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Investidor já se posiciona para o pós-eleição, apura Morgan

"Os clientes que responderam à pesquisa já estão posicionados para um cenário mais favorável", destaca o Morgan Stanley em relatório


	Morgan Stanley: para maioria dos entrevistados, principal risco externo ao Brasil é alta de juros dos EUA
 (Mike Blake/Reuters)

Morgan Stanley: para maioria dos entrevistados, principal risco externo ao Brasil é alta de juros dos EUA (Mike Blake/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2014 às 17h54.

Nova York - Os investidores que compram papéis no Brasil esperam que o próximo presidente faça mudanças no país em 2015 e já se posicionam para um cenário de perspectivas econômicas um pouco mais favoráveis.

A conclusão é de pesquisa que o banco norte-americano Morgan Stanley fez no início deste mês com seus grandes clientes que aplicam em ativos no mercado financeiro brasileiro, como gestores de recursos, fundos de hedge, seguradoras e fundos de pensão.

O levantamento mostra ainda que o maior temor externo com relação ao Brasil é o impacto no país das taxas mais altas de juros nos Estados Unidos.

"Os clientes que responderam à pesquisa já estão posicionados para um cenário mais favorável", destaca o Morgan em um relatório apresentando a pesquisa, feita entre os dias 1º e 5 deste mês.

A maioria desses clientes tem apostas "acima da média do mercado" ("overweight") em ações e bônus de empresas brasileiras e está "comprada" no real. Só uma minoria, ou 18% dos entrevistados, está "vendida" no real.

A pesquisa revela ainda que os investidores veem, no momento em que responderam às perguntas, a valorização dos preços dos ativos financeiros perto do que acreditam ser consistente com um cenário de ajustes relevantes na política econômica.

O principal risco externo para o Brasil é a alta de juros dos Estados Unidos, de acordo com 47% dos entrevistados.

Outros 25% citam ainda a desaceleração da China. Apesar do temor de juros maiores nos EUA, os investidores veem o processo ocorrendo de forma moderada.

A expectativa é de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) comece a elevar as taxas no ano que vem.

Sobre os riscos domésticos, os investidores estão principalmente preocupados com o baixo crescimento econômico do Brasil (40% das respostas) e a piora de indicadores fiscais (35%).

Uma parcela menor (15%) cita ainda a inflação resistente à queda. Projeções do próprio Morgan sinalizam que o Produto Interno Bruto (PIB) do País deve crescer apenas 0,2% este ano, uma das piores taxas entre os países emergentes.

Na pesquisa, o Morgan quis saber dos clientes a expectativa sobre os próximos passos do Banco Central para os juros básicos. O resultado mostrou opiniões divididas.

Se há um consenso de que os juros não devem ser alterados até o início de 2015, a dúvida é o que vai ocorrer depois: 34% dos clientes do banco veem a alta dos juros começando no ano que vem e 35% veem que o próximo passo do BC será a redução das taxas em 2015. Outros 20% dizem não prever mudanças nos juros.

Sobre o futuro do real, o Morgan perguntou aos investidores a quanto o dólar estaria sendo negociado no Brasil daqui a seis meses, ou seja, já com o novo presidente em Brasília, considerando três cenários: 1 - o próximo presidente consegue fazer ajustes e tem a confiança do mercado; 2 - o presidente faz ajustes, mas sem credibilidade do mercado; 3 - o novo presidente é incapaz de fazer ajustes. No primeiro cenário, o dólar ficaria ao redor de R$ 2,22; no segundo, em R$ 2,36; no terceiro, subiria para R$ 2,46.

Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) poderia ir a 65,9 mil pontos no cenário 1, comparado com 59,6 mil no cenário 2 e 55,2 mil pontos na terceira hipótese. Na média, o principal índice da bolsa paulista ficou em 61,3 mil pontos na semana passada.

Bancos

Para os bancos, a maioria dos investidores espera piora da qualidade dos ativos de crédito, por causa da possibilidade de alta da inadimplência, em meio ao baixo crescimento do PIB e ao aumento do endividamento das famílias e empresas.

Mas a maior parte dos que responderam à pesquisa dizem que os bancos brasileiros têm níveis de capital adequados para lidar com essa possibilidade.

Dos entrevistados, uma minoria, ou 29%, diz que o nível de calotes poderia comprometer o capital dos bancos.

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