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Mineradoras voltam a pagar dividendos, mas sem bonança

A Vale avisou que vai retomar o pagamento de dividendos apenas 10 meses depois de a direção ter tentado suspender essa distribuição

Mineradoras: outro ponto importante é que a ressaca que vem após os preços das commodities desabarem pode ser surpreendentemente demorada (Anglo American/Divulgação)

Mineradoras: outro ponto importante é que a ressaca que vem após os preços das commodities desabarem pode ser surpreendentemente demorada (Anglo American/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2016 às 16h23.

O último ano não foi dos melhores para quem esperava ganhar em cima dos dividendos das mineradoras.

O rendimento dos dividendos do índice Bloomberg World Mining caiu para 1,4 por cento na segunda feira, o menor nível desde 2011 e muito aquém do rendimento de 1,79 por cento oferecido pelos títulos do Tesouro americano com prazo de cinco anos.

Mas há razões para otimismo. A Vale, líder mundial em minério de ferro, avisou que vai retomar o pagamento de dividendos apenas 10 meses depois de a direção ter tentado suspender essa distribuição.

A Glencore talvez retome os pagamentos após suspender duas parcelas, de acordo com previsões de Credit Suisse Group, UBS e Macquarie Group. As projeções dos analistas para o rendimento dos dividendos vêm subindo há quatro meses.

Seria uma mudança bem-vinda no ciclo de capital dos investidores do setor de mineração.

A disparada dos preços das commodities na década passada deu lugar a um tombo no ano passado, que deixou as grandes mineradoras com dívidas grandes e lucros pequenos.

Os acionistas foram a saída da enrascada. Os investimentos foram reduzidos, assim como a distribuição de dividendos. Investidores com esperanças na sobrevivência de suas empresas precisaram respirar fundo.

O pagamento agregado de dividendos nos 12 meses passados por integrantes do índice Bloomberg World Mining recuou no último trimestre para o menor nível em anos.

Agora, o subíndice Bloomberg Industrial Metals, que acompanha o mercado de futuros, acumula alta de 27 por cento no ano.

Minério de ferro e carvão térmico, que representam boa parte da receita da BHP Billiton e da Rio Tinto Group, avançaram mais de 80 por cento.

A Glencore se beneficiou com a disparada do preço do carvão. No mercado de coque, liderado pela BHP, a alta foi de quase 300 por cento.

Tudo isso representa boas e más notícias para os investidores do setor de mineração. Com a recuperação dos preços das commodities, as ações das mineradoras também se recuperaram.

No grupo que inclui as quatro grandes mineradoras com ações negociadas no Reino Unido e a Vale, somente Glencore e BHP têm papéis (um pouco) abaixo das cotações observadas no início de 2015.

A má notícia para quem espera renda com dividendos é praticamente a mesma: os acionistas já estão sendo generosamente recompensados com ganhos de capital.

Outro ponto importante é que a ressaca que vem após os preços das commodities desabarem pode ser surpreendentemente demorada.

Os lucros das empresas não se beneficiam automaticamente da alta de preços.

A Glencore, por exemplo, realizou a venda a termo de 15 milhões de toneladas de carvão no primeiro semestre de 2016, quando os preços estavam baixos, e, portanto, perdeu a disparada subsequente dos preços.

Dívidas podem durar mais que qualquer ressaca. A montanha de empréstimos acumulada durante o período de avanço dos preços está sendo desbastada lentamente.

E até virar um montinho, os acionistas não devem esperar os dividendos aos quais se acostumaram na década passada.

A política de dividendos de uma companhia é uma espécie de contrato com o futuro. A capacidade dos administradores de atingir suas metas de pagamento é um indicador útil da credibilidade deles.

Poucos executivos do setor acreditam que haverá na próxima década um movimento de alta de preços como se viu na década passada.

Os dividendos das mineradoras voltarão, mas não na magnitude do passado. O futuro está incerto demais para apostas.

Esta coluna não necessariamente reflete a opinião do conselho editorial da Bloomberg LP e seus proprietários.

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