Redatora na Exame
Publicado em 5 de fevereiro de 2025 às 06h47.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2025 às 07h09.
Até a manhã desta quarta-feira, 5, os mercados parecem ter recebido com ceticismo a declaração do presidente Donald Trump de que os Estados Unidos deveriam assumir o controle da Faixa de Gaza e transformá-la em uma “Riviera do Oriente Médio”. Os preços do petróleo não tiveram nenhuma grande alteração.
Trump se pronunciou sobre Gaza ao lado do premiê israelense Benjamin Netanyahu, seu primeiro convidado internacional neste segundo mandato.
O presidente defendeu a ideia de que a população palestina deveria ser realocada em outros países da região. “As pessoas que vivem lá agora poderão viver em paz, em uma situação muito melhor, porque estão vivendo no inferno”, disse.
A agência Reuters informa que a proposta de Trump é bastante parecida com uma ideia de seu genro, Jared Kushner, que defendeu no ano passado que as propriedades à beira-mar em Gaza poderiam ser muito valiosas.
"Os comentários de Trump sobre Gaza e uma possível ocupação militar dos EUA não estão sendo levados a sério pelos investidores. Eles podem ter implicações para um acordo de paz mais amplo, mas também podem reduzir a importância atribuída a outras declarações – como as relacionadas a tarifas, por exemplo", disse Paul Donovan, economista-chefe do UBS Global Wealth Management, em entrevista à Reuters.
Os preços do petróleo foram pressionados pelas tarifas da China sobre importações de petróleo dos EUA, o que neutralizou um possível impacto dos relatos de que Trump retomou sua campanha de contra o Irã. O Brent caiu 0,7%, para US$ 75,67 por barril, enquanto o petróleo dos EUA recuou 0,65%, para US$ 72,23.
Na Ásia, os mercados tiveram um desempenho misto nesta quarta-feira, 5. Investidores estão mais tranquilos ao perceber que a China foi contida nas suas medidas de retaliação contra as tarifas impostas por Trump. Segundo o JPMorgan, as novas tarifas chinesas se aplicam a produtos que representaram, no ano passado, apenas US$ 14 bilhões em importações.
O índice Kospi, da Coreia do Sul, subiu mais de 1%, enquanto o Nikkei 225, do Japão, avançou 0,1%. Já o CSI 300, da China, caiu cerca de 0,6% após o feriado do Ano-Novo Lunar.
Pequim estabeleceu uma taxa de câmbio fixa de 7,1693 yuans por dólar, o que tranquilizou investidores temerosos de que o país pudesse permitir uma desvalorização acentuada da moeda local para compensar o impacto das tarifas americanas.
De acordo com informações da Reuters, o dólar subiu 0,5% em relação ao yuan no mercado onshore e alcançou o nível praticado no mercado offshore. Ainda assim, está bem abaixo da máxima recorde de segunda-feira, de 7,3765.
No Japão, o dólar caiu quase 1% em relação ao iene. A valorização da moeda japonesa acontece em meio a expectativas de mais aperto monetário pelo Banco do Japão ainda em 2025, após a divulgação de dados positivos sobre salários.
Na Europa, o futuro das ações operam em leve queda em meio a declarações de Trump de que a União Europeia é um de seus alvos para a imposição de novas tarifas alfandegárias.
As atenções do mercado europeu estão voltadas para a publicação de resultados. A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, teve alta de 4% em suas ações após superar as expectativas dos analistas para o quarto trimestre. Com isso, o índice STOXX 600 se manteve relativamente estável.
Nos Estados Unidos, os futuros do índice S&P 500 recuaram 0,4%, enquanto os da Nasdaq caíram 0,5% em reação ao balanço da Alphabet, controladora do Google.
A empresa de tecnologia divulgou resultados abaixo das expectativas do mercado. No pré-mercado, as ações da companhia caíram cerca de 8% — o que diminui seu valor em US$ 192 bilhões.
Nesta quarta-feira, empresas como Uber, Ford, Qualcomm e Walt Disney irão publicar seus resultados.