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Moody's reavalia nota de risco do Brasil

O vice-presidente da agência de classificação sinalizou que pode haver uma piora na perspectiva


	Moody´s: o Brasil tem rating soberano em moeda estrangeira de longo prazo Baa2, perspectiva positiva, que está dentro da categoria grau de investimento
 (Mike Segar/Reuters)

Moody´s: o Brasil tem rating soberano em moeda estrangeira de longo prazo Baa2, perspectiva positiva, que está dentro da categoria grau de investimento (Mike Segar/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2013 às 08h20.

São Paulo - O vice-presidente da Moody'’s, Mauro Leos, admitiu que a agência de classificação de risco está avaliando a possibilidade de mudança da perspectiva da nota de crédito do Brasil, e sinalizou que pode haver uma piora na perspectiva.

Leos deixou claro que a agência não está analisando uma alteração no rating do País. "Estamos discutindo se o outlook positivo reflete as condições atuais do Brasil", afirmou, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, por telefone, de Nova York.

Leos deve visitar o Brasil em agosto, mas disse que uma alteração na perspectiva poderia ocorrer de agora até setembro. Segundo ele, não necessariamente uma decisão tem de ser tomada após uma visita ao País.

O Brasil tem rating soberano em moeda estrangeira de longo prazo Baa2, perspectiva positiva, que está dentro da categoria grau de investimento. Em novembro de 2012, a Moody’'s reafirmou o rating e manteve a perspectiva do Brasil. A última mudança de rating foi em junho de 2011, quando o País teve sua nota elevada de Baa3 para Baa2, com perspectiva positiva.

Leos disse que desde quando houve a reafirmação da nota e da perspectiva do País, no ano passado, as notícias e informações relacionadas ao Brasil têm sido predominantemente negativas, a começar pelo crescimento fraco da economia.

"O Brasil está crescendo menos do que esperávamos e este ano o crescimento deve ser menor do que 3%. Se isso ocorrer, será o terceiro ano consecutivo de expansão abaixo de 3%, e isso é muito significativo", explicou. Após crescer 7,5% em 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil desacelerou para alta de 2,7% em 2011 e de 0,9% em 2012.

Para Leos, o questionamento que está sendo feito agora é se o PIB potencial do Brasil, que ficava na faixa de 3% a 4%, porém mais perto de 4%, pode caminhar para ter um referencial de crescimento potencial mais baixo, perto de 3% ou menos.


O vice-presidente da Moody’'s reconhece que sua visão em relação ao País era de um cenário melhor para este ano. "Achávamos que o crescimento baixo da economia brasileira tinha a ver com um movimento cíclico. Mas o que antecipamos sobre o País não está acontecendo e não parece mais ser apenas cíclico", disse.

Protestos

Embora ainda tente compreender as motivações por trás dos protestos da população nas principais cidades do País nos últimos dias, Leos avalia que eles completam o sentimento negativo em relação ao Brasil. "Esse sentimento negativo já estava lá, porque o crescimento está menor, a inflação está maior e há problemas no gerenciamento das políticas", observou. "Esses protestos servem para reforçar esse sentimento negativo."

Para ele, as manifestações não parecem estar ligadas a uma insatisfação com a inflação ou a economia, e sim com a qualidade dos serviços aos quais a população tem acesso e insatisfação com a transparência e eficácia do governo.

"As demandas até agora não são econômicas", disse. E cita como exemplo que "a inflação está alta, mas não muito mais alta do que estava há um ano". Leos afirma que uma das questões principais é saber se os protestos afetarão os objetivos fiscais do governo, o que seria ruim, na sua avaliação. "Como o governo irá reagir a isso é algo que queremos saber", disse.

O executivo da Moody’'s explicou que o sentimento negativo que já existe hoje no mercado está relacionado com a credibilidade das políticas do governo e, quando isso ocorre, é necessário que haja um esforço maior para assegurar as políticas, assegurar, no caso do Banco Central, o compromisso de perseguir a meta de inflação de 4,5%. "Isso complica a resposta das políticas e no final fica mais difícil para o Banco Central", afirmou.

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