Nova York - A agência de classificação de risco Moody's fará nova avaliação da nota (rating) de crédito da Petrobras até o fim do mês, afirmou o vice-presidente e analista sênior de crédito soberano da empresa, Mauro Leos, após participar ontem de um evento para discutir a economia brasileira, promovido pela Câmara de Comércio Brasil-EUA.
"Os desdobramentos ligados à Petrobras estão se tornando crescentemente relevantes", disse Leos. Para ele, há uma "interconectividade" alta da petroleira com a economia, ou seja, uma piora na empresa pode afetar a atividade do País, com consequente impacto na nota da dívida do Brasil.
Para 2015, Leos ressaltou que as previsões para o Brasil não são nada animadoras, variando de estabilidade a queda de 1% no Produto Interno Bruto (PIB).
"A Petrobras complica a situação em todos os aspectos", afirmou. Os desdobramentos das investigações da Operação Lava Jato podem levar à contração da economia mais para perto de 1% este ano ou mesmo um nível pior, destacou Leos.
Até o fim do mês os analistas da Moody's vão avaliar a situação da Petrobras e decidir se a nota será rebaixada.
Como vai ficar a questão do endividamento da empresa e em que medida ela pode precisar de apoio do governo e a disposição de Brasília em dar suporte financeiro estão entre os pontos que serão discutidos.
No fim de janeiro, a Moody's anunciou um corte da nota de crédito da empresa.
País
A Moody's deve se reunir no meio do ano para avaliar a economia brasileira, mas tem até o início de 2016 para decidir se rebaixa o rating soberano do País, de acordo com Leos.
Em setembro de 2014, a Moody's mudou a perspectiva do rating brasileiro para negativa, indicando que a nota poderia ser rebaixada. Leos explicou que a decisão sobre o corte pode ocorrer de 12 meses a 18 meses após a mudança da perspectiva, ou seja, até o início de 2016.
Mesmo se for rebaixado, o País continua na classificação de "grau de investimento"- considerada segura pelos investidores.
A decisão da Moody's, segundo Leos, foi esperar para ver o que aconteceria com o Brasil após as eleições, por isso optou por fazer a mudança da perspectiva da nota e não do rating em si.
A escolha de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda foi uma surpresa "claramente positiva". "Quando mudamos a perspectiva do rating para negativa não estávamos pensando em alguém como ele."
O problema é que em seguida veio o escândalo gerado pelas denúncias de corrupção na Petrobras, que têm impacto negativo e podem contaminar a economia, avaliou Leos.
Com base em previsões do governo e estimativas da agência para 2018, Leos prevê que o crescimento continuará baixo, ao redor de 2% na média entre 2015 e 2018, ante 2,9% entre 1999 e 2014.
Já a dívida bruta do governo vai aumentar de 57% para 62% do PIB, enquanto o saldo primário se reduz de uma média de 3,2% para 1,9% do PIB.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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1. Tempos difíceis
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1/9 (Divulgação/EXAME)
São Paulo – De suspeitas de corrupção a multas bilionárias, a
Petrobras tem sido protagonista de algumas das principais - más - notícias do Brasil nos últimos tempos. Alvo de uma das maiores investigações de corrupção corporativa do país, a petroleira hoje sofre uma crise de credibilidade que a faz perder valor de mercado a cada novo fato divulgado. E tem sido um exemplo de que realmente tudo pode dar errado ao mesmo tempo agora. Listamos oito fatos recentes sobre a Petrobras que comprovam que o ruim pode sempre piorar.Veja nas fotos.
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2. Operação Lava Jato
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2/9 (Arquivo/Agência Brasil)
Deflagrada em março de 2014, a
Operação Lava Jato investiga um esquema de corrupção dentro da Petrobras em que um possível esquema de lavagem de dinheiro e contratos irregulares por meio de licitações beneficiaria partidos políticos. Desde então, pessoas, grandes transações e contratos fechados com irregularidade são alvo de investigação da Polícia Federal. A operação em curso ainda tem muito que apurar – e a lista de possíveis envolvidos no escândalo só aumenta. Inclui grandes empreiteiras, fornecedores e políticos.
