Mercados

Morgan leva a culpa por fraco desempenho de ações do Uber

O Morgan Stanley deve receber cerca de US$ 41 milhões em comissões pelo IPO do Uber

IPO: o Morgan Stanley tem tentado estabilizar o preço da ação do Uber (Ali Balikci/Anadolu Agency/Getty Images)

IPO: o Morgan Stanley tem tentado estabilizar o preço da ação do Uber (Ali Balikci/Anadolu Agency/Getty Images)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 15 de maio de 2019 às 17h05.

(Bloomberg) -- O Morgan Stanley agarrou a maior oferta pública inicial dos Estados Unidos dos últimos cinco anos. Agora, a estratégia para o IPO adotada pelo banco de investimentos está na mira dos investidores do Uber, cujas ações caíram 18% nos dois primeiros dias de negociação.

Em Wall Street, as perguntas são várias: por que os bancos de investimento, incluindo o Morgan Stanley, sugeriram um valuation de US$ 120 bilhões no ano passado que o Uber não conseguiu atingir? O grupo de bancos liderado pelo Morgan teria fixado um preço muito agressivo para o IPO? E teriam direcionado muitas ações para grandes investidores que fizeram promessas vazias de mantê-las a longo prazo?

"Em retrospectiva, os subscritores deveriam ter feito um melhor trabalho em descobrir o quão forte era a real demanda", disse Jay Ritter, professor da Warrington College of Business, da Universidade da Flórida, especializado em IPOs. "Mas, em geral, os subscritores têm dificuldade em identificar a demanda de compra de longo prazo, em contraste com os ’flippers’", fazendo referência aos investidores que participam de IPOs, mas vendem as ações logo no pregão de estreia.

O debate sobre como o Morgan Stanley e outros bancos coordenaram o badalado IPO é complexo, considerando o azar de ter coincidido com a escalada da guerra comercial EUA-China, que derrubou os mercados ao redor do globo, e com o fraco desempenho da Lyft, principal rival do Uber. Há também uma grande e implacável preocupação diante da tendência de empresas do Vale do Silício de adiarem os IPos até que as startups atinjam o tamanho ideal: quem resta para comprar?

Muitos investidores de primeira linha já tinham ações do Uber antes da semana passada, potencialmente reduzindo o apetite pelos US$ 8,1 bilhões em ações vendidas. Entre esses investidores estão clientes da divisão de gestão de fortunas da Morgan Stanley, como family offices que tiveram oportunidade de comprar ações em operações privadas, disse uma pessoa com conhecimento do assunto. Até mesmo executivos no comando do Uber começaram a ver a rodada mais como uma oferta secundária do que como um IPO, disseram duas pessoas.

Ainda assim, pessoas com conhecimento do assunto disseram que os pedidos da oferta superavam em três vezes o volume oferecido. O Morgan Stanley, que deve receber cerca de US$ 41 milhões em comissões pelo IPO, liderou a oferta com o Goldman Sachs e Bank of America, que vão dividir um total de US$ 32 milhões em comissões.

Uma porta-voz do Morgan Stanley não quis comentar.

O Morgan Stanley tem tentado estabilizar o preço da ação do Uber, de acordo com pessoas a par da estratégia. Como principal subscritor e agente de estabilização, o Morgan tem direito de vender ações adicionais por meio da opção "greenshoe". Normalmente, os bancos podem obter essas ações dos vendedores no IPO ou comprando os papéis no mercado aberto, o que ajuda a sustentar o preço no começo das negociações. Não está claro até que ponto o Morgan Stanley tem feito isso.

Pelo menos um dos maiores investidores do Uber, agora no vermelho e que falou sob a condição de anonimato, expressou frustração ao sugerir que o banco deveria ter sustentado mais o preço da ação desde o início. No entanto, isso poderia deixar o Morgan com menos poder de fogo para estabilizar o preço caso a desvalorização das ações continuasse nos dias seguintes.

Acompanhe tudo sobre:Goldman SachsIPOsMorgan StanleyUber

Mais de Mercados

CVC sobe 7% na bolsa com poison pill e alta das ações domésticas

Em meio a pressão por boicotes, ação do Carrefour sobe 3,31%

O saldo final – e os vencedores – da temporada de balanços do 3º tri, segundo três análises

Warren Buffett doa US$ 1,1 bilhão em ações da Berkshire Hathaway: "Nunca quis criar uma dinastia"