvolvimento tecnológico é a resposta para reduzir a diferença nas gôndolas.

Mas nessa corrida de redução de custos, a empresa ainda terá de enfrentar a concorrência de fabricantes tradicionais que viram nesse mercado uma fonte de lucro. É o caso da Nestlé que anunciou que vai lançar até o fim do ano uma linha de hambúrguer vegano. Nesse caso, como competir com uma empresa que tem entrada nas maiores varejistas do mundo?

Por fim, ainda existe uma barreira cultural. Enquanto nos países desenvolvidos, a redução do consumo de carne é uma tendência, nas nações em desenvolvimento, esse tipo de alimento representa uma alimentação saudável e é sinal de prosperidade. Será que a Beyond Meat vai conseguir mudar essa percepção?

De todo modo, há um mercado potencial enorme, e as vendas só estão começando a aquecer. De acordo com levantamento da Euromonitor, a comercialização de carne vegana cresceu 11% de 2017 a 2018.

A continuar com esse desempenho estrondoso, a Beyond Meat vai muito além da carne mesmo.

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