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Mercados podem devolver euforia com Lava Jato

Apesar das especulações políticas que impulsionaram a Bolsa e derrubaram o dólar na semana, fundamentos econômicos continuam inspirando cautela


	Sede da Bovespa em SP: Bolsa pode ter correção após disparada
 (BM&FBovespa/Divulgação)

Sede da Bovespa em SP: Bolsa pode ter correção após disparada (BM&FBovespa/Divulgação)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 7 de março de 2016 às 09h12.

São Paulo - Esta foi uma semana atípica no mercado brasileiro. O Ibovespa deslanchou 18%, na melhor semana desde outubro 2008, e o dólar caiu 5,93%, na maior queda semanal também desde outubro de 2008.

Os desempenhos foram influenciados pela nova fase da operação Lava Jato na sexta-feira (4), que teve como um dos alvos o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e pela suposta delação do senador Delcídio Amaral, publicada pela revista IstoÉ na quinta (3).

No meio da euforia, economistas e analistas consultados por EXAME.com sugeriram cautela e disseram que é possível haver uma correção nos próximos dias. 

No geral, a avaliação é de que o sopro de otimismo foi pautado apenas em especulações. Segundo eles, o mercado entendeu que um enfraquecimento do PT diante dos escândalos da Lava Jato elevaria a chance de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

O cenário econômico, no entanto, não mudou. A economia segue afundando e a inflação continua alta, com aumento do desemprego. Este cenário, disseram os analistas,  justifica tendência de baixa da Bolsa e alta do dólar.

"Se de um lado o Brasil 'está barato' sob vários critérios, por outro lado, muito mais importante que uma eventual saída de Dilma, seria quem iria assumir, e se for a própria Dilma numa eventual desfiliação, em quais condições", avaliou André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos

"A única chance de mantermos certo ajuste fiscal em 2016 é com a permanência de Dilma. Um eventual governo do PMDB teria dificuldades de manter o aperto em pleno ano eleitoral e se o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] chamar novas eleições teríamos paralisia do Executivo", completou.

A equipe de análise da Guide Investimentos ressaltou que, mesmo se houvesse um eventual impeachment da presidente, esse processo demoraria alguns meses para ser concluído e, neste período, os mercados continuariam com alto nível de instabilidade.

"A probabilidade de Michel Temer se tornar presidente também tem aumentado, em nossa opinião. O impeachment da presidente Dilma viria via Congresso, ou até uma carta de demissão, e não via TSE, algo que também afetaria o vice-presidente da República", disse em relatório. 

Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais, espera por realizações (quando investidores vendem papéis para embolsar lucros) de curto prazo nos mercados. 

"De qualquer forma, o quadro é positivo para os mercados de risco, mas ainda dentro de um cenário de larga fragilidade econômica e política. Do lado das empresas, devemos considerar que os resultados serão fracos nos próximos trimestres, o que altera preços relativos", afirmou.

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