Refinaria de Paulínia da Petrobras, feita pela Mendes Junior (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 18 de novembro de 2014 às 17h48.
Nova York - A Moody's Investors Service rebaixou o rating da Mendes Júnior Trading e Engenharia para B3, de B2. A perspectiva do rating foi mudada para "negativa", de "estável".
Segundo a agência, o rebaixamento "foi motivado pela percepção da Moody's de um risco de liquidez elevado para a Mendes Júnior, com base nas acusações de corrupção que envolvem um de seus principais executivos e a Petrobras, um cliente relevante que atualmente responde por 15% da carteira de pedidos da companhia.
Embora as investigações ainda estejam em andamento e nenhuma conclusão tenha sido alcançada, acreditamos que esses eventos podem estressar a liquidez já apertada da Mendes Júnior e sua estratégia de refinanciamento no curto prazo".
A Moody's diz ainda que "a perspectiva negativa também reflete a perspectiva de métricas de crédito mais fracas nos próximos dois anos, pressionadas por inflação e taxas de juro mais altas.
A projeção macroeconômica fraca e o ambiente fiscal desafiador antecipado do Brasil podem resultar em taxas de investimento mais baixas e em demora na aprovação de demandas por recuperação de margem em projetos públicos".
Segundo a nota, a Mendes Júnior "tem riscos de liquidez elevados porque seu perfil de amortização de dívida é representado em grande parte por linhas de capital de giro que vencem no curto prazo, no valor de R$ 113 milhões, diante de uma posição de caixa de aproximadamente R$ 80 milhões.
A posição de caixa da companhia deteriorou em 2014, por causa de custos mais altos de execução e margens operacionais fracas.
Embora sua geração de caixa deva melhorar no fim do ano, por causa da sazonalidade típica do setor, a Moody's antecipa que isso será insuficiente para cobrir todos os vencimentos de dívida de curto prazo, e não há linhas firmes como reserva".
A agência diz ainda que "os ratings da Mendes Júnior poderão ser rebaixados novamente se a companhia enfrentar dificuldades para rolar dívida de curto prazo ou demoras materiais na recepção de recebíveis.
Quantitativamente, os ratings poderão ser rebaixados se não houver melhoras nas métricas de crédito; por exemplo, se a relação dívida bruta ajustada/Ebitda permanecer acima de 4,2 vezes ao longo dos dois próximos trimestres (de 4,5 vezes em 30 de junho de 2014), ou se a cobertura dos juros pelo Ebitda cair abaixo de 1,0 vez (de 1,2 vez em 30 de junho de 2014)".
Segundo a Moody's, "a perspectiva do rating poderá ser estabilizada se a companhia melhorar sua posição de liquidez, particularmente com menos exposição à dívida de curto prazo, ao lado de práticas melhores de governança corporativa.
Uma elevação dos ratings também exigiria que a Mendes Júnior mantenha o crescimento consistente da receita e o desempenho operacional, e ao mesmo tampo diversifique sua carteira de pedidos com outros clientes, países e regiões, de modo a reduzir o risco de concentração de receita".