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Mês mais temido por Wall Street chega com inflação, juros e payroll na mira

O índice S&P 500 acumula alta de 9,8% no ano e será posto à prova em setembro, o período mais difícil para a bolsa de Nova York

Wall Street: investidores se preparam para dados de emprego, inflação e decisão do Fed (Bloomberg Creative/Getty Images)

Wall Street: investidores se preparam para dados de emprego, inflação e decisão do Fed (Bloomberg Creative/Getty Images)

Publicado em 1 de setembro de 2025 às 06h53.

O mercado acionário dos Estados Unidos caminha para semanas decisivas que podem determinar se o rali atual terá fôlego ou se perderá força. Nos próximos 14 pregões, investidores vão acompanhar relatórios de emprego, a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) e a decisão de juros do Federal Reserve (Fed).

O pano de fundo é o índice S&P 500, que acumula alta de 9,8% em 2025, após atingir nova máxima de 6.501,58 pontos em 28 de agosto, segundo informações da Bloomberg. 

Desde a mínima de 8 de abril, o índice já saltou 30%. Apesar disso, o ganho de agosto foi o menor desde julho de 2024. Historicamente, setembro é o mês mais fraco para as bolsas americanas, com queda média de 0,7% nas últimas três décadas.

A volatilidade quase desapareceu. O índice VIX, principal termômetro de medo de Wall Street, superou o nível de 20 apenas uma vez desde junho. O S&P 500 está há 91 sessões sem uma queda de 2% — maior sequência desde julho de 2024. A tranquilidade tem levantado alertas, com hedge funds e investidores institucionais ampliando apostas contra o VIX no ritmo mais intenso em três anos.

Agenda cheia

O primeiro grande teste será a publicação do relatório de emprego de agosto, nesta sexta-feira. Economistas ouvidos pela Bloomberg projetam criação de 75 mil vagas.

O tema ganhou destaque depois que o Departamento de Estatísticas Trabalhistas (BLS, na sigla em inglês) revisou para baixo em quase 260 mil postos os números de maio e junho, o que levou o presidente Donald Trump a demitir a chefe da agência e acusá-la de manipular dados por motivos políticos.

No dia 9 de setembro, o BLS divulgará sua revisão anual da pesquisa de estabelecimentos. Dois dias depois, será divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI) de agosto.

Já em 17 de setembro, o Fed anunciará sua decisão de política monetária e as novas projeções de juros, seguida de coletiva do presidente Jerome Powell.

Em 19 de setembro, ocorre o chamado “triple witching”, quando vencem simultaneamente contratos de opções sobre ações, opções sobre índices e futuros de índices. Esse acúmulo de vencimentos costuma aumentar a liquidez e, ao mesmo tempo, provocar maior volatilidade nos mercados.

Fundamentos e avaliações

O rali das ações também encontra apoio em fundamentos. A economia dos EUA mostrou resiliência frente às tarifas de Trump e os resultados corporativos seguem sólidos. A pesquisa mais recente do Bank of America aponta o nível de caixa dos fundos globais em 3,9%, próximo das mínimas históricas.

Ainda assim, a valorização do mercado preocupa. O S&P 500 negocia a 22 vezes o lucro projetado para os próximos 12 meses, patamar superado apenas no auge da bolha da internet e durante a euforia tecnológica em 2020, na pandemia.

Alguns analistas permanecem otimistas, mas cautelosos, segundo a Bloomberg. Enquanto parte dos investidores prefere esperar por correções para reforçar posições em grandes empresas de tecnologia, outros avaliam que cortes de juros podem não vir em setembro caso a inflação siga pressionada.

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