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Mercados comemoram reação de Aécio; volatilidade continuará

Votação expressiva em tucano no primeiro turno das eleições não significa que a recente volatilidade nas praças financeiras acabou


	Aécio Neves: Aécio sempre foi o preferido pelos mercados, já que o PSDB tem historicamente posição mais ortodoxa nas questões econômicas
 (Washington Alves/Reuters)

Aécio Neves: Aécio sempre foi o preferido pelos mercados, já que o PSDB tem historicamente posição mais ortodoxa nas questões econômicas (Washington Alves/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2014 às 08h49.

São Paulo - O resultado do primeiro turno das eleições deve fazer os mercados reagirem de maneira positiva no curto prazo, após o candidato Aécio Neves (PSDB) ter expressiva votação e, na avaliação de especialistas, chegar à segunda etapa da corrida pela Presidência em pé de igualdade com a presidente Dilma Rousseff (PT).

Mas isso não significa que a recente volatilidade nas praças financeiras acabou. Ao contrário, ela vai ditar o tom dos mercados pelo menos nas próximas três semanas, até o segundo turno das eleições definir quem comandará o país a partir de 2015.

"O primeiro movimento certamente vai ser de euforia, bastante acentuada porque muita gente havia montado posições baseando-se em vantagem maior da Dilma", afirmou o sócio-gestor da Queluz Asset Management, Luiz Monteiro, que vê cenário de mais volatilidade. "Mas depois o mercado vai começar a avaliar as probabilidades do segundo turno e devemos ver correção", acrescentou.

Nas últimas semanas, os mercados financeiros reagiram negativamente ao fortalecimento de Dilma nas pesquisas de intenção de voto que, ao mesmo tempo, indicavam perda de fôlego da candidata Marina Silva (PSB). Só em setembro, o dólar teve valorização de 9,33 por cento e, na semana passada, ultrapassou a barreira de 2,50 reais.

No mercado de DIs, o contrato para janeiro de 2021 --um dos mais líquidos-- está sendo negociados acima de 12 por cento. Já a Bovespa, no mês passado, viu seu principal índice acumular perda de 11,7 por cento, a maior queda mensal desde maio de 2012.

Na votação deste domingo, Dilma teve 41,6 por cento dos votos válidos, ou quase 43,3 milhões, enquanto o tucano ficou com 33,6 por cento, o equivalente a 34,9 milhões, acima do apontado pelas pesquisas. Somando os votos de Aécio aos 22,2 milhões (ou 21,3 por cento) depositados nas urnas para Marina, a oposição conseguiu larga vantagem sobre a presidente.

"Aécio se tornou um adversário muito difícil para a Dilma, ganhou musculatura e novo ânimo após retornar à disputa. O PSDB usará sua estrutura para levá-lo à vitória no segundo turno. Com Marina, seria mais fácil para Dilma... Hoje, as chances de vitoria de Dilma e Aécio são de 50 por cento para cada", afirmou o analista político independente, André César.

Dilma tem sido fortemente criticada pelo mercado financeiro pela condução da atual política econômica, sobretudo pela falta de transparência na administração das contas públicas.

Aécio sempre foi o preferido pelos mercados, já que o PSDB tem historicamente uma posição mais ortodoxa nas questões econômicas. Além disso, o candidato tucano já anunciou que o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga será seu ministro da Fazendo caso seja eleito no próximo dia 26.

Petrobras

As ações da Petrobras são umas das que mais sofrem com a cena política e vão continuar assim, bem como as de outras estatais. Para o diretor de gestão de recursos da corretora Ativa, Arnaldo Curvello, o papel preferencial da petrolífera, que recuou mais de 20 por cento em setembro enquanto Dilma firmava-se na liderança nas pesquisas e fechou a 18,35 reais na sexta-feira passada, deve aproximar-se de 24 reais se o tucano continuar ganhando terreno até o segundo turno.

Mas faz ressalvas: "O mercado vai continuar operando com base em pesquisas eleitorais, mas é bem frustrante imaginar que você não vai conseguir formar realmente posições de longo prazo, porque as pesquisas erraram".

Apesar da possibilidade de enfraquecimento do dólar nos próximos dias, este seria um comportamento de curto prazo.

"Pelos fundamentos, nós deveríamos ter um dólar mais forte. O patamar de 2,50 reais é mais realista que o patamar de 2,20 reais ou 2,30 reais", disse o economista-chefe do Banco J.

Safra, Carlos Kawall, que foi secretário do Tesouro Nacional no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Isso porque, acrescentou, há dados melhores da economia norte-americana e ainda fracos em outros lugares. A expectativa é de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, suba os juros em meados do próximo ano.

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