Terceiro maior frigorífico do País, Minerva quer aumentar o capital sem ter que emitir ações, diante da queda de 8,3% do Ibovespa este ano (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 7 de julho de 2011 às 10h15.
São Paulo e Nova York - O plano do frigorífico Minerva SA de pagar dívida e aumentar o capital com os recursos levantados em uma emissão de títulos conversíveis em ações está derrubando os custos de captação da companhia para o menor nível em 14 meses na comparação com a dívida da Marfrig Alimentos SA, que tem nota de crédito maior.
Os títulos em dólar da Minerva com vencimento em 2019 rendem 31 pontos-base, ou 0,31 ponto percentual, a menos do que bônus de prazo similar da concorrente Marfrig, a maior diferença desde maio de 2010, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A Minerva tem classificação de risco um nível abaixo da nota de crédito da Marfrig pela Standard & Poor’s. Títulos emitidos pela Tyson Foods Inc., maior frigorífico dos Estados Unidos, pagam 358 pontos-base a menos do que os da Minerva, diferença inferior à registrada em 13 de junho, de 395 pontos.
A Minerva, terceiro maior frigorífico do País, quer aumentar o capital sem ter que emitir ações, diante da queda de 8,3 por cento do Ibovespa este ano. Os termos da oferta de R$ 300 milhões em títulos conversíveis determinam conversão obrigatória dos papéis em ações dentro de quatro anos, de forma a diminuir mais o endividamento da empresa.
“A Minerva fez um trabalho maravilhoso, mas provavelmente fez tudo o que podia para reduzir a alavancagem sem emitir ações”, disse Jansen Moura, analista de dívida corporativa da BCP Securities no Rio de Janeiro, em entrevista por telefone. “Eles precisam de alguma injeção de capital. E acessar o mercado de renda variável ou vender ações agora pode não ser a melhor estratégia.”
Os títulos da companhia rendem 552 pontos-base a mais do que a dívida do governo de prazo semelhante, uma queda de 30 pontos-base desde 24 de junho, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Pagamento de dívida
A Minerva, sediada em Barretos, disse em comunicado ao mercado em 31 de maio que vai usar os recursos da emissão de títulos conversíveis para pagar uma Cédula de Crédito Bancário de R$ 220 milhões que rende 119 por cento do Certificado de Depósito Interbancário, ou 14,61 por cento, e também para capital de giro. As notas podem pagar até 100 por cento do CDI, que ontem era negociado a 12,15 por cento, segundo o comunicado. A conversão dos títulos será feita com o preço da ação entre R$ 6,65 e R$ 8,85.
A assessoria de imprensa da Minerva não quis fazer comentários.
A dívida líquida da Minerva em relação ao lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização vai cair para 3,5 vezes após a emissão dos títulos conversíveis, afirmou a Fitch Ratings em 3 de junho, quando subiu a nota de crédito da empresa em um nível para B+, ou quatro níveis abaixo do grau de investimento. No fim de março, a taxa estava em 4,5.
“É definitivamente positivo do ponto de vista do crédito”, disse Viktoria Krane, analista da Fitch em Nova York, em entrevista por telefone. “A companhia reconhece que o negócio não é um enorme gerador de fluxo de caixa e está se posicionando para fortalecer a posição de caixa e a liquidez.”