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3. Fornecedores na mira
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3/9 (Germano Lüders/Exame)
Até agora, 23 empreiteiras foram indiciadas por envolvimento na operação. Em uma segunda etapa, mais recente, outras 82 empresas de setores diversos foram indiciadas. Além de executivos presos, algumas das companhias citadas passam por dificuldades de acesso a crédito, falta de pagamentos de aditivos de contratos com a Petrobras e contam com muitas obras paradas e prejuízo. Algumas dessas empresas já
decretaram falência. Outras, como a Camargo Correa, fizeram
demissão em massa. O estrago até o fim da operação pode ser ainda maior. A estimativa é que a Petrobras tenha hoje cerca de 6.000 fornecedoras no país.
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4. Balanço incompleto
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4/9 (REUTERS/Paulo Whitaker)
O atraso na divulgação de resultados da companhia, previsto inicialmente para outubro do ano passado, acabou criando uma expectativa negativa no mercado sobre o que estaria por vir. Mas o estrago foi ainda maior que o previsto quando a empresa fez a efetiva publicação do balanço, no final de janeiro. No relatório, a estatal divulgou uma diferença de quase R$ 62 bilhões entre o valor real dos ativos e o contabilizado no balanço anterior, do segundo trimestre. A diferença não foi identificada como perdas com corrupção e a auditoria de todos os ativos não foi feita de maneira independente. A revelação do número assustou e gerou ainda mais incertezas nos investidores. Acabou criando uma situação insustentável para a Petrobras, que viu suas ações desabarem.
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5. Mudança de comando
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5/9 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Dias depois da divulgação dos resultados,
Graça Foster e outros cinco diretores da companhia
renunciaram ao comando da Petrobras. Por dois dias, ficou no ar a dúvida sobre quem assumiria a responsabilidade de liderar a maior empresa do país em meio a um turbilhão de incertezas e denúncias. A expectativa era a de que o governo escolhesse alguém do mercado, que tivesse independência para decidir os rumos da empresa de agora em diante. Dilma Rousseff anunciou o nome de
Aldemir Bendine para o cargo. Tido como
um perito em crises e aliado do governo, Bendine deixou o comando do Banco do Brasil para assumir como presidente da Petrobras. A notícia azedou ainda mais o humor dos investidores.
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6. Acidente fatal
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6/9 (REUTERS/Gabriel Lordello)
Uma semana depois da troca de comando, um novo desastre atingiu a empresa – esse vindo dos mares e com consequências fatais. A explosão a bordo do navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, no Espírito Santo, causou a
morte de cinco pessoas e deixou outras dez feridas – duas delas em estado grave. A norueguesa BW Offshore era a proprietária da embarcação e trabalhava para a petroleira brasileira. Ainda não se sabe o que causou a explosão.
A única certeza é a de que o acidente foi o terceiro maior desse tipo na história da empresa e que ela terá de arcar com uma multa, caso fique comprovado erro de operação.
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7. Revolta dos acionistas
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7/9 (Scott Eells/Bloomberg)
Além dos problemas internos, a Petrobras e seus acionistas no Brasil podem enfrentar uma possível revolta dos investidores estrangeiros. A estatal tem ações na Bolsa de Nova York e, se as denúncias de corrupção forem comprovadas, uma multa bem pesada pode chegar. Nos Estados Unidos,
uma ação simultânea da Securities and Exchange Comission (SEC), do Departamento de Justiça (DoJ) e dos tribunais americanos já fez com que técnicos fossem enviados ao Brasil para analisar o caso da Petrobras. A punição para a Petrobras, caso se comprove fraudes contra os acionistas, pode superar os valores de casos emblemáticos, como o da elétrica Enron, fechado em US$ 7,2 bilhões em 2006.
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8. Dívidas em dólar
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8/9 (Scott Eells/Bloomberg)
O momento ruim da Petrobras ainda conseguiu piorar com ajuda da alta do dólar. A valorização da cotação, a mais alta desde 2004, fez com que a dívida da companhia explodisse ao patamar da maior de toda a sua história. Calcula-se que 70% do endividamento da Petrobras estejam atrelados à moeda estrangeira, por isso um baque tão grande. Além do aumento do endividamento, fica mais caro para a Petrobras importar insumos, o que, por consequência, reduz seu caixa.
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9. Agora, veja 14 fatos incríveis sobre a Apple
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9/9 (Divulgação)