Bolsa de Madri: um discurso mais ameno foi o tom adotado pelos investidores na sessão desta sexta-feira na Europa (Cristina Quicler/AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2014 às 15h37.
São Paulo - A cautela, mais uma vez, foi a palavra da sessão desta sexta-feira, 17, nos mercados da Europa. As bolsas operaram no terreno negativo de manhã, pressionadas pelos receios dos investidores sobre a recuperação da economia dos Estados Unidos e o resultado financeiro de algumas companhias com operações internacionais.
À tarde, com o bom resultado da produção industrial dos EUA, os mercados ganharam força e fecharam em terreno positivo. Na semana, todos os principais índices da região acumularam fortes ganhos. O índice Stoxx Euro 600 terminou o dia em alta de 0,6%, aos 335,82 pontos, o nível mais alto desde de janeiro de 2008. No acumulado semanal, o índice subiu 1,8%.
Um discurso mais ameno foi o tom adotado pelos investidores na sessão desta sexta-feira na Europa, que só começaram um rali mais acentuado após a divulgação da agenda de indicadores norte-americanos. Balanços corporativos com números abaixo do esperado pelo mercado financeiro também influenciaram para a volatilidade de manhã.
Citigroup, American Express e Intel registraram números abaixo das previsões iniciais nesta semana. Nesta sexta-feira, foram divulgados os resultados da General Eletric (GE), que teve lucro de US$ 4,2 bilhões no quarto trimestre de 2013, e do Morgan Stanley, que teve um recuo de US$ 181 milhões no lucro.
"Certamente, números como os da American Express e Intel geram efeito negativo no mercado. A Intel, por exemplo, relatou a oitava queda seguida dos ganhos. Quem esperava que os balanços fossem bater, sistematicamente, as previsões teve de baixar as expectativas e está moderadamente decepcionado", diz o analista da corretora IG Markets Chris Weston.
A produção industrial americana avançou 0,3% em dezembro na comparação com novembro, em termos sazonalmente ajustados, de acordo com dados do Federal Reserve (Fed, o banco central do país). A alta ficou em linha com a expectativa dos economistas. Em todo 2013, a produção industrial avançou 3,7% ante 2012. O resultado impulsionou as bolsas do Velho Continente para começar a operar numa tendência positiva à tarde.
Além da produção da indústria, a manhã também contou com dados positivos de moradia nos EUA e balanços divergentes de empresas norte-americanas, como a GE e o Morgan Stanley, o que elevou a incerteza nos mercados. O Departamento do Comércio anunciou que as construções de moradias iniciadas no país em dezembro caíram 9,8% ante novembro, para a taxa anual sazonalmente ajustada de 999 mil. A previsão era de uma queda maior, de 10,6%, a 975 mil.
Da Europa, a agenda de indicadores foi fraca, apenas com a divulgação das vendas no varejo do Reino Unido, que subiram 2,6% em dezembro ante novembro e 5,3% na comparação anual.
Analistas previam alta mensal de 0,2% e ganho anual de 2,5%. Em Portugal, a boa notícia foi que a agência de classificação de riscos Standard & Poor's (S&P) manteve o rating (nota) do país em "BB". Segundo a S&P, a decisão foi tomada porque há a expectativa de que o país alcance a meta de um déficit fiscal de 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013.
O economista-chefe da RBC Capital Market, James Ashley, disse que os mercados podem ter ganhos maiores com as perspectivas positivas para a economia global. "O ano passado foi uma transição e 2014 será um ano de estabilização. Para a zona do euro, nós esperamos um crescimento de cerca de 1%. Não significa um forte avanço, mas é mais forte do que em anos anteriores e pode ajudar os mercados positivamente", disse.
O destaque da semana entre as principais bolsas da zona do euro foi Frankfurt, que fechou com alta semana de 2,85%. Na sessão desta sexta, o índice DAX teve ganhos de 0,26%, aos 9.742,96 pontos. A Lanxess liderou os ganhos de hoje, com alta de 2,9%. A ThyssenKrupp avançou 2,4% depois que a companhia fez as previsões de lucro para 2014 e afirmou que pretende retomar o pagamento de dividendos no futuro.
No Reino Unido, o destaque foi as ações das mineradoras, que ainda reagiram à recomendação do Citigroup para o setor, que passou de "neutra" para "altista" (bullish) pela primeira vez em três anos.
A Total beneficiou-se do momento com as ações em alta de 0,9%, assim como a Rio Tinto, com 1,5%, e a BHP Billiton, com subida de 1,6%. Já a Royal Dutch Shell caiu 1,2% depois que a companhia alertou que o lucro para o quarto trimestre deve ficar abaixo do esperado. A Bolsa de Londres avançou 0,20%, aos 6.829,30 pontos, com ganhos de 1,33% na semana.
Na Itália, o índice FTSEMIB fechou em alta de 0,47%, aos 19.969,3 pontos. Na semana, a Bolsa de Milão subiu 2,05%. No mercado corporativo, os destaques foram a Fiat, que subiu 3,6%, a Saipem, que avançou 3,5%, e a World Duty Free, com ganhos de 3,2%. No terreno negativo, estiveram a STMicroeletronics, Unicredit e Yook, com quedas de 2,3%, 0,9% e 0,8%, respectivamente.
O índice CAC-40, de Paris, encerrou com ganhos de 0,2%, aos 4.327,50 pontos e avançou 1,81% no fechamento da semana. As ações da Renault impulsionaram a bolsa e subiram 2,9% depois que a companhia registrou em dezembro uma venda maior de veículos.
A GDF Suez avançou 2% depois que o Credit Suisse adicionou os papéis da empresa na lista de compra. Depois da afirmação do rating soberano de Portugal, a Bolsa de Lisboa subiu 0,28%, aos 7.114,28 pontos. Na semana, a alta foi de 0,29%. Em Madri, o índice IBEX35 teve leve alta de 0,1%, aos 10.465,70 e avançou 1,7% no acumulado semanal.
Com informações da Dow Jones Newswires.