Pesquisas indicam que a maioria dos gregos é contra as medidas de austeridade, e um "não" poderia resultar num default desordenado (Milos Bicanski/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2011 às 12h54.
São Paulo - O mês começou com um tom negativo nos principais mercados financeiros globais nesta terça-feira, depois que o anúncio de um referendo na Grécia para decidir se o país aceitará o pacote de resgate da União Europeia (UE) intensificou dúvidas sobre a solução para a crise de dívida na zona do euro.
Os mercados, no entanto, reduziam parte das perdas depois da notícia de que a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, vão discutir com Atenas, com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e com outros sócios europeus em Cannes na quarta-feira, antes de uma cúpula do G20, para defender que o novo acordo de ajuda a Grécia é mais necessário do que nunca após as decisões da semana passada em uma cúpula da União Europeia (UE). [ID:nE5E7L405J] O primeiro-ministro grego, George Papandreou, afirmou no final da segunda-feira que vai submeter à vontade popular o plano de empréstimos de 130 bilhões de euros da UE ao país e uma proposta de um "desconto" de 50 por cento nos títulos gregos detidos por credores privados. Tal referendo não deve ocorrer até o início de 2012.
Pesquisas indicam que a maioria dos gregos é contra as medidas de austeridade, e um "não" poderia resultar num default desordenado e minar os esforços de líderes europeus para impedir que a crise de dívida do bloco evolua para uma crise financeira global.
Houve reação também dentro da Grécia, com parlamentares da própria base governista defendendo eleições antecipadas.
A apreensão de investidores também era alimentada por fracos números industriais na China, que acendiam preocupações de que a segunda maior economia do mundo esteja sofrendo uma desaceleração econômica mais rápida que a desejada, o que poderia ter desdobramentos negativos sobre a economia global.
As commodities tinham baixa generalizada, uma vez que Pequim é um dos maiores consumidores mundias de matérias-primas. As bolsas de valores em Nova York e São Paulo cediam em torno de 2 por cento, enquanto o mercado acionário europeu tinham forte baixa de 3,3 por cento.
A maior aversão a risco --o índice de volatilidade da CBOE disparava mais de 17 por cento-- alvejava o euro, que caía para perto da mínima em três semanas ante o dólar. A moeda norte-americana, por outro lado, valorizava-se globalmente, tendo no Brasil chegado a disparar mais de 3 por cento.
O quadro externo negativo derrubava os juros futuros negociados na BM&FBovespa, em meio à avaliação de que pode haver espaço para novas quedas na Selic. Essa percepção era reforçado por números mostrando que a produção industrial brasileira recuou 2 por cento em setembro, pior leitura desde abril.
Veja a variação dos principais mercados às 13h28 desta terça-feira:
CÂMBIO - O dólar era cotado a 1,7410 real, em queda de 2,31 por cento frente ao fechamento anterior.
BOVESPA - O Ibovespa cedia 2,33 por cento, para 56.978 pontos. O volume financeiro na bolsa era de 2,72 bilhões de reais.
ADRs BRASILEIROS - O índice dos principais ADRs brasileiros caía 2,93 por cento, a 30.368 pontos.
JUROS - O DI janeiro de 2013 apontava 10,240 por cento ao ano, ante 10,290 por cento no ajuste anterior.
EURO - A moeda comum europeia era cotada a 1,3657 dólar, ante 1,3856 dólar no fechamento anterior nas operações norte-americanas.
GLOBAL - 40 O título de referência dos mercados emergentes, o Global 40, subia a 132,313 por cento do valor de face, oferecendo rendimento de 2,079 por cento ao ano.
RISCO-PAÍS - O risco Brasil subia 11 pontos, para 233 pontos-básicos. O EMBI+ ganhava 15 pontos, a 367 pontos-básicos.
BOLSAS DOS EUA - O índice Dow Jones caía 1,95por cento, a 11.722 pontos; o S&P 500 perdia 2,23 por cento, a 1.225 pontos, e o Nasdaq cedia 2,23 por cento, a 2.624 pontos.
PETRÓLEO - Na Nymex, o contrato de petróleo de vencimento mais próximo recuava 2,64 dólar, ou 2,84 por cento, a 90,54 dólares por barril.
TREASURIES DE 10 ANOS - O preço dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos, referência do mercado, subia, oferecendo rendimento de 1,9872 por cento ante 2,116 por cento no fechamento anterior